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my city ISSN 1982-9922

abstracts

português
Este é o segundo de uma série de cinco artigos que descrevem, em cinco pausas, o Pateo do Collegio, no Centro Histórico de São Paulo. A segunda pausa é a Praça Ilhas Canárias.

english
This is the second of a five-paper series that describe, in five pauses, the Pateo do Collegio, in the São Paulo History Center. The second pause is the Ilhas Canárias Garden.

español
Este es el segundo de una serie de cinco artículos que describen, en cinco pausas, el Pateo do Collegio, en el Centro de Histórico de São Paulo. La segunda pausa es la Plaza Ilhas Canárias.

how to quote

FORTUNATO, Ivan. Geopoética no centro histórico de São Paulo. A segunda pausa do Pateo do Collegio, a Praça Ilhas Canárias. Minha Cidade, São Paulo, ano 16, n. 187.02, Vitruvius, fev. 2016 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/16.187/5923>.


Parede em taipa de pilão, fev. 2013
Foto Ivan Fortunato


Este é o segundo de uma série de cinco artigos que descrevem, em cinco pausas, o Pateo do Collegio, no Centro Histórico de São Paulo. Na primeira pausa, foram descritos os dois andares do Museu Anchieta (1).

Ao seguir pelo corredor da entrada principal do museu, que não tem mais do que dois metros de comprimento, chega-se à segunda pausa do trajeto. De imediato, avista-se o balcão de uma lanchonete e, em seguida, um átrio interior, onde, protegido por uma vitrine, reside (e resiste), como testemunho arqueológico, um fragmento de parede original de taipa de pilão, que data de 1556, revelando aos visitantes a idade cultural do lugar.

Junto a essa parede, uma área de descanso e recreação com mesas para lanches, refeições ou somente um café, e também um jardim com várias espécies arbóreas e floríferas, uma fonte, além de alguns bustos e esculturas referentes e em homenagem à fundação e aos fundadores de São Paulo. O local leva o nome de Praça Ilhas Canárias, inaugurada no dia 5 de junho de 1999. De acordo com Donato (2), os exemplares da flora distribuídos pelo jardim são de algumas espécies encontradas pelos primeiros jesuítas que chegaram ao local, no século 16.

Segunda pausa: visão parcial da Praça Ilhas Canárias, jan. 2012
Foto Ivan Fortunato

Esse recinto torna o Pateo do Collegio ainda mais singular, porque, mesmo que o Centro Histórico tenha sido transformado em local para pedestres, com a construção de vários calçadões nos anos 1970, os lugares para se sentar à sombra, ouvir os pássaros, sentir a brisa das árvores ou, tão somente, conversar e refletir, tornaram-se raros. Assim, o ideal da instalação da Praça ressoa com a proposta de Tuan de que “o espaço construído pelo homem pode aperfeiçoar a sensação e a percepção humana” (3). E esse lugar tranquilo, no interior do Pateo, fica ainda mais agradável por causa do café, que inspira os sentidos... Por isso, algumas pessoas que frequentam essa Praça chegam a afirmar que se sentem fora de São Paulo quando estão à mesa conversando e aproveitando uma xícara de café, em referência à pausa e a calma que contrastam com a pressa inerente à própria metrópole que circunscreve o lugar. Mas, ao invés de imaginar que se está fora da cidade, deve-se lembrar de que se está em São Paulo, em um lugar de acolhimento que, para Donato, “proporciona à heterogênea população paulistana o estabelecimento de elos para sua identificação com a cidade” (4).

Na Praça Ilhas Canárias encontram-se, ainda, a bilheteria para acesso às salas do Museu e a escada de acesso à Cripta Tibiriçá, além de infraestruturas destinadas ao conforto do público visitante, tais como banheiros e estacionamento de veículos particulares. Ao fundo do estacionamento, na quina nordeste, há uma enorme cruz, diante da qual o Papa João Paulo II celebrou, em 1980, ano da beatificação do Padre José de Anchieta, missa em sua honra. Essa cruz, no ponto mais alto do talude, é outro elemento que ratifica a presença da fé religiosa ao lugar, além de fortalecer ainda mais o prestígio de Anchieta e dos jesuítas nesse solo sagrado.

Cruz em homenagem a Anchieta, fev. 2013
Foto Ivan Fortunato

Há que se ressaltar, ainda, que ao fundo, quando os olhos superam as grades azuis e o arame farpado que mantém as pessoas seguramente afastadas do declive do talude, é possível avistar parte da paisagem urbana paulistana. Está certo que a verticalização e outras grandes construções, tais como as plataformas suspensas de embarque e desembarque de ônibus (da linha conhecida como Fura-Fila), acabam por ocultar o vale do Rio Tamanduateí, que está ali, em primeiro plano. Mesmo assim, o Pateo do Collegio nos oferece belíssima imagem de parte da cidade de São Paulo, especificamente da baixada do Glicério, onde o olhar entusiasmado pode passar horas apreciando esse vasto panorama...

Vista parcial do alto da colina histórica, onde está o Pateo, fev. 2013
Foto Ivan Fortunato

Gaston Bachelard, na poética dos espaços, encontrou no adjetivo vasto forte ligação entre o ser humano e seu próprio interior, afirmando ser este a expressão sonora de um indivíduo extasiado pela inspiração do momento que, mergulhado em seus próprios sonhos e fantasias, busca refugio nesse “vocábulo da respiração” (5) que, por sua vez, expressa a grandeza desses devaneios sublimes... E o Pateo permite divisar o horizonte, em todos os matizes entre o arrebol e o crepúsculo, dando chance de respirar nessa cidade, que parece sem tempo ou espaço para o descanso, para os sonhos, para os devaneios do espírito... Mais ainda, porque ao se deparar com a cidade se estendendo, a partir do seu solo originário, para além do que os olhos conseguem capturar, é possível deixar-se extasiar e entusiasmar-se com a força simbólica desse lugar, cujas circunstancias se tornaram, ao longo do tempo, tão grande metrópole...

notas

1
Este é o segundo de uma série de cinco artigos que descrevem, em cinco pausas, o Pateo do Collegio, no Centro Histórico de São Paulo. Os artigos da série são os seguintes:

FORTUNATO, Ivan. Geopoética no centro histórico de São Paulo. A primeira pausa do Pateo do Collegio. Minha Cidade, São Paulo, ano 16, n. 186.01, Vitruvius, jan. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/16.186/5868>.

FORTUNATO, Ivan. Geopoética no centro histórico de São Paulo. A segunda pausa do Pateo do Collegio, a Praça Ilhas Canárias. Minha Cidade, São Paulo, ano 16, n. 187.02, Vitruvius, fev. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/16.187/5923>.

FORTUNATO, Ivan. Geopoética no Centro Histórico de São Paulo. A terceira pausa do Pateo do Collegio, os sobrados da aristocracia. Minha Cidade, São Paulo, ano 16, n. 188.04, Vitruvius, mar. 2016 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/16.188/5974>.

FORTUNATO, Ivan. Geopoética no centro histórico de São Paulo. Geopoética no Centro Histórico de São Paulo. A quarta pausa do Pateo do Collegio, a Igreja Anchieta. Minha Cidade, São Paulo [no prelo].

FORTUNATO, Ivan. Geopoética no Centro Histórico de São Paulo. A quinta pausa do Pateo do Collegio, o Largo Pateo do Collegio. Minha Cidade, São Paulo, ano 16, n. 190.02, Vitruvius, maio 2017 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/16.190/6024>.

2
DONATO, Hernani. Pateo do Collegio: coração de São Paulo. São Paulo, Loyola, 2008, p. 270.

3
TUAN, Yi-Fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. Tradução de Lívia de Oliveira. São Paulo, Difusão Européia do Livro, 1983, p. 114.

4
Idem, ibidem.

5
BACHELARD, Gastón. A poética do espaço. Tradução de Antonio de Pádua Danesi. São Paulo, Martins Fontes, 1993, p. 30.

sobre o autor

Ivan Fortunato tem pós-doutorado em Ciências Humanas e Sociais pela UFABCS. Doutor em Geografia pela Unesp. Líder do Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Ensino, Ciência, Cultura e Ambiente (NuTECCA). Editor da revista Hipótese e coeditor da Revista Internacional de Formação de Professores e da Revista Brasileira de Iniciação Científica. Professor do IFSP/Itapetininga.

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