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my city ISSN 1982-9922

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Adélia Borges e Miriam Lerner, ex-diretoras do Museu da Casa Brasileira, divulgam carta aberta ao governador de São Paulo Tarcísio de Freitas e à secretária de cultura Marília Marton, pedindo medidas efetivas sobre o futuro do MCB.

how to quote

BORGES, Adélia; LERNER, Miriam. Carta aberta ao governador Tarcísio de Freitas e à secretária de Cultura Marília Marton. Minha Cidade, São Paulo, ano 23, n. 274.02, Vitruvius, maio 2023 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/23.274/8774>.


Acervo do Museu da Casa Brasileira, São Paulo
Foto Renato Parada [MCB/divulgação]


Vimos por meio desta manifestar de forma incisiva a nossa preocupação com os fatos que estão ocorrendo no Museu da Casa Brasileira – MCB, tendo em vista o fim do convênio entre o Governo do Estado e a Fundação Padre Anchieta para a gestão do Museu.

A Secretaria de Cultura do Estado anunciou no início de abril que o Museu e seu acervo iriam para a Casa Modernista. De lá para cá, contudo, a Secretaria não se manifestou em que condições isso se daria. Por reportagens publicadas nos jornais ficamos sabendo que parte do acervo seria guardado e exposto no Museu Paulista. O fato é que os funcionários foram todos demitidos pela Fundação Padre Anchieta e a partir de segunda-feira já não trabalham mais, enquanto parte grande do acervo ainda está na edificação que agora pertence exclusivamente à Fundação. A Secretaria de Cultura está responsável tanto por transferir as peças para reserva técnica adequada quanto por manter o MCB ativo, mesmo sem sede, até que seja possível a instalação em outra edificação. Nossa moção se dá no sentido de entender as perguntas básicas relacionadas aos próximos passos do governo para manter vivo e atuante o único museu brasileiro especializado em arquitetura e design.

Lembramos que mesmo privado temporariamente de uma sede, devido a um incêndio, o Museu da Língua Portuguesa permaneceu ativo, realizando exposições e atividades fora de seu edifício e com equipe técnica cuidando de sua permanência e planejamento de reabertura. O mesmo precisa ocorrer com o Museu da Casa Brasileira, por equipe técnica enxuta que possa manter os cuidados com a conservação do acervo, as preparações para uma nova sede e atividades extramuros que já vinham sendo planejadas pela direção que acaba de ser demitida, sem perspectivas de contratação. Giancarlo Latorraca, diretor técnico, nos informa de que várias ações estavam sendo planejadas em outros museus e instituições, tais como itinerância de exposições concebidas pelo MCB, sem custos ou com custos extremamente reduzidos. Também foi demitido Wilton Guerra, museólogo do MCB e a única pessoa que conhece o acervo do museu e sua trajetória. Eles e outros profissionais básicos para a transição para um novo modelo precisam ser imediatamente recontratados.

A partir dessa recontratação nós, como sociedade civil interessada na manutenção desse importante museu, gostaríamos de participar das discussões sobre o seu futuro. A transferência para a Casa Modernista seria realmente a solução mais adequada? Não haveria outro edifício em que o Museu pudesse ser instalado com espaço suficiente para a conservação de sua reserva técnica e para a realização de exposições?

O Museu da Casa Brasileira foi criado no ano de 1970 pelo Governo do Estado e nesse período de atuação vem tendo uma presença cultural marcante, e não pode ser extinto nem relegado a um segundo plano. Nossa moção é no sentido de que o Governo do Estado preste esclarecimentos quanto às providências que pretende tomar para que esse patrimônio brasileiro seja mantido e aperfeiçoado.

nota

NA – A carta está aberta para todas as pessoas solidárias à manutenção do Museu da Casa Brasileira, com a preservação do acervo e da equipe técnica, assim como um espaço adequado físico adequado às exposições e demais atividades culturais de sua programação. ASSINAR AQUI

sobre as autoras

Adélia Borges e Miriam Lerner foram diretoras do Museu da Casa Brasileira – MCB (maio 2003 a maio 2007, e junho 2007 a dezembro 2021, respectivamente). O texto foi redigido por elas com a participação de muitas pessoas empenhadas na continuidade do MCB, e que também assinaram a moção.

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