Entrevista com Alan Colquhoun
Roberto Conduru
Alan Colquhoun começou a atuar como crítico no início da década de 1960, escrevendo textos que logo se destacaram no debate arquitetônico. Desde então, já publicou ensaios em Oppositions, Architectural Design, L’Architecture d’Aujourd’hui e Casabella, entre outros periódicos, livros e coletâneas, e os livros Arquitectura moderna y cambio histórico: ensayos 1962-1976 (Barcelona: Gustavo Gili, 1978), Essays in architectural criticism: modern architecture and historical change (Cambridge: The MIT Press, 1981), pelo qual ganhou o Architectural Critics Awards em 1985, Modernity and the classical tradition: architectural essays 1980-1987 (Cambridge: The MIT Press, 1989), que já foi traduzido para o francês e o espanhol, e Modern Architecture (Oxford: Oxford University Press, 2002).
Colquhoun esteve no Brasil em outubro de 1992, a convite do Núcleo de Pesquisa e Documentação da FAU/UFRJ, por iniciativa de Jorge Czajkowski, para ministrar um seminário sobre o pós-modernismo para especialistas e proferir uma palestra sobre o conceito de regionalismo para um público mais amplo, ocasião em que também visitou Brasília.
Recentemente a Editora Cosac & Naify publicou a versão em português de seu livro mais famoso: Modernidade e tradição clássica: ensaios sobre arquitetura 1980-87. Estes ensaios, escritos esparsamente entre 1980 e 87, foram agrupados pelo autor em três conjuntos que dão forma à discussão indicada no título: a presença fundadora da tradição clássica na modernidade arquitetônica – incluindo, é bom que se diga, todas as correntes do modernismo e a tentativa de sua superação, o pós-modernismo.
O interesse da obra está em iluminar conceitos filosóficos e históricos complexos, constitutivos da modernidade a partir do século XV, e relacioná-los com a prática e a crítica da arquitetura dos últimos duzentos anos. Roberto Conduru, no prefácio da edição brasileira, ressalta a atualidade dos textos:
"Dado o tom crítico e a visada histórica, além das vinculações de longo alcance no tempo, os ensaios indicam a tradição em que as posições do presente estão imersas e constituem um quadro de referências que ajuda a perceber a configuração contemporânea das vertentes do campo arquitetônico".
O próprio Alan Colquhoun indica essa intenção ao afirmar que os ensaios iniciais do livro examinam “alguns dos conceitos que dominaram o discurso arquitetônico durante as duas últimas décadas [1967-87] e ainda constituem, em grande parte, a estrutura conceitual na qual pensamos arquitetura”.