Paisagem e técnica
Paisagem Natural e Paisagem Construída estão entrelaçadas e a análise geográfica de um lugar é fator preponderante para se pensar no conjunto de possibilidades e combinações entre objetos e sentidos de construção e identidade.
Objetos técnicos ocupam espaços habitados e neste sentido, eles justificam a paisagem e possibilitam a interpretação do valor paisagístico; portanto o valor explicativo da técnica.
A tecnologia contemporânea possui avançadas técnicas de enquadramento e controle da paisagem, portanto, a justificativa de uma proposição é que determina a eficácia do entendimento da ocupação dos espaços pelos homens.
Como processo de determinação do projeto arquitetônico, adotamos, para estruturar o pensamento, o conceito dialético objeto-ambiente, onde o ato de dividir os espaços por meio de limites, não deverá produzir nunca uma situação de isolamento do homem e sim, determinação de espaços interiores de efeito sinérgico. Partimos do princípio que o projeto deve garantir a continuidade espacial com graus de fluidez conforme o modo como se realiza a compenetração espacial. Consideramos o espaço arquitetônico como o espaço das relações, das comunicações e das locomoções.
Partido arquitetônico
A concepção do espaço arquitetônico deverá privilegiar os espaços como espaço das relações, atendendo os mais modernos conceitos de eco-eficiência e funcionalidade. O espaço das relações sociais, o espaço do encontro, dentro da tradição arquitetônica urbanística brasileira, é a praça. A praça, portanto, é o elemento facilitador de integração entre a natureza das coisas, pessoas e/ou empresas.
O acesso principal se fará pela Av. Albion, eixo de relacionamento objeto/cidade, facilitando o acesso principal através de portaria única para melhor eficácia de controle público, funcionários e serviços.
O partido permite, através de sua desmaterialidade uma total ininterrupção espacial e intercâmbio das várias atividades, facilitando a leitura e a orientação dos acessos específicos com fluidez de fluxo e controle de segurança. Seu desenho sintético advoga relações de integração entre espaços abertos e fechados e estabelece uma condição sinérgica.
Implantação
- Estabeleceram-se critérios para implantação do edifício, de forma a respeitar o edifício existente, considerando o paisagismo e os eixos como fatores preponderantes na manutenção do equilíbrio sede existente/nova sede e as áreas de vegetação que devam ser preservadas e multiplicadas.
- Optou-se pela concentração dos programas em um único edifício vertical/horizontal para a minimização dos custos de distribuição de energia e melhor eficiência dos fluxos e relações das áreas de trabalho.
- A configuração dos edifícios em duas lâminas paralelas (localizadas perpendicularmente à Avenida Albion) permite a integração entre a cidade e a Carris, como também estrutura a eficiência interativa entre vetores de circulação horizontais e verticais preservando a integridade dos espaços.
Edificação nova
O edifício novo que atende a todo o programa de necessidades é organizado em dois blocos distintos sendo o primeiro o bloco da infra-estrutura e do vetor de circulação vertical. O segundo bloco apresenta planta livre para melhor integração dos espaços e mobilidade do uso, atendendo ao conceito de escritórios de primeira linha, Triple A (conceito que visa o máximo de conforto aos usuários e tecnologia a prova de futuro; piso elevado, forro modular e planta livre).
Como elemento conector há um vazio reivindicando integração dos dois volumes como continuidade espacial.
O foyer, situado no pavimento térreo, esta integrado ao museu e poderá ser utilizado também como espaço de apresentações e eventos gerais. Ele distribui e controla o acesso restrito à Carris e está unido à praça através de espelho d´água, que integra os espaços interior/exterior, permitindo uma total continuidade espacial onde circulam pessoas e energias.
