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interview ISSN 2175-6708

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Gabriela Celani entrevista Tobias Wallisser, um dos sócios do LAVA - Laboratory for Visionary Architecture - de Berlim, que utiliza meios digitais, princípios estruturais encontrados na natureza e as últimas tecnologias de fabricação digital.

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CELANI, Gabriela. Lava, arquitetura visionária em Berlim. Entrevista com Tobias Wallisser. Entrevista, São Paulo, ano 16, n. 064.02, Vitruvius, out. 2015 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/16.064/5808>.


Masdar Plaza
Foto divulgação [LAVA]

Gabriela Celani: Muitos autores têm falado sobre complexidade e o retorno do ornamento como algo relacionado com tecnologias generativas e fabricação. Você está incorporando esse novo tipo de ornamento na sua arquitetura?

Tobias Wallisser: Se você escrever a história da Arquitetura do ponto de vista das ferramentas você pode dizer que ferramentas digitais lhe permitem integrar o ornamento na arquitetura. Depois do modernismo, quando tudo era baseado em regras simples, e essas regras eram por um lado genéricas e por outro universais, para muitas pessoas parece que as coisas eram ordenadas, estruturadas, fáceis de entender. Se você olhar para a natureza ela pode parecer um sistema completamente caótico, mas a beleza disto é que com ferramentas digitais nós podemos compreendê-lo. Por exemplo, para programar o projeto Barcelona Pavillion (projeto de Mies Van der Rohe) seriam necessárias muito mais etapas do que para programar uma árvore. A geometria de uma árvore como resultado pode parecer muito mais complexa, mas as regras que eu preciso para descrevê-la são muito menos complexas. E isso muda a maneira como você olha para a arquitetura. Complexidade geométrica não é necessariamente algo que precisa ser complicado para ser alcançado. A maneira como você trabalha pode ser bastante estruturada e muito simples, mas o resultado pode ser muito complexo. E então você não precisa separar entre um edifício de volumetria simples e um ornamento complexo que será aplicado em suas superfícies. Você não precisa mais separar a superfície e o volume, agora com as novas ferramentas nós podemos criar superfícies e volumes com uma aparência complexa. Eu acho que a coisa mais interessante é que muitas das teorias modernistas são baseadas em ideias da Renascença nas quais você tem a separação entre o cara que teve a ideia, o arquiteto, o construtor, o cara que executa. É por isso que você tem a separação entre o esqueleto e a pele, e entre a pele funcional e algo que dá ao edifício uma certa aparência, e aí você chama isso de ornamento, mas eu acho que agora você não precisa mais diferenciar essas coisas. Nem tudo tem que ser branco ou preto; com arquitetura digital tudo pode ser um tom de cinza de modo que você sempre pode mudar os parâmetros e criar um meio termo. Isto significa que você não precisa ter uma ideologia de que preto é melhor que branco ou branco é melhor que preto. Eu não acho que tudo que é paramétrico precisa ser curvo. Nós também trabalhamos parametricamente para criar caixas. Nós podemos superar a dialética entre formas livres (blob) e formas retas (caixa) e nos concentrar em como as coisas são feitas e no que nós queremos fazer. Se tudo é possível, o que nós queremos fazer? Nós podemos fazer escolhas, mas nós precisamos ter argumentos para essas escolhas, caso contrário nós voltaremos para a otimização racional; eu não estou interessado nisto. Nós devemos procurar a melhor solução possível considerando parâmetros e olhando para o que acontece se um ou outro parâmetro se torna predominante. Se você der diferentes valores para diferentes parâmetros você pode sempre ver alguma solução potencial, e isso é a coisa mais interessante. A escolha não precisa mais ser baseada em opções pessoais ou preconceitos ou em uma ideologia.

Masdar Plaza
Foto divulgação [LAVA]

GC: Alguns autores também escreveram sobre o novo detalhe arquitetônico, tendo em vista as máquinas de controle numérico. Como vocês incorporam isto na prática? Você estão fazendo por exemplo, um detalhamento programado computacionalmente, se as formas mudam pelo edifício, de maneira que não precisam desenhar manualmente cada detalhe?

