Prêmio Carlos Barjas Milan
Por que um Plano Diretor
A Universidade Presbiteriana Mackenzie, uma das mais tradicionais instituições de ensino do país, desenvolve uma política de qualificação e crescimento, que envolve, além da expansão de seu quadro de alunos e funcionários uma estratégia de crescimento físico e territorial.
Na região metropolitana de São Paulo esse processo iniciou-se com a implantação do novo Campus Tamboré na cidade de Barueri e terá continuidade no seu Campus São Paulo, lugar tradicional na região central da cidade.
O programa de crescimento para o Campus São Paulo prevê a ampliação de seu contingente populacional em 70% num prazo de 10 anos, o que deverá ser acompanhado de uma política de redefinição de suas estruturas físicas, através da ampliação significativa de suas áreas construídas e criação de novas áreas livres e de convivência em espaço já exíguo.
Conceito da expansão
Síntese das ações propostas
Podemos resumir a política de intervenção para a gleba nas seguintes ações.
- A partir de uma política institucional, a Universidade ampliou suas fronteiras ao longo da quadra, incorporando lotes lindeiros que possibilitassem não apenas uma expansão territorial, mas uma nova condição de acessibilidade e conexão com as ruas de contorno.
- Demolição de todas as construções consideradas subdimensionadas para as funções a que se destinam, com suas atividades transferidas aos novos edifícios verticais a serem construídos, com maior área e menor projeção junto ao solo.
- Geração de novas áreas livres dentro do Campus, necessárias tanto à convivência como ao suporte à expansão populacional.
- Tratar o campus como uma autêntica porção urbana, incrementando suas relações com o entrono imediato, potencializado ainda com a implantação da estação de metrô em seu interior.
As novas edificações propostas terão como núcleo a transformação da atual quadra de esportes num edifício poliesportivo vertical, ladeado pelo primeiro edifício a ser construído – o marco zero da implantação – o edifício educacional de 12 mil m², que será o orientador de toda a política de redesenho das estruturas do campus.
Essas serão as principais construções no interior do campus, que terá seu interior desadensado pelas demolições e a conseqüente criação de uma nova grande praça central. As demais edificações estarão concentradas junto ás vias públicas reforçando o caráter urbano da gleba.
Situação atual
O Campus São Paulo Universidade Presbiteriana Mackenzie é uma grande gleba urbana, com mais de 60.000 m², ou o equivalente a 6 (seis) quarteirões. Recebe cerca de 30.000 a 35.000 pessoas/dia, permitindo um sem número de atividades além daquelas meramente estudantis, sendo maior, em população e em atividade econômica, que boa parte dos municípios brasileiros.
Sua atual de ocupação é fruto de uma política circunstancial de expansão ao longo de seus 139 anos de existência, que o dotou de uma condição peculiar de conviver com áreas planejadas – como aquelas do núcleo histórico – e outras oriundas da expansão territorial e populacional da Universidade.
A resultante, como temos nos dias atuais, é de uma condição dupla que faz conviver um local aprazível, de traçado quase medievais dentro da cidade e uma organização desequilibrada de construções e espaços vazios.
Aspectos Físico-Territoriais
O território do Campus, em termos fundiários, está compartimentado em várias áreas independentes. A maior parte, de propriedade do Instituto Presbiteriano Mackenzie, caracteriza-se como uma grande gleba, que tem como perímetro parte da rua Maria Antonia, onde situam-se os edifícios do núcleo histórico, toda a quadra na rua Itambé, toda a quadra na rua Piauí, onde concentram-se os edifícios da educação fundamental e parte da rua da Consolação. Além deste perímetro conte-se o interior da gleba, com o vazio das quadras poliesportivas.
A área aberta, na esquina entre as ruas Piauí e da Consolação, com área aproximada de 1.000 m², foi objeto recente de declaração de utilidade pública para fins de desapropriação em benefício da Companhia do Metropolitano de São Paulo, onde deverá ser construída a entrada da Estação Higienópolis.
A parte central da quadra, em forma de “L,” que tem acesso pela rua Maria Antonia, engloba uma área cedida em comodato pela Prefeitura do Município de São Paulo, em 1955 com prazo de vigência de 50 anos.
Além dessas grandes áreas, O Instituto adquiriu uma série de lotes periféricos que ampliaram, sua área e compõe este plano de desenvolvimento físico-territorial da Universidade.
Determinantes para a ocupação
- A criação de espaços abertos de convívio universitário deve ser uma das premissas do Plano, pois se constata ao longo de todo o Campus a inexistência de espaços abertos suficientes para o estar das pessoas, alunos, professores e funcionários fora de suas atividades principais, assim como para estudo fora das aulas;
- Convivem no Campus mais de 25.000 alunos apenas da graduação. Se incorporarmos a essa população os alunos do ensino básico e da pós-graduação, estaremos nos aproximando dos 30.00 alunos. Ainda que subdivididos em três períodos, veremos que o território hoje disponível de chão, para o estar e a circulação desses milhares de pessoas encontra-se absolutamente congestionado;
- Outra diretriz de projeto a ser adotada pelas novas construções é que deverão ser feitas para ordenar os usos de alguns dos edifícios atuais, bem como para abrigar novas populações estudantis, deverão ser obrigatoriamente erigidos em altura.
Sobre a ordenação territorial
Algumas atitudes são propostas na ordenação do Campus:
- As atividades de estoque, almoxarifado, manutenção, oficinas, etc, deverão localizar-se em situação periférica, próxima de vias que tenham facilidade de acesso regional e com facilidade de acesso ao circuito interno do Campus. O local mais perto dessas recomendações está em propriedades que deverão ser incorporadas ao território, junto à rua Maria Antonia;
- A distribuição de bens e produtos internamente ao Campus deverá ser feita por pequenos veículos, tais como triciclos motorizados, de maneira a não conflitar com o trânsito de pedestres, que deverá ser encarado como prioritário;
- A constituição de áreas abertas deverá ocorrer nas áreas centrais do Campus e ser margeadas por edificações que, em seus pavimentos térreos, abriguem serviços de apoio e de interesse da comunidade universitária;
- Deverão ser providenciadas vagas de estacionamento, internas ao território do Campus, para atender não apenas às necessidades dos novos edifícios e atividades, bem como para o atendimento daquelas já existentes e hoje abrigadas em propriedades de terceiros distribuídos pelas proximidades.
Acessibilidade e Circulações
O acesso ao território do Campus será possível a partir de 19 entradas, algumas delas servidas por portarias controladas, assim distribuídas:
- Sete acessos pela rua Itambé, considerando-se o acesso central;
- Seis acessos pela Rua Piauí, incluindo-se a futura estação de Metrô na esquina com a rua da Consolação;
- Três acessos pela rua da Consolação, incluindo-se o acesso pelo edifício João Calvino;
- Três acessos pela Rua Maria Antonia, já considerando o novo complexo de edifícios educacionais e de estacionamentos;
- O acesso de veículos dar-se á pelas entradas de serviço dispostas ao longo das vias, mas todo o sistema de carga e descarga será feito pela rua Maria Antonia;
- Os fluxos internos serão redesenhados de modo a compor uma nova estrutura espacial mais ordenada e evitar o conflito entre o grande tráfego de pessoas e de veículos.
Fases de implantação
Fase 1
- Implantação do edifício educacional inaugural com área de 12.000 m² composto de salas de aula, biblioteca central e restaurante universitário, sobre o complexo de quadras;
- Construção de edifício administrativo ao lado do núcleo histórico;
- Construção do embasamento para estacionamento junto as terrenos da rua Maria Antônia.
Fase 2
- Demolições do complexo de edifícios educacionais e quadra poliesportiva coberta no centro da gleba, junto as quadras esportivas;
- Início da implantação da nova grande praça central.
Fase 3
- Implantação dos novos edifícios educacionais e de laboratórios nos terrenos da rua Maria Antônia;
- Conclusão da praça central.
Fase 4
- Implantação dos edifícios educacionais junto a Rua da Consolação;
- Implantação do novo complexo de quadras esportivas;
- Reformulação dos edifícios do ensino fundamental.
ficha técnica
Nome da obra
Plano Diretor Urbanístico e Arquitetônico da Universidade Mackenzie São Paulo
Ano do projeto
2002 Em implantação
Localização
São Paulo SP
Autores
Arquitetos Francisco Spadoni e Lauresto Esher
Colaboradores
Arquitetos Selma Bosquê e Luciano Magno
Programa
Campus Universitário
Contratante
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Área do terreno
84 000m²
Coordenação
Eng° Marcel Mendes
Outros dados relevantes
Trata da reestruturação arquitetônica e urbanística deste tradicional Campus Urbano na cidade de São Paulo o plano começou a ser implantado no ano de 2004 através da primeira obra prevista o edifício educacional no coração da gleba com 12 000m² de área.