Ana Rosa de Oliveira: O Sr. poderia mencionar alguns dos seus projetos paisagísticos que considera importantes?
Roberto Burle Marx: Acho muito importantes os meus trabalhos associados à cidade. O paisagista está sempre subordinado ao urbanista. Sem compreender as necessidades de uma cidade e, principalmente sem compreender as funções das áreas verdes, o paisagista não poderá realizar jardins. No projeto do Parque do Ibirapuera, realizei muitas experiências plásticas com pavimentos e vegetação. O Aterro do Flamengo foi uma experiência com plantas resistentes à salinidade, ao vento. Acredito que sem técnica não se chega a um bom resultado. Uma flor por exemplo, tem uma simetria, obedece a certos princípios como a cristalização. O mesmo ocorre com os jardins. O jardim é uma natureza organizada pelo homem e para o homem. Disciplina muitas vezes ajuda a chegar a um resultado.
Na realidade, artista é aquele que consegue expressar-se com inteligência. Por outro lado, para mim a arte é uma necessidade de encontrar um auto-equilíbrio. Existe no entanto, um lado da arte que é tão imponderável quanto a vida. Se pudéssemos explicar a razão de porque temos necessidade de perpetuarmo-nos, de porque vivemos...