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my city ISSN 1982-9922

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CRUZ, José Armênio de Brito. Mube violentado. Minha Cidade, São Paulo, ano 01, n. 008.03, Vitruvius, mar. 2001 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/01.008/2095>.



 

O prédio do Museu da Escultura na Av Europa, projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, tem sido vítima de intervenções que constituem ataques violentos à cultura e ao interesse público.

Todas são inaceitáveis, mas a última chega a ser grotesca: a instalação de letreiros na lateral da viga com os dizeres "Museu Brasileiro da Escultura Marilisa Rathsam". As interferências anteriores, também inaceitáveis, foram as seguintes: a janela no restaurante e as grades que apartam da cidade a grande esplanada.Não podemos nos calar diante das sucessivas investidas contra os nossos espaços e a nossa cultura.

Considerações

1. O Museu da Escultura foi resultado de um esforço social (associação, governos municipal e estadual, legislação, iniciativa privada) que teve como objetivo a construção de um equipamento público. Uma vez construído, como bem público deve ser tratado. Além de um espaço para a cultura, o Museu é em si uma obra de primeira importância na cultura arquitetônica contemporânea brasileira. O Mube é reconhecido internacionalmente: citado no jornal Le Monde de 29 de outubro de 1999 (São Paulo, capitale culturelle du Brésil – Une Mégalopole sous-estimée abritant des chefs-d’oeuvre architecturaux) como um dos espaços mais belos do século, classificado entre os finalistas do prêmio Mies van der Rohe de 1999 e obra do arquiteto vencedor do Prêmio Mies van der Rohe para a América Latina em 2000 – arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Qualquer intervenção no Museu deveria carregar o mesmo compromisso cultural.

2. A arquitetura não pode se transformar em suporte de "marketing", seja ele pessoal, institucional ou empresarial. A arquitetura é sim uma das formas mais genuínas de expressão da cultura nacional. O Mube é portanto patrimônio cultural público.

3. Enquanto espaço institucional, deve apresentar atitudes exemplares, tanto na sua manutenção como nas suas proposições e programações.

4. Um museu sério não se faz só com um belo acervo e, como é o caso, com um belo prédio. É necessária uma atitude cultural. Uma atitude de produção cultural, fazendo de cada pequeno ato uma atitude que irradia saber, arte e conhecimento.

Palavras de ordem

1. Intenções de Intervenções no edifício devem ser discutidas e não decididas entre muros e conveniências particulares.

2. Um museu não deve reproduzir a atitude predatória e corrupta dos excessos da propaganda e "sinalizações" sobre a estrutura da cidade.

3. O espaço público deve ser garantido pois o esforço que o construiu foi público.

O que fazer

1. A parede onde foi sorrateiramente executada uma janela deve ser recuperada.

2. As grades devem ser retiradas.

3. E mais do que urgentemente devem ser retiradas as enormes letras vermelhas (que não informam nada) da viga.

sobre o autor

José Armênio Brito Cruz é arquiteto e sócio do escritório Piratininga.

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