Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

interview ISSN 2175-6708

abstracts

português
O arquiteto espanhol Willy Muller, do Grupo Metápolis de Barcelona, comenta sua trajetória pessoal e seu interesse pelo Brasil

english
The Spanish architect Willy Muller, from the Group Metapolis Barcelona, comments on his personal background and his interest for Brazil

español
El arquitecto español Willy Muller, del Grupo Metápolis de Barcelona, comenta su trayectoria personal y su interés por Brasil

how to quote

PASQUINELLI, Eduardo. Willy Muller. Entrevista, São Paulo, ano 05, n. 020.01, Vitruvius, out. 2004 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/05.020/3323>.


Centro de Vitória, montagem fotográfica do arquiteto Willy Muller

Eduardo Pasquinelli: Nesse processo de pensar a arquitetura e o território, como você vê o papel do arquiteto em um país como o Brasil?

Willy Müller: Essa é uma das perguntas-chave para saber se os arquitetos brasileiros terão a oportunidade de participar do intenso processo de transformação da sociedade e dos seus modos de viver. Estou consciente de que esse é um debate complexo, já que, no Brasil, os arquitetos e engenheiros fazem parte do mesmo campo profissional, de forma diferente do que ocorre na Europa, onde os colégios de arquitetos são instrumentos de forte poder corporativo e a competência do engenheiro e do arquiteto estão claramente definidas. Sou um dos que pensam que essa pode ser uma diferença a favor de uma compreensão global da arquitetura e engenharia. Porém, pelo que observo no Brasil, essa realidade está muito longe do ideal. Para mim, será necessário estabelecer as regras do jogo, nas quais o arquiteto possa voltar a fazer parte do elenco de atores que participam do processo de pensar as cidades e territórios, e não mais como último a ser lembrado, sempre para agregar beleza, na melhor das situações, ou solucionar o caos, no pior dos casos. Isso talvez seja uma conseqüência de vários fatores, entre os quais um dos fundamentais pontua a própria atuação dos arquitetos, que devem assumir uma maior responsabilidade no seu trabalho profissional, o compromisso com a sociedade, deixando de lado essa imagem de arquiteto “ilustre”, um quase-artista. Quem sabe, então, liberado desse modelo, surja de novo uma visão transformadora, humanista e ilustre, mas inteligente e participativa, com todos os demais agentes que participam da construção de uma sociedade: políticos, filósofos, geógrafos, biólogos, pessoas, enfim.

EP: A imagem do arquiteto espelhada nos moldes modernos e na própria imagem de Oscar Niemeyer seria um equívoco?

WM: Esse é outro dos grandes debates que deveriam começar num país como o Brasil. É interessante perceber como esse debate, que deveria estar centrado nas idéias e nos modelos, e não nas pessoas, começa a ser um mal-entendido e está impossibilitando a várias gerações pós-Niemeyer, a abrir completamente seu repertório de idéias, absolutamente necessário para a vitalidade arquitetônica desse grande país que é o Brasil. Creio que os jovens arquitetos brasileiros deveriam assumir a responsabilidade de decidir quais são suas referências e idéias, analisar, sim, a enorme herança de Niemeyer, o melhor arquiteto das Américas, depois de Wright, em uma base sólida e de permanente reflexão. Niemeyer tem o seu lugar na história, e esse é o momento para que as novas gerações coloquem suas ambições, energias e criatividade para fazer avançar toda a sociedade.

EP: A elitização da Arquitetura e o corporativismo seriam os principais fatores do não reconhecimento da função do arquiteto perante a sociedade?

WM: Essa poderia ser uma explicação da exclusão do arquiteto do centro de decisões de uma sociedade avançada. O protótipo do arquiteto ilustre, tal como se definiu anteriormente, produto de uma educação elitista e auto-suficiente, já não tem mais influência na sociedade atual. Os problemas dessa sociedade são muito mais complexos e globais e ainda requerem vários atores com capacidade de negociar suas aspirações. Não quero dizer que os arquitetos tenham que ser mais especialistas, mas, sim, utilizar sua grande capacidade de visão global para resolver mais os problemas reais e menos os abstratos, mais gerais e menos particulares, pontuais e globais, ao mesmo tempo.

