A nova biblioteca da Pontifícia Universidade Católica deve ser não só um local de encontro entre os usuários e a informação, mas também um local de encontro com a natureza e principalmente um lugar de socialização entre as pessoas.
Seguindo esse princípio, a nova edificação foi projetada com uma arquitetura simples, com espaços agradáveis e confortáveis para as atividades de leitura e pesquisa enriquecidos por jardins e varandas que fazem o interior se abrir buscando a tranqüilidade do fundo do céu por entre as folhas das árvores. Isso sem negligenciar a funcionalidade exigida pelo programa de biblioteca.
A nova arquitetura se revela por entre as árvores do campus.
Implantação
Apesar da área pré-definida para a construção da biblioteca ser próxima à rua Marquês de São Vicente, o que sugere um eventual acesso direto para este logradouro, entendemos que o conjunto deve ser acessado exclusivamente pelo campus universitário assim como acontece com as demais unidades da PUC.
A implantação do conjunto levou em consideração a relação da nova biblioteca e seus acessos com o edifício da Amizade, com a rua dos diretórios e com o fluxo de pedestres vindos do estacionamento de veículos adjacente. Desta forma, uma nova praça articula as três áreas em questão com os acessos da edificação projetada.
A presença imponente de árvores de grande de porte também contribuiu sobremaneira na distribuição das edificações pela área pré-definida. É pretendido neste projeto não remover nenhuma árvore de grande porte e aproveitá-las para sombreamento complementar das fachadas e varandas propostas.
O recuo em relação à rua dos diretórios se faz necessário para a preservação das principais árvores e possibilita a criação de pequenas áreas de permanência para os transeuntes.
O bloco principal abriga grande parte dos ambientes de leitura, os acessos e atividades restritas aos funcionários. Duas construções menores conectadas entre si por passarelas e escadas e ligadas à lâmina principal por varandas completam os espaços voltados para o público. Sob estes blocos, é criado um embasamento de um pavimento que contém o depósito de livros do acervo e suporta jardins sobre si.
Em virtude da proximidade do lençol freático, 2,5 metros de distância do solo, optou-se por não criar subsolos.
Acessos
O acesso principal de público acontece de duas maneiras. No nível térreo, o mesmo da via dos diretórios e do estacionamento, ele é feito por uma singela praça que dirige o público ao salão de exposições com pé direito duplo que abriga também a escada que liga o térreo ao pavimento superior. No primeiro pavimento, conectado diretamente à área de pilotis do edifício da Amizade através de uma passarela, o acesso público é feito por uma circulação suspensa na sala de exposições oferecendo uma diferente perspectiva dos objetos expostos aos que chegam à biblioteca. O grande pórtico pergolado que encerra o bloco principal indica o acesso primário e emoldura a fachada envidraçada que deixa mostrar parte do conteúdo da biblioteca. Este cenário se torna assim um convite de ingresso na nova biblioteca. Rampa e elevadores garantem a acessibilidade a deficientes físicos e cadeirantes a todos os pavimentos e ambientes da biblioteca.
O acesso de funcionários e a carga e descarga do setor de aquisição centralizada podem ser feitos independentemente pelo lado norte do conjunto.
Os jardins sobre o embasamento são acessados diretamente tanto por quem vem do pilotis do edifício da Amizade como por quem vem pela praça no térreo. Isso é possível graças a uma escadaria externa ao bloco principal beneficiada por uma perspectiva convidativa formada pelas árvores, passarelas e varandas dos blocos secundários.
Conforto térmico e lumínico
As fachadas leste e oeste recebem fechamento em vidro sob brises que se fazem necessários mesmo com todo sombreamento oferecido pela massa arbórea existente. É extremamente importante principalmente nos ambientes de leitura, que a incidência de luz solar não seja direta, do contrário, poderá haver áreas de ofuscamento mesmo com a luz filtrada pelas folhas das árvores. O sistema de brises proposto, uma grelha possivelmente em material metálico, protege da insolação direta e provêem os espaços com iluminação indireta complementada por clarabóias na cobertura, uma vez que funcionam com anteparos refletores.
A iluminação artificial deve ser usada durante o dia apenas como complemento à iluminação natural, com o objetivo de manter a homogeneidade nos níveis lumínicos ao longo dos ambientes.
Quebra-sol
Os brises são pintados com cor amarelo no lado voltado para sul e para baixo, onde não há incidência direta dos raios solares e com uma cor neutra e clara nas outras faces para refletir a luz natural sem alteração de cor nos ambientes. as fachadas se transformam a medida que são observadas por diferentes ângulos. Vista a partir do pilotis do Edifício da Amizade, a biblioteca é amarela. Visto à distância, o edifício se torna mais transparente, e observado da rua Marques de São Vicente o conjunto ganha contornos azulados. À noite, quando as novas edificações se acendem, a lâmina principal se transforma em uma grande lanterna iluminada por entre as árvores.
ficha técnica
Área do terreno
3865m²
Área construída
6360m²
Arquitetos
Celio Diniz
Eduardo Canellas
Eduardo Dezouzart
Tiago Gualda
Estagiário
Rodrigo Calviño