TW: Nós estamos sempre interessados em usar as máquinas para aquilo no que as máquinas são boas. Máquinas são boas em repetição. E a coisa interessante é que a repetição para uma máquina não significa que você irá produzir o mesmo resultado, que você tem produção em massa. Você tem o mesmo processo, mas você termina com objetos diferentes. É claro que nós usamos isso para o desenho. Nós jamais desenhamos nada manualmente se algo está sendo alterado. Você monta uma regra e depois você monta sua estrutura para desenvolver um conjunto de desenhos. Na Alemanha a maneira como nós projetamos é primeiramente desenvolvendo nossos detalhes. Aí você entrega aos construtores e eles desenvolvem seus próprios detalhes. Seus desenhos jamais vão diretamente para a obra. Nós desenvolvemos princípios para explicar para alguém como algo pode ser potencialmente fabricado. Um detalhe não é algo fixo, é mais parecido com uma fotografia instantânea. Você sabe quais são os extremos e todo o resto fica entre eles. Por exemplo, em um telhado onde a inclinação muda gradualmente, a calha precisa corresponder a isso.

Empresa Sipchem, fachada de isopor
Foto divulgação [LAVA]

GC: Quais são as oportunidade para produzir arquitetura visionária, que é o objetivo do escritório LAVA?

TW: Quando nós começamos com o LAVA, nós tínhamos um projeto muito louco. Era um resort de ski em Abu Dhabi, em um clima desértico. Isto é um desafio tecnológico, mas também um desafio geométrico. Era um edifício de 2.5km de comprimento anexado a uma montanha com uma rampa de 500m. Sem um projeto paramétrico não havia realmente como lidar com isto. Parece uma ideia maluca, mas ao mesmo tempo se você olhar para a história da arquitetura, nós tínhamos palmeiras em estufas em Londres há 150 anos; se pessoas em climas frios querem ter um clima quente por que as pessoas de climas quentes não podem querer um clima frio? Mas a ideia era usar energia solar para criar o resfriamento. Foi nosso ponto de partida. Depois nós vencemos o concurso de Masdar, para uma praça no centro de Masdar. Nós tivemos a ideia de criar uma área externa confortável no clima do deserto, para as pessoas se reunirem e ter festas de aniversário de crianças em um espaço público em vez de dentro de um shopping. Isso somente é possível com o uso de tecnologias, mas nós deveríamos fazer isto considerando a sustentabilidade. Nós fomos pagos para desenvolver ideias. Desenvolver visões é algo fantástico, mas você também precisa de alguém que financie isso. Às vezes nós fazemos pequenos projetos para desenvolver algumas ideias ou pesquisas. Nós construímos um edifício que tem uma fachada com um metro de espessura de isopor, com um sistema não repetitivo criado com uma máquina CNC. A razão é que o cliente produz isopor, então a fachada do edifício se torna uma aplicação para o material. Esse é o projeto Sipchem na Arábia Saudita. O que nós mais gostamos de pesquisar é como nós gostaríamos de morar. Na Arábia Saudita nós temos um projeto sobre como transformar a tipologia da casa de pátio em uma torre de escritórios de 20 andares, para criar possibilidades de comunicação entre diferentes andares. Em termos de geometria é praticamente um prédio em formato de caixa, mas em termos de comunicação entre escritórios é uma torre visionária, que combina não apenas uma abordagem sustentável, mas também a ideia de misturar a tecnologia e as tradições culturais da organização. O edifício é específico para o local e para a cultura, mas usa a tecnologia para o desempenho.

GC: Estou impressionada com o fato de vocês serem fiéis ao nome do escritório, Laboratory for Visionary Architecture. Parece que vocês sempre fizeram pesquisa, como em um laboratório de verdade, e tentam demonstrar teorias a partir dos projetos que vocês desenvolvem.

TW: É ótimo que você consiga enxergar isso em nosso trabalho, pois para nós é a coisa mais importante. Nós, enquanto arquitetos, estamos sempre pensando sobre de que maneira podemos contribuir para o mundo em que vivemos, pois nós temos o privilégio de poder mudar o espaço. Nós não somos capazes de resolver os problemas da sociedade, mas nós podemos visualizar um futuro em potencial. E um laboratório não é algo caótico. Ninguém em um laboratório conduz um experimento sem ter um objetivo, sem ter uma estrutura para alcançar resultados. A coisa mais importante em um laboratório é o método. Se você explicar para um cliente que você é um laboratório eles vão pensar que é experimental, e coisas experimentais são um risco, pois você nunca sabe se o experimento vai falhar ou não. As pessoas não gostam da sensação de que são um rato de laboratório. Então nós tentamos explicar que um laboratório é mais relacionado com a metodologia, e relacionado com primeiramente entender o que é realmente necessário, quais são os fatos, como eles podem ser combinados.

GC: Obrigada pela entrevista, Tobias.

Jebel Hafeet Glacier Hotel Ski Resort
Foto divulgação [LAVA]

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