EP: O que o trouxe ao Brasil e, particularmente, ao Espírito Santo, nesse momento?

WM: Estamos trabalhando desde o início de 2004 em um projeto territorial de grande escala, o MG-ES, um Território Infraestrutural, que parte de um trabalho do filósofo Nelson Brissac, diretor de Arte da Faculdade de São Paulo, do Iaac, sob minha direção, da Faculdade de Arquitetura da Ufes, dirigida pelo arquiteto Kleber Frizzera, e da UFMG. Esse trabalho pretende dar subsídios para entender o que está ocorrendo numa faixa territorial de quase 1000 km, desde Belo Horizonte até Vitória, com todas as implicações locais e globais, simultaneamente, propondo novas estratégias para estimular o desenvolvimento, com o equilíbrio setorial ou introduzindo novos focos de interesses. Esse trabalho está sendo especialmente interessante para o Iaac, porque todos os agentes que estão operando nesse território têm-se mostrado atuantes e participativos na pesquisa, desde as prefeituras até os governos estaduais, desde os institutos de pesquisa, como Cedeplar, até as empresas privadas, como a Companhia Vale do Rio Doce, que está dando muito apoio ao projeto. O Iaac percorreu, com arquitetos e estudantes brasileiros, toda aquela região, participando de encontros com prefeitos e secretários, em palestras e reuniões para conhecer de perto os problemas de fato. Posteriormente, um grupo da Ufes e da UFMG, sob a coordenação de Nelson Brissac e Kleber Frizzera, viajou para Barcelona a fim de participar de um workshop no nosso Instituto. Também visitamos os Portos de Vitória e Tubarão. O Iaac participará da elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento, que será apresentado em julho de 2005, em São Paulo, Vitória e Belo Horizonte, a partir do qual daremos início ao desenvolvimento das propostas que tenham possibilidades de serem realizadas.

EP: as suas impressões sobre a cidade de Vitória e quais os caminhos para o desenvolvimento?

WM: Estou realmente impressionado com o potencial de Vitória em relação ao futuro. Parte da pesquisa que estamos desenvolvendo está sendo entendida como um delta logístico que acaba em Vitória, e que é do nosso maior interesse. Penso da mesma forma que Frederico Moncorvo, da Vale do Rio Doce, que a cidade de Vitória se parece muito com Barcelona, sobretudo quanto aos desafios e possibilidades de transformação: conseguir ordenar as áreas logísticas de forma concentrada, sem dispersá-las pelo território, criando entidades como a Região Metropolitana da Grande Vitória para gerir os projetos adequados, a necessária transformação do Porto de Vitória, e, finalmente, um dos temas que creio ser da máxima importância para Vitória, que é a reconquista do Centro da cidade, de enorme beleza em decadência, mas com um enorme potencial. Voltar a viver no Centro significa gerar uma grande valorização para a cidade. Tive um enorme prazer de me reunir com o governador de Espírito Santo e com o prefeito de Vitória e demonstrei o interesse de Barcelona e do Iaac em estabelecer experiências que tenham como resultado fazer crescer a cidade, evitando que o enorme dinamismo econômico de toda a região não seja um fator de estrangulamento, mas que ajude Vitória a encontrar seu futuro.

Sociopolis, arquiteto Willy Muller

comments

020.01
abstracts
how to quote

languages

original: português

share

020

020.02

Manoel de Oliveira

Ana Sousa Dias

020.03

José Mateus e Nuno Mateus (ARX)

Pedro Jordão and Rui Mendes

020.04

João Mendes Ribeiro

José Mateus

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided