Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa.
Entendemos universidade como um espaço mais amplo e diversificado. Um espaço de encontro e intercâmbio entre interesses e 'saberes' afins, capacidades diversas integrando-se para produzir e divulgar conhecimento. Propomos uma edificação que atenda e incentive esse princípio.
Permeabilidade – Integração – Mutabilidade e Flexibilidade nortearam o desenvolvimento deste projeto.
Permeabilidade
Os eixos de circulação vão além do limite da edificação, estabelecem conexão com o exterior através de aberturas amplas; possibilitam a transposição espacial de forma direta e contínua entrelaçando os níveis e os espaços criados.
Integração
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dos espaços abertos e fechados
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do campus com a faculdade
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dos alunos com público
Mutabilidade (flexibilidade)
Como espaço destinado a abrigar a criação e a evolução, a faculdade foi pensada de forma a não ser um elemento rígido, podendo ser adaptada a novas necessidades.
Implantação
A estratégia de implantação visa a integração do conjunto ao campus e edifícios do entorno. Um grande plano livre composto por uma área sob os pilotis e uma área descoberta – a praça; é o principal responsável por essa integração. Esses espaços se conectam no nível do Instituto de Artes através de duas generosas escadas e passagens.
As escadas, assim como os pilotis, são elementos de transição, neles inexiste um limite definido entre dentro/fora, fechado/aberto, coberto/descoberto.
A praça é um palco aberto para performances que possibilita o contato com o público, de modo informal e descontraído. Foram propostas duas grandes salas que se abrem para esta mesma praça, transformando-as também em locais para apresentações.
Em contra posição a esta área aberta, existe o espaço sombreado pelas árvores e pilotis. Formando uma área de descanso e convivência aberta a todos.
Sob os pilotis ainda se encontra os diretórios e a biblioteca, sendo que nesta os dois acervos foram unidos num espaço único. Sua localização separada do bloco principal proporciona fácil acesso ao seu acervo tanto por alunos quanto para o público em geral. Os diretórios abrigam as salas de descanso para alunos e se abrem para a grande área de convivência.
O bloco principal está estruturado a partir de um eixo de circulação rasga toda sua extensão. Esta circulação possui iluminação natural através de uma zenital e aberturas verticais para ventilação permanente. De um lado desta circulação estão localizadas salas com pé-direito de 10m que devido a sua dimensão e finalidade são iluminadas e ventiladas através de domus. O outro lado, em sua maior parte, abriga salas de aulas teóricas e a circulação vertical interna.
Saindo deste bloco principal, sobre os pilotis, existem duas lâminas onde se encontram as salas de aulas do departamento de corporais. Estas lâminas têm uma face voltada para oeste protegida por brises para proporcionar maior conforto térmico. Painéis móveis nas salas práticas possibilitam mobilidade e diversificação na utilização do espaço conforme as necessidades e circunstancias do momento.
O Teatro Laboratório
Este volume abriga o Teatro Laboratório, suas oficinas e demais dependências. O acesso do público ao teatro é feito pelo foyer – um espaço flexível que conta com grandes painéis pivotantes capazes de integrá-lo com o ambiente da praça.
A caixa preta foi envolvida por uma pele de chapa expandida, conformando um volume puro e leve, sendo que nela ainda podem ser fixados elementos de divulgação das apresentações.
O teatro funciona como uma interface, entre a produção acadêmica e a sociedade e, também, entre a universidade e a faculdade em si. Ele é a principal vitrine do conjunto, divulgando a produção da Faculdade de Artes Cênicas e Corporais. O teatro adota o mesmo conceito que o projeto como um todo: acessibilidade e integração entre as disciplinas, pessoas e lugares.
O projeto foi criado de forma a ser um suporte para a criação e não um obstáculo. Para tanto, abriga uma estrutura mutante que incentiva a produção de novas formas de performances, enfatizando o caráter de Laboratório. O palco e a platéia são encarados como elementos flexíveis, possibilitando diversas montagens; em certas situações, pode inclusive não haver distinção entre ambos, integrando-os. Conseqüentemente esta flexibilidade permite tanto configurações tradicionais – palco italiano, elisabetano e arena – como novas alternativas de palco.
O teatro é formado por um invólucro: a caixa preta. Piso adequado às variações e estrutura de apoio para atender às necessidades da montagem a ser executada no momento.
O invólucro, composto de estrutura metálica e fechamento em alvenaria, configura a caixa preta. Abriga os elementos de composição cênica: piso e estrutura de apoio. O piso é composto de painéis de madeira formados por quatro quarteladas de um por um metro. Através de uma estrutura articulada em "x" que é acionada por um motor elétrico, é possível de forma simples movimentar os painéis no sentido vertical. A estrutura de apoio do teatro constitui-se de dois elementos principais: o urdimento convencional e uma estrutura em quadrícula metálica, fixada no teto, que serve de suporte para os equipamentos como varas de cenário e iluminação, som e quaisquer outros elementos necessários à montagem.
Essa flexibilidade possibilita experimentos e a fomentação de novas idéias que podem ser expressas espacialmente de formas ainda não imaginadas – incentiva e viabiliza a criatividade sempre presente no espaço da Universidade e da Arte.
