Propusemos um albergue com estilo de simples hotel e pousada, visto que há um aumento na procura por este tipo de hospedagem. Com custo acessível este oferece os quartos coletivos e familiares, banheiros e refeições em grupo, onde prevalece o princípio da coletividade e amizade devido a generosidade das áreas de convivência.
O local de implantação desse albergue leva em conta o esforço da Prefeitura Municipal para a revitalização das áreas portuárias da cidade através de equipamentos culturais e turísticos, e se valendo da presença do rio Guaíba como atrativo. As margens apresentam-se subutilizadas e isoladas devido à presença da via expressa e da linha férrea. Assim as áreas de convivência do edifício se voltam para essas vistas mais interessantes e propícias à contemplação. Por outro lado, os dormitórios (fachada Leste) são escalonados, aproveitando-se dos avanços e recuos que funcionam como brises horizontais.
A partir dos resultados elaborados pelo software Climaticus* e dos dados climáticos de Porto Alegre (clima sub-tropical, com estações bem distintas, sendo o verão quente e úmido e inverno frio e úmido), desenvolvemos o projeto do Albergue Guaíba considerando as estratégias de projeto. A zona de desconforto apontada pelo gráfico pôde ser resolvida com a massa térmica, conseguida com a adoção de paredes de pedra, e com a ventilação.
As características climáticas de Porto Alegre, exigem uma solução flexível quanto à insolação do prédio. Isto é, é importante que haja a entrada de luz natural no inverno e que proteja o edifício da incidência solar no verão.
Para isso, adotamos um sistema de proteção têxtil, com duas camadas móveis em toda a cobertura de vidro. Sendo a primeira o blackout e a segunda um tecido que permite a entrada de luz difusa.
Além disso, a cobertura descontínua visa um melhor desempenho da ventilação, através do efeito chaminé.
As técnicas construtivas utilizadas foram a alvenaria de tijolos e a de blocos de pedra. O uso da pedra, principalmente nas paredes orientadas para o Norte e o Sul, foi condicionado pela necessidade do uso de massa térmica e inspirado em técnica construtiva tradicional gaúcha, garantindo amortecimento e atraso das trocas de calor, ideal para o clima porto alegrense, que possui grande amplitude térmica. Venezianas de madeira horizontais na fachada Norte da área de convivência, evitando insolação direta, já na fachada Sul, foram utilizados tanto venezianas horizontais quanto verticais, já que a quantidade de radiação direta é muito menor, aproveitando-se melhor assim o efeito plástico dessas proteções.
Para solucionar a questão os ruídos provenientes da rodovia expressa optamos pela utilização de uma Barreira Acústica ao longo desta rodovia. Com este equipamento, houve uma redução de75 dBA para 55 dBA, segundo dados obtidos pelo programa Acústico 2.0*. E, com a significativa distância do Edifício a fonte de ruído, aproximadamente 95m, obtivemos a redução de 55 dBA para 48 dBA na área de convivência interna ao edifício. E, com a massa do prórpio edifício, conseguimos atender as exigências da ABNT (45dBA).
*Referências:
- Arquitrop (Basso, EESC-USP/ Roriz, UFSCar)
- Climaticus 4.1 (Alucci, FAU-USP)
- Acustico 2.0 (Alucci, FAU-USP)
- Luz do Sol (Roriz, UFSCar)
ficha técnica
Ano
2005
Autores
Eduardo Luis Telles de Abreu e Silva, Karina Yuri Irino, Marília Sayuri Chino
Colaboradores
Marcelo Tomé Kubo, Milena Satie Shikasho, Marcia Alucci, Joana Gonçalves, Fernando Cremonesi, Anna Christina Miana, Cecília Mattos Mueller, Leonardo Monteiro, José Ovídio Ramos
Orientadora
Prof. Denise Duarte