Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

drops ISSN 2175-6716

abstracts

português
Yuri Quevedo, curador da Pinacoteca de São Paulo, comenta a exposição de Marcia Pastore na galeria Usina Luis Maluf.

english
Yuri Quevedo, curator at the Pinacoteca de São Paulo, comments on Marcia Pastore's exhibition at the Usina Luis Maluf gallery.

español
Yuri Quevedo, curador de la Pinacoteca de São Paulo, comenta sobre la exposición de Marcia Pastore en la galería Usina Luis Maluf.

how to quote

QUEVEDO, Yuri. Como produzir tensão. Nova exposição de Marcia Pastore. Drops, São Paulo, ano 24, n. 192.03, Vitruvius, set. 2023 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/drops/24.192/8914>.



A massa deformada agarra o gesto das mãos. A geometria do edifício é testada por pesos. O corpo imprime seu vazio sobre a matéria. Os vazios se solidificam. Como produzir tensão, é o título da nova exposição de Marcia Pastore. “Como” — termo em evidência — carrega a indagação central na trajetória da artista; pista para sua compreensão. É sobre os procedimentos que ela reflete. Portanto, seu trabalho pede uma ponderação a respeito das ações e a escolha dos verbos adequados para descrevê-lo. Assim, a exposição é um conjunto que intervém na linguagem, nos incentivando a usá-la para definir o que vemos, o modo como as operações são desencadeadas e, a partir disso, entender o mecanismo posto em funcionamento. Isso tudo pode parecer muito difícil, mas requer o mínimo: estar frente a frente com o trabalho e perceber como ele acontece.

Marcia Pastore, nascida em São Paulo, pertence a uma geração de artistas do Brasil que, a partir dos anos 1990, se dedicou a produzir obras que tensionam a experiência da vida até seu espessamento, ampliando assim nossa zona de atrito com o cotidiano. Dentre elas, o trabalho de Marcia se destaca por considerar seu próprio corpo como escala sem, no entanto, entendê-lo enquanto regra universal. É um instrumento de aferição particular, que verifica o mundo sem planificá-lo ou advogar por uma experiência comum. Para isso, lida constantemente com a impossibilidade de refazer a realidade a partir do que apreendeu dela — deixando evidentes os vãos, as lacunas e o vazio que sobram entre a arte e aquilo a que ela se refere. São essas frestas que ganham matéria no trabalho da artista.

O conjunto disposto na galeria mostra como Marcia faz isso, e então ganha interesse na variedade dos procedimentos revelando seu compromisso ético de entender e se relacionar com o contexto em que trabalha, sem impor sua presença de forma autoritária. Assim, é possível perceber dois vetores de sua pesquisa: aquele que investe na direção do espaço procurando conhecê-lo a partir do trabalho. E aquele que se volta para o corpo como experiência do mundo.

Sobre o espaço: Marcia entende sua estrutura ao dispor cintas conforme a geometria das tesouras de madeira que sustentam o teto. Geometria que deforma, ao fazer pesar sobre ela cilindros encontrados em ferro velho. O mesmo desenho é investigado em trabalhos de linha e agulhas que são atraídas por pontos imantados. Nenhuma dessas operações descreve ou explica o espaço — ao contrário, testam e tensionam seu funcionamento como em um diálogo feito de argumentos, não de sínteses.

Sobre o corpo: o mecanismo das frestas e o conjunto de gestos amassados são indícios, rastros de movimento. O corpo, no trabalho de Marcia, é uma técnica de enfrentamento. Da experiência de reconhecê-lo, marcá-lo e registrar seu desenvolvimento pelo espaço resultam elementos sólidos. Elementos que não figuram nem representam um corpo, mas são produtos da relação. O que interessa a artista é isso: reter e materializar essas relações, justamente por entender que é nessa negociação — fugidia e constante — que podemos estabelecer um jeito ocupar o espaço, um modo de estar.

De tudo que está exposto, o vídeo é mais recente. Nele, as pernas de Marcia estão envolvidas por fios que são tensionados pelo simples movimento de abrir e fechar. Aqui a novidade é o corpo aparecer como matéria do trabalho, onde incide o gesto que pode transformá-lo. Há um caminho que se abre a partir dessa proposta. Um caminho novo que submete o corpo a lógica desse trabalho de anos; o corpo como resultado das relações que o constituem, um corpo feito de negociações, um corpo disposto a ser tensionado pela experiência. Marcia Pastore: como produzir tensão.

sobre o autor

Yuri Quevedo é curador da Pinacoteca de São Paulo e professor de História da Arte na Escola da Cidade. Formou-se em Arquitetura e Urbanismo na mesma instituição, e é mestre em História da Arte pela FAU USP.

Marcia Pastore, Como produzir tensão. Curadoria Ana Carolina Ralston. Exposição na Usina Luis Maluf. De 28 ago. 2023 a 30 set. 2023
Foto Tatiana Mito

 

comments

192.03 crítica
abstracts
how to quote

languages

original: português

share

192

192.01 literatura

Alceu cobrador

Homens provisórios 10

Luís Antônio Jorge

192.02 crítica

Brutalismo revalidado

Restauro do edifício da Municipalidad de Córdoba, Argentina

Roberto Ghione

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided