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português
A Universidade de Brasília (UnB) e o seu principal campus foram inaugurados em 21 de abril de 1962. Nesses sessenta anos a relevância arquitetônica dos seus espaços instiga a criação das mais diversas narrativas fotográficas.
english
The University of Brasília (UnB) and its main campus were inaugurated on April 21, 1962. In these sixty years, the architectural relevance of its spaces has instigated the creation of many photographic narratives.
español
La Universidad de Brasilia (UnB) y su campus principal fueron inaugurados el 21 de abril de 1962. En estos sesenta años, la relevancia arquitectónica de sus espacios ha instigado la creación de las más diversas narrativas fotográficas.
SOARES, Eduardo Oliveira. O campus da sessentona UnB. Minha Cidade, São Paulo, ano 23, n. 269.01, Vitruvius, dez. 2022 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/23.269/8672>.
Abril de 2022 marcou os sessenta anos da Universidade de Brasília – UnB e do seu mais antigo campus, inaugurado em 21 de abril de 1962. O Campus Universitário Darcy Ribeiro, cujo projeto urbanístico original coube a Lúcio Costa, integra o Conjunto Urbanístico de Brasília que é reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco como patrimônio mundial. Em cerca de 400 hectares quase uma centena de edificações constituem um acervo diverso em relação a autorias e a linguagens arquitetônicas. Nesses sessenta anos a relevância dos seus espaços instiga a criação das mais diversas narrativas fotográficas.
Alguns inspirados projetos arquitetônicos e urbanísticos do campus foram criados no edifício atualmente designado Centro de Planejamento Oscar Niemeyer – Ceplan. Também conhecido como SG 10 – sigla que remete a Serviços Gerais – a edificação foi projetada por Oscar Niemeyer, primeiro Diretor do Centro de Planejamento da UnB, e detalhada por João Filgueiras Lima, o Lelé. A inauguração do SG 10 se deu em 1963 depois de apenas 45 dias de construção. Uma pintura mural de autoria de Niemeyer recebe os visitantes desse espaço icônico que evoca o conceito de síntese das artes e que foi realizado com a pioneira técnica de pré-moldado no Brasil. Da elegância singela dos pavilhões de Serviços Gerais de um pavimento – ao todo são cinco edifícios –, mais um destaque é o SG 8 que abriga o Auditório de Música.
Outra parceria entre Niemeyer e Lelé foi o edifício nomeado de Protótipo. Construído em 1962, se trata de um protótipo em estrutura pré-fabricada de uma unidade de habitação para estudantes. Infelizmente somente um exemplar foi executado.
A realização de uma seleção de fotografias, mais ainda, de uma narrativa fotográfica, como apresentada aqui, permite aproximar imagens de edifícios criados em diferentes épocas e contextos. São bem mais recentes a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas – Face, e o Instituto de Química – IQ. Os originais cobogós do IQ já constituem uma referência iconográfica para a comunidade universitária. Há outros elementos construtivos, porém, que talvez somente possam ser identificados pelas pessoas que circulam nos recantos da universidade.
A intensa rotina acadêmica cria memórias afetivas dos seus diversos espaços. Dentre os edifícios da UnB um induz mais ainda a esse sentimento: o multidisciplinar, multifuncional e monumental Instituto Central de Ciências – ICC. Seus 700 metros de comprimento inspiraram o apelido Minhocão. A vivacidade dos seus espaços instiga a aplicação de arte adesivada, uma peculiar forma de apropriação do edifício. As camadas do tempo podem ser registradas por fotografias dos extensos jardins internos e das numerosas sobreposições de imagens refletidas nas esquadrias.
No Campus Darcy há alguns edifícios com estrutura metálica, como o Oficinas Especiais – que ostenta painéis em azulejos de Athos Bulcão –, o Centro de Convivência Negra e o Instituto de Ciências Biológicas – IB. Porém, o material mais frequente nas edificações é o concreto. Ele está presente em muitas construções, como na escultural cobertura – conhecida como Chapéu de Freira – da Faculdade de Tecnologia e nas estruturas do Restaurante Universitário – RU e da Reitoria. Aliás, a Reitoria abriga escultura de Jayme Golubov que direciona o olhar e revela uma característica comum a muitos prédios do campus: a integração entre os espaços internos e externos.
A integração e permeabilidade dos espaços permite observar a farta vegetação, o marcante céu de Brasília – a Maloca é um bom exemplo disso – e os dinâmicos efeitos de luz e sombra. Também dinâmica é a paisagem do campus como um todo, onde a vegetação se transforma a cada período de chuva e de seca, e onde intervenções artísticas podem surgir em diferentes lugares.
O Campus Darcy é fracionado em três partes. As duas menores margeiam o Lago Paranoá. É próximo ao lago que está a Casa do Estudante Universitário – CEU e o Centro Olímpico – CO. Nesses locais a natureza está mais presente ainda. Contudo, esses espaços ainda carecem de uma maior infraestrutura para propiciar à comunidade da universidade e de Brasília um contado mais adequado com as águas e com a paisagem do Lago.
Por meio de narrativas fotográficas se pode registrar de forma pessoal as características da arquitetura e do paisagismo das cidades, dos bairros, dos campi universitários. Cada imagem é carregada da expressão de quem a realizou. Some-se a isso que a seleção e o encadeamento de imagens é fruto de escolhas racionais e afetivas de quem, como eu, vivencia diariamente o campus da UnB.
O sessentão campus da UnB, devido à sua relevância arquitetônica e histórica, instiga a criação das mais diversas narrativas. Que continue acolhendo e encantando seus milhares de visitantes por muitas décadas.
nota
NA – Imagens de minha autoria integram a plataforma do Google Arts & Culture, em que por meio das páginas Caminhando pela Universidade de Brasília (UnB) Parte 1 e Parte 2 pode-se conhecer um pouco mais do Campus Universitário Darcy Ribeiro. A iniciativa dessas galerias partiu do Departamento Distrito Federal do Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB-DF e contou com a elegante edição de Maribel Del Carmen Aliaga Fuentes, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB.
sobre o autor
Eduardo Oliveira Soares é doutor em Arquitetura e Urbanismo (2021) e servidor da Universidade de Brasília/UnB. Possui mestrado em Arquitetura e Urbanismo (2013) e especialização em Reabilitação Ambiental Sustentável Arquitetônica e Urbanística (2009), também pela UnB. É graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pelotas/UFPEL (1995).