In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.
português
Este estudo objetiva refletir sobre os problemas de mobilidade urbana da população que reside na Região Administrativa Norte de Natal. O déficit de políticas públicas tem promovido uma piora na qualidade de vida urbana da população que reside nesta área.
english
This study aims to reflect on the problems of urban mobility of the population living in the North Administrative Region of Natal. The deficit of public policies has resulted in a deterioration in the urban quality of life in this area.
español
Este estudio objetiva reflexionar sobre los problemas de la movilidad urbana de la población que vive en la región del Norte de Natal. El déficit de las políticas públicas ha promovido un agravamiento en la calidad de vida de la población.
COSTA, Simone da Silva. Zona Norte de Natal. Em busca da mobilidade perdida. Minha Cidade, São Paulo, ano 16, n. 187.01, Vitruvius, fev. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/16.187/5918>.
Contexto
Conforme Lei Ordinária Nº 3.878/89, Natal, situada no Rio Grande do Norte, está dividida em quatro Regiões Administrativas: Norte, Sul, Leste e Oeste (1). A Zona Norte de Natal (ZNN) foi se consolidando a partir da década de 1980, por meio de processos urbanos ligados a produção de loteamentos informais e pela implantação dos conjuntos da Cohab. A partir de então, começou a “atrair o interesse do mercado de terras que apresentou um boom de crescimento, com venda de lotes cada vez menores, fruto do reloteamento dos lotes originais” (2).
De acordo com o Anuário 2014 da Semurb (3), a região é composta por sete bairros: Potengi, Pajuçara, Redinha, Igapó, Salinas, Nossa Senhora da Apresentação e Lagoa Azul e, em maio de 2014 foi contemplada com o Aeroporto Internacional Governador Aluísio Alves, ou Aeroporto São Gonçalo do Amarante, ampliando assim a tendência do aumento populacional numa área de visível pobreza. Apesar do aumento do potencial turístico dado a implementação deste equipamento urbano, o acesso à Região Norte ainda é bastante precário, sendo realizado apenas por duas pontes: a ponte de igapó e a ponte Newton Navarro, bem como pelo transporte ferroviário de péssima qualidade localizado ao lado da ponte de igapó.
A primeira ponte foi construída na década de 1970, sendo sua duplicação no ano de 1988. Conforme dados do anuário 2014 da Secretaria Municipal de Urbanismo de Natal – Semurb disponibilizados no site da própria secretaria, entre as décadas de 1990 e 2013 a população da Zona Norte mais que duplicou, passando de 146.935 em 1991 para 338.411 no ano de 2013.
A segunda forma de acesso à Zona Norte é a Ponte Newton Navarro. Ela foi inaugurada em 2007. Contudo, apesar do novo acesso, o problema do tráfego na ponte de Igapó não foi resolvido. Na verdade, a Newton Navarro garante maiores fluxos destinados ao capital imobiliário e turístico em detrimento da população mais pobre, tendo em vista dar acesso às praias urbanas (praia dos artistas, praia do meio e praia do forte) e a monumentos como o Forte dos Reis Magos e o Farol de Mãe Luiza (4).
A falta de compromisso com a questão da mobilidade da população que vive na ZNN é visível, pois apesar da necessidade de se melhorar a o acesso àquela área, as obras de mobilidade preparadas para receber os jogos da copa de 2012 não contemplaram a região. Segundo dados apresentados pelo Portal da transparência (5), apenas para construir o Estádio Arena das Dunas. Localizado no Bairro Lagoa Nova, o espaço que foi usado para a realização de jogos da Copa 2014, foram gastos em torno de R$ 400 milhões.
Enquanto isso, o baixo investimento em obras de mobilidade urbana na Região Norte vem prejudicando a sua dinâmica social e econômica, em virtude da baixa fluidez dos deslocamentos que integram a ponte de Igapó aos demais bairros da cidade. Não existe um corredor exclusivo para ônibus, nem ciclovias e, além disso, o transporte coletivo é precário.
Neste contexto, podemos citar a realidade dos estudantes universitários que residem após a ponte. Este grupo populacional está sendo bastante prejudicado, não só pelos elevados preços das tarifas dos transportes coletivos, mas principalmente pelo tempo desperdiçado nos engarrafamentos. Somado a isto ainda destacamos os atrasos e o stress causado pelo longo percurso afetam a produtividade da aprendizagem na sala de aula. Os alunos que precisam se deslocar dos bairros situados na ZNN até a Universidade Federal do Rio Grande do Norte são exemplos desta realidade.
Inicialmente, é preciso que os estudantes, dentre os quais a autora se inclui, acordem duas horas antes do início das aulas, ou seja, às 5 horas, enfrentem os grandes congestionamentos na Ponte de Igapó que podem se prolongar até mais de uma hora. Em seguida, eles precisam descer ao lado do Shopping Via Direta localizado ao lado da referida Universidade para apanhar o superlotado transporte circular que os levará para o interior do Campus Universitário. Este transporte circular existe porque nem todos os transportes coletivos são autorizados a entrar no referido Campus.
Sendo assim, resta esperar que os gestores públicos da cidade do Natal possam olhar a Zona Norte do município como uma região que precisa urgentemente de uma política de mobilidade eficiente e eficaz associada a maiores inversões em obras de infraestrutura urbana. Estas ações são imprescindíveis para melhorar a qualidade de vida da população, especialmente dos jovens que anseiam em concluir o ensino superior.
Sugere-se uma maior oferta de transportes coletivos pela ponte Newton Navarro que siga em direção à UFRN e ás demais regiões Administrativas ao invés de permitir que a maior parte dos transportes coletivos façam o translado pela ponte de Igapó. Conforme o Google Maps, o tempo gasto de transporte (Ponte de Igapó – Escola de Música da UFRN) fica em torno de 1h4min, enquanto que o tempo dispendido no percurso (Ponte Newton Navarro – Escola de Música da UFRN) fica em torno de 1h20min. A diferença não é tão elevada assim, levando em consideração que inexiste engarrafamentos na Ponte Newton Navarro. Com isso, espera-se promover uma democratização da acessibilidade, fazendo com o uso da Ponte Newton Navarro não seja apenas para beneficiar a urbanização litorânea e turística do município.
notas
1
SEMURB. Anuário Natal 2014. Natal, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, 2014. Disponível <www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/ctd-102.html>.
2
SILVA, Alexsandro Ferreira Cardoso da. Depois das fronteiras: a formação dos espaços de pobreza na periferia norte de Natal – RN. Dissertação de mestrado. Natal, UFRN, 2003.
3
SEMURB. Anuário Natal 2014 (op. cit.).
4
Fotos retiradas do acervo ao público no álbum de fotos do site da Prefeitura Municipal de Natal <www.natal.rn.gov.br/fotos/index.php?id=19>. Acesso em dezembro de 2015.
5
Portal Transparência <www.portaltransparencia.gov.br/copa2014/cidades/execucao.seam?empreendimento=6>. Acesso em dezembro de 2015.
sobre a autora
Simone da Silva Costa é graduada em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, mestrado em Economia do Trabalho pela Universidade Federal da Paraíba. Atualmente é doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e professora substituta no departamento de economia da Universidade federal do Rio Grande do Norte.