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interview ISSN 2175-6708

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Nesta entrevista feita por Ana Rosa de Oliveira, o arquiteto e paisagista Roberto Burle Marx conta um pouco da sua trajetória e comenta seu trabalho

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OLIVEIRA, Ana Rosa de. Roberto Burle Marx e o jardim moderno brasileiro. Entrevista, São Paulo, ano 02, n. 006.01, Vitruvius, abr. 2001 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/02.006/3346>.


Burle Marx trabalhando em seu ateliê durante a entrevista em 1992
Foto Ana Rosa de Oliveira

Sabe-se que os acontecimentos do jardim moderno não podem ser desvinculados das descobertas visuais e formais que se manifestaram na pintura, arquitetura, música e cinema a princípio deste século. Os traços essenciais da nova arte "radicam na substituição do mimetismo pelo empenho construtivo enquanto critério geral da produção artística e na instauração de uma idéia autônoma da forma controlada pela sua legalidade específica, diferente e irredutível a qualquer critério externo". Trata-se de um modo distinto de entender as relações entre arte e realidade que foi decisivo para a arquitetura e também para o jardim a partir primeira metade do século XX.

Comparado com a arquitetura o jardim moderno está livre de ser visto como um estilo que toma do cubismo o gosto pelos corpos puros e da tecnologia a idéia de racionalidade associada à produção e à máquina. Nesse sentido, o estudo do paisagismo como forma de atualização dos critérios de construção da forma que a vanguarda inaugurou é um bom propósito para percorrer os caminhos da modernidade autêntica.

Houve no entanto, aqueles que consideraram que "como os materiais naturais da paisagem e as necessidade humanas básicas seguiam sendo os mesmos, falar de modernidade no jardim constituía uma discussão estéril". Uma árvore era uma árvore e sempre seria uma árvore, era portanto, impossível ter um desenho moderno da paisagem.

As árvores de concreto de Rob Mallet Stevens para a Exposição de Artes Decorativas de 1925 em Paris, constituem portanto, uma alusão irônica à possibilidade de conceber formas novas a partir de materiais "eternos".

Nesse contexto a obra paisagística de Burle Marx evidencia uma tensão histórica. Ele acreditava que era insuficiente seguir baseando a construção formal do jardim na legalidade genérica que dava a tradição clássica ou a natureza.

Ele também acreditava que podia aportar algo novo. E, à maneira de um pintor de naturezas mortas que quisesse pintar diferente, deve ter se perguntado muitas vezes: de que modo pinto outra coisa que não seja natureza?

A importância fundamental de Roberto Burle Marx reside nesse fato. De que ele, pela sua dedicação continuada ao projeto, acabou contribuindo para a extensão da forma moderna a âmbitos nos quais a presença da natureza poderia supor uma barreira insuperável à ação de uma ordenação abstrata. Assim a legalidade da sua obra é dada pela sua vontade de forma. Nesse sentido seu jardim não expressa sua época, nem seu contexto mas os antecipa e transcende; pois ser abstrato quer dizer ser universal.

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