Buddenturm
Uma torre perdida na cidade, solta em meio a uma malha louca que se formou, impondo-se ao longo do tempo. Uma torre que viu tudo. Foi parte de uma muralha, proteção e vigia e que, criou sua história se adequando a cada uso possível nas novas, sucessivas ordens do espaço. E de repente, vê-se só torre, fechada dentro de si mesma; na escuridão de dentro. E ela própria não permite que o sol alcance sua alma.
Um parque à sua volta, elementos completamente desconectados, uma torre cega. E uma conexão possível permanece lá, como uma nova possibilidade ao espaço da cidade, em constante mudança. A praça, o verde, o parque… Toda a natureza è convidada a participar do interior dessa torre, agora conectado através de elementos naturais.
A continuidade do gramado rumo à torre, a entrada rebaixada. Referencias ao caminho, guiado por um simples raio que adentra a torre conectando espaços. A natureza é o elemento unificador. E a arquitetura possibilitada por esse pensamento cria um espaço único, devolvendo à cidade um marco histórico, agora preenchido por luz, vivo, preenchido de novas idéias e surpresas.
Concurso
O concurso tinha como tema a elaboração de idéias para a Buddenturm – uma torre da idade média, que fazia parte da muralha, construída no século 13.
A torre passou por uma série de transformações. A muralha já não existe mais, foi substituída por uma passagem para ciclistas e pedestres, um grande caminho que envolve a cidade. Um anel verde. A torre acabou sendo fechada, restando como um marco, um símbolo, de localização privilegiada, porém solto na paisagem, completamente desconectado das atividades travadas na cidade.
Na minha visão, a torre estava perdida, dentro de um grande parque linear que corta a cidade. Com poucas aberturas, como é típico de torres de vigília, ela permanecia quase o dia todo em penumbra, fechada em si mesma.
Para mim, desde o início, era muito clara uma necessidade de reconexão, que deveria acontecer com o menor impacto possível sobre a paisagem existente. Além disso, era clara a necessidade de iluminação no interior da torre.
Decidi trazer luz natural ao interior do edifício através do subsolo, sem interferir na paisagem já configurada, porem reconectando-o de forma harmônica. Esse novo elemento reflete a luz natural para dentro da torre, através de superfícies claras.
Os pavimentos da torre, antes circulares, foram quebrados em três, rotacionados e sobrepostos, eles permitem que a luz entre e se distribua, alem de organizar a nova circulação proposta ao espaço.
No inverno, propus a utilização de aquecimento passivo, proveniente do sol, como uma possibilidade natural, através de uma cobertura de vidro, exatamente na cota do passeio público; tal como ventilação no verão: um triângulo se forma na projeção dos três pavimentos-tipo da torre, uma abertura constante que permite que o ar quente circule no verão, escapando por saídas dispostas na cobertura.
No último andar da torre havia uma caixa d´água, que se transformou em mais um elemento chave à distribuição da luz no interior do edifício: um jogo de espelhos leva a luz direta ao subsolo, onde um outro espelho reflete a luz ao interior dessa caixa d´água, cilíndrica, pintada de branco por dentro de forma a refletir o máximo de luz possível. Toda a luz captada è irradiada através de frestas, cortes feitos nesse cilindro, distribuindo-se no último andar da torre, como um elemento surpresa.