
"O ser urbano no caminho de Nuno Portas" no encontro mundial de artes Guimarães 2012 – Capital Europeia da Cultura [divulgação]
Nicolas Braga / André Luiz Pinto: Em um de seus textos, o senhor fala sobre possíveis catálises ou metástases como consequência das decisões de projeto. Uma decisão supostamente estudada e planejada não deveria nos levar a resultados positivos?
Nuno Portas: É verdade que costumo usar termos de outras disciplinas: catálises, metásteses e outras como hipertexto que chamam a atenção para a necessidade de se seguirem e avaliarem os resultados econômicos, sociais e ambientais, e não só as inovações de autores por mais famosos que sejam; a arquitetura não é só arte!
O urbanista – arquiteto, engenheiro, geógrafo ou outros -, deve ter em conta o “fator tempo” dos diversos elementos que constroem em uma cidade, grande ou pequena. O contrário é responsável por labirintos, resorts de ricos e pobres, etc., que complicam a vida urbana.
NB / ALP: Falando um pouco do Professor Nuno Portas, arquiteto e urbanista reconhecido internacionalmente. O senhor costuma dizer que gostaria de ser conhecido como "arruador". Pode nos explicar este desejo?
NP: Considero-me “arruador” – termo usado há séculos – pela importância que tenho vindo a dar aos elementos mais duradouros do urbanismo: as redes de espaço público que se devem antecipar às construções que duram menos, como todos percebemos.
NB / ALP: Como imagina que a sua experiência como arquiteto e urbanista, apresentada na exposição "O Ser Urbano: nos caminhos de Nuno Portas", pode contribuir para a formação dos jovens? Qual a mensagem que fica para quem está começando?
NP: Creio que a exposição que o meu colega e amigo Nuno Grande organizou por sua própria iniciativa pode mostrar a alunos e professores a trajetória da “arquitectura” ao “urbanismo”. As diferenças dos problemas e dos métodos dos que (não só no meu caso) não são só questões de dimensão dos projetos, mas também de conhecimento que tive de aprender noutras disciplinas e praticar com outros atores – políticos, geógrafos, economistas, sociólogos, ecologistas, engenheiros da mobilidade… Os arquitetos são necessários no urbanismo mas o desenho (ou traçado, se quiserem) não é o mesmo que praticam na arquitectura da edificação ou do design.