O período anda tão difícil, tanta coisa a ler e ver, que está difícil escrever. Mas não quero deixar de registrar o II Seminário Internacional de Pesquisa em Design (1), realizado pela pós da Universidade de Brasília (2), do qual tive enorme prazer de participar (3).

Foram dois dias intensos em que pude ver apresentações de pesquisas muito sérias, ser provocada à exaustão por professores e estudantes que trouxeram grandes e novas questões.

Entre elas a mesa da qual participaram Hugo Cristo, Julie de Araújo Pires e Tiago Barros (4); a fala instigante de Hadi Saba Ayon (5), a palestra de Marc Berdet (6), a apresentação do trabalho de Pamela Marques (7).

Pamela (minha jovem colega petropolitana!) discute criticamente a questão do “Do it yourself”, do Open design e dos Makers, trazendo bibliografia consistente e reflexão original. Curiosamente, dias antes conversei com Barão di Sarno no Prêmio MCB a esse respeito e propus que organizássemos um debate a respeito. Certamente, Pamela será protagonista dessa discussão, se um dia a realizarmos.

Fiquei muito impressionada com a consistência e a direção geral dessa pós, em que professorxs parecem mais comprometidxs com as questões que abraçam do que com seus currículos Lattes. Com a abertura para gente de fora, com a vivacidade das discussões, mérito, certamente, de Fátima Aparecida dos Santos e Daniela Fávaro Garrosini, diretora e coordenadora, respectivamente, do Instituto de Artes e da pós-graduação.

Discordo vivamente da perspectiva adotada por Rossella Maspoli da Universidade de Turim (8), que apresentou longo trabalho sobre as cidades criativas, sem mostrar suas fissuras e contradições, no melhor estilo “apresentação Unesco”. Mas foi bom termos tido oportunidade de discutir um pouco essa visão edulcorada em clima supercivilizado, que nos fez esquecer os horrores do Brasil atual.

Paralelamente ao seminário, o curso organizou duas mostras, uma sobre a Amazônia, outra sobre cadernos de desenho ativistas, explorando especificidades do design na realização da crítica social.

O seminário, certamente, honrou a memória da UnB, a perspectiva visionária de Darcy Ribeiro, que endossou, inclusive, a Escola do Fazer, montada por Zanine Caldas, mas esta já é outra história!

notas

1
II Seminário Internacional de Pesquisa em Design. Brasília, Espaço Cultural Renato Russo, 13 a 14 de novembro de 2018.

2
Programa de Pós Graduação em Design da Universidade de Brasília – PPG Design UnB, Instituto de Artes e do Departamento de Design da Universidade de Brasília.

3
Mesa 3 – A dimensão política do design, com Ethel Leon, Gabriel Lyra, Pamela Marques e Marx Lamare (mediador), 14 de novembro de 2018, das 11h às 12h30.

4
Mesa 1 – A transversalidade no Design: criação de mundos possíveis, com Hugo Cristo, Julie de Araújo Pires, Tiago Barros e Ana Mansur (mediadora), 13 de novembro de 2018, das 14h30 às 16h.

5
Mesa 2 – Design, construção de subjetividade e organização social, com Marisa Cobbe Maass, Daniela Fávaro Garrossini, Hadi Saba Ayon e Fatima Aparecida dos Santos (mediadora), 14 de novembro de 2018, das 0h às 10h30.

6
Marc Berdet fez a conferência de encerramento, no dia 14 de novembro de 2018, às 16h.

7
A apresentação de Pamela Marques ocorreu na Mesa 3 – A dimensão política do design.

8
Rossella Maspoli fez a conferência de abertura “Turim cidade criativa do design”, no dia 13 de novembro de 2018, às 10h.

sobre a autora

Ethel Leon é jornalista, pesquisadora, professora na área de história do design brasileiro e autora dos livros Memórias do design brasileiro, IAC – Primeira Escola de Design do Brasil, Michel Arnoult, design e utopia – móveis em série para todos e Design brasileiro – quem fez, quem faz.