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my city ISSN 1982-9922

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MEURS, Paul. Piracicaba: uma cidade pequena muito grande. Minha Cidade, São Paulo, ano 04, n. 040.03, Vitruvius, nov. 2003 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/04.040/2030>.



 

Moro na Holanda, um país menor que a Ilha de Marajó e com menos habitantes que a Grande São Paulo. Se Piracicaba fosse uma cidade holandesa, seria a quarta cidade do país, depois de Amsterdan (a capital), Rotterdan (o maior porto do mundo) e Haia (a sede do governo); a cidade apareceria nas manchetes quase que diariamente e os acontecimentos locais seriam assuntos nacionais. A Holanda seria um outro país.

Viajei de São Paulo para Piracicaba no mês de setembro para conhecer o projeto ‘Beira Rio’ da prefeitura. Antes de sair de São Paulo vários paulistanos me cobraram sobre por que eu iria perder meu tempo em Piracicaba; quando cheguei, vários piracicabanos me perguntaram por que um estrangeiro como eu quis conhecer a cidade. Tá certo: alguma coisa está errada com a imagem de Piracicaba.

Chegou a vez do interior!

No século 20 surgiram as grandes metrópoles no mundo. São Paulo cresceu além da imaginação de todos nós. Agora, entramos numa nova era. Acabou-se a metrópole centralizada, surgiram as redes urbanas. As capitais brasileiras se transformam em pequenas São Paulos, enquanto o interior de São Paulo transforma-se num sistema de cidades interligadas – a FNAC vende um mapa da ‘Macro São Paulo’ que mostra exatamente o que está acontecendo. Nasceu uma conurbação que vai de Santos até além de Campinas, e de São José dos Campos até Piracicaba. Quem é esperto deixa o caos de São Paulo e se estabelece nos arredores. As inovações urbanas não estão mais concentradas na capital paulistana, mas se encontram espelhadas pelo interior do Estado.

Piracicaba está muito bem situada na região da Grande São Paulo. Combina as vantagens do centro econômico do continente com um espírito rural, caipira até. A cidade oferece qualidades privilegiadas para atrair empresas e moradores e é uma cidade muito boa para se morar e trabalhar. O desafio é casar a inevitável modernização com a preservação do ‘DNA’ piracicabano. A questão-chave é como usufruir os benefícios do crescimento econômico e populacional sem vender a alma da cidade.Reinventar a cidadePiracicaba está realizando uma série de projetos que articulam a sua vocação. Tem propostas para transformar o velho Engenho Central em um Museu de Ciência e Tecnologia e de construir um Memorial à República. Não adianta imitar São Paulo ou Campinas – a força de Piracicaba está dentro dela mesma. Sua riqueza urbana é imensa, graças ao rio que liga e une todas as partes da cidade. O rio dá uma cara à cidade. Fornece uma área verde central e cria um coração urbano. Se Piracicaba quer mudar seu rumo, deve começar pelo rio.O Projeto Beira-Rio articula exatamente o potencial cultural e econômico do rio. A cidade pode se orgulhar com o pulmão verde em seu coração. O rio é capaz de livrar Piracicaba do provincianismo. Oferece um instrumento de marketing urbano visível e forte. Para Piracicaba seguir a sua vocação, basta mudar a sua imagem. Eventos culturais, como a Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, são oportunidades excelentes para enfatizar o rumo da cidade e sua presença nesse palco pode abrir os olhos dos paulistanos frente à riqueza desta cidade. E pode abrir os olhos dos piracicabanos para sua própria riqueza.notas[artigo originalmente publicado no Jornal de Piracicaba, 08 novembro 2003, p. 3]sobre o autorPaul Meurs (1963) é arquiteto e urbanista holandês; é diretor do escritório Urban Fabric em Schiedam. Pesquisador, consultor e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Delft, estuda a arquitetura brasileira desde 1986 e organizou diversos intercâmbios culturais entre Brasil e Holanda.

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