O módulo
Desde o ponto de vista metodológico projetual, consideramos que o espaço da relação é produzido pelo espaço orientado. Portanto, os elementos construtivos que constituem as fronteiras que separam o sistema programado e delimitam o âmbito dos espaços, foram analisados e organizados segundo uma lei constitutiva da estrutura modular, estaticamente correta, e uma lógica de conexão com o máximo de variações e extensões dialógicas. O módulo, além de sua orientação construtiva, compatibilizando estrutura e instalações, é pensado como um módulo orientador espacial com uma precisa intencionalidade estética que nos leva a orientar o espaço de um ambiente em uma forma determinada, imprimindo a todo o conjunto, ao interior e ao exterior, uma orientação espacial. Permite uma integração entre as diversas áreas e atende a premissa básica para o sistema construtivo da rapidez executiva e custo, além de atender a flexibilidade das futuras ampliações concomitantemente com a ocupação da edificação existente.
O projeto é pensado inteiramente em função de uma modulação de dimensões múltiplas de 625mm x 625mm, que otimizam e facilitam todas as etapas construtivas.
Sede existente
A reformulação da sede existente implica na menor intervenção projetual, valorizando assim, a história do edifício.
A mudança consiste na adequação e melhoria das condições de trabalho e uso dos espaços. Troca dos ares-condicionados da fachada por um sistema tipo “split”, pintura das paredes, forro modular atendendo as especificações do edifício novo, iluminação adequada aos usuários e troca de mobiliário.
Circulação
- A circulação estará dividida em dois principais eixos transversais; um deles conecta a cidade ao edifício e o segundo conecta o edifico novo ao existente ambos conectados ao sistema vertical de circulação.
- A circulação de serviços se fará pela praça interna da Carris, acesso único pelo pátio de manobras onde estão localizados grande parte dos serviços de apoio ao edifício.
- A Escada pelo seu valor significativo encontra-se como elemento escultórico e compositivo da fachada, atendendo a funcionalidade do programa sendo o principal meio articulador do edifício.
Espaço Multiuso e valorização da cobertura
Mantendo-se a unidade arquitetônica e as premissas que regem o partido, sem comprometer a ocupação da edificação existente, fica projetado na cobertura do novo edifício um espaço multiuso, onde é proposta a localização da academia. O que não impede à Carris a utilização daqueles espaço como extensão do edifício, podendo abrigar inúmeras atividades necessárias no futuro.
Auditórios
A configuração proposta para os auditórios, permite uma maior mobilidade dos usos. É possível através do projeto, a escolha de diferentes tipologias. Sendo elas desde a construção de um único auditório de 300 lugares, até a construção de um auditório de 150 lugares e outros três auditórios de 50 lugares cada, com paredes retratéis, podendo ser transformados em até um segundo auditório de 150 lugares, atendendo assim as premissas do edital.
A proposta ainda permite que através de uma abertura voltada ao pátio de manobras, interno à Carris, sejam realizados, sobre um parlatório proposto, eventos de maior porte.
Paisagismo
Busca-se através de um desenho contemporâneo, a integração dos edifícios, criando a unidade de projeto.
As espécies existentes ali serão mantidas e valorizadas através de um novo desenho de piso permeável (placas cimentícias e grama). Além disso, será especificado novas espécies para composição com a vegetação existente.
É proposto também um espelho d´água para a fachada Oeste do novo edifício, valorizando o acesso principal e gerando um agradável espaço de estar na praça de chegada.
O projeto de paisagismo, assim como todo o projeto de arquitetura, respeita as normas de acessibilidade a todos.
Materiais e técnicas
- O edifício de escritórios, terá estrutura modular em aço facilitando o processo de produção e construção, destacando por outro lado, sua durabilidade e resistência quando expostos as intempéries e atendendo as exigências do corpo de bombeiros.
- O bloco de infra-estrutura, sendo de menor complexidade e por apresentar menores vãos será executado através da técnica construtiva de concreto armado, barateando a obra.
- As vedações externas, quando necessário, em todos edifícios, serão em vidros termos-acústicos, protegidos na fachada norte, de maior incidência solar, por tela metálica.
- Na cobertura, poderá ser utilizadas placas de células fotos-voltaicas, para aproveitamento da energia solar passiva em condições de plena eficiência.
ficha técnica
Autores
Felipe Lopez Annunziato, Gustavo Peviani Jacob, Rafael Assiz, Victor Paixão
Colaborador
Pedro França