Proposta e conceito
A proposta arquitetônica e paisagística para o espaço que abrange tanto a área da praça central, como também seu entorno, teve como princípio fundamental trabalhar estes espaços como um “todo” favorecendo a implementação de uma área de convívio comum aos pedestres e usuários da cidade de Canela.
Buscou-se primeiramente vincular as partes “fragmentadas” desta área da cidade que vinha perdendo força em função fluxo contínuo de carros que dividem a atenção do pedestre visitante e usuário em relação aos elementos potencialmente interessantes existentes no contexto. Estes elementos serviram de protagonistas na configuração espacial da proposta, permaneceram no espaço como pontos eqüidistantes entre situações de percursos e estímulos focais proporcionando constantemente o interesse desejado pela comunidade canelense. Para tanto, uma “nova leitura” se propôs, o projeto ao mesmo tempo em que procura atender as diretrizes conceituais do programa, desvenda no espaço aberto o “silêncio” e a “contemplação” merecida para estas antigas referências – Casa de Pedra; Casa Oppitz; Teatro Municipal e Estação Férrea – procurando interligar “simultaneamente” atividades como: lazer, esporte, educação ecológica , recriação infantil, gastronomia local, história, cinema e teatro.
Programa e proposta de ocupação
O programa elaborado para a Praça Central de Canela está estruturado a partir das definições do Edital, adequando os usos e equipamentos sugeridos ao seu potencial de inserção no contexto criado. Assim, buscamos explorar os equipamentos conforme uma lógica de uso que privilegia as situações e visuais dispostas ao longo de um caminho principal “eixo central”: Praça Central x Catedral de Pedra, resultando portanto, em um eixo potencialmente desenvolvido para acolher o visitante tanto pedestre quanto viário. Pedestre porque propõe um espaço convidativo à atividade desde a primeira vista com sua estrutura de lojas, cafés e restaurantes distribuídos ao longo da primeira parte da via. Chegando ao espaço da praça central, o pedestre continua seu percurso entre edificações históricas como a casa de Pedra, Casa Oppitz e Estação Férrea, além de passar pelas áreas artísticas acolhedoras dos grandes eventos como: o Teatro Municipal, Anfiteatro, Coreto Musical e outras atividades inseridas através da feira da praça, área dos rochedos e zona verde.
Nesta hierarquia ressaltamos alguns espaços mais significativos:
1. A Estação Férrea – Informações – Memorial da Estação
Elemento chave para a equação do espaço conformado junto à praça central. É uma edificação que vem tomando grande importância desde sua construção para abrigar a linha férrea tão representativa para o desenvolvimento e expansão da cidade. Sua situação física foi considerada como uma determinante na vinculação dos espaços, onde eixos visuais se integram a partir das linhas sugeridas pelo percurso férreo junto à estação e volume do trem que descobre seu movimento em ascensão à Casa de Pedra e Casa Oppitz. O giro desta edificação na malha regular da cidade evidenciou uma inflexão singular no ambiente e, portanto, foi considerado como um dos elementos norteadores para a nova leitura do espaço. A construção antiga abriga em seu "anexo de cristal", a central de informações (possui dois acessos, um na lateral e outro em frente à praça); sala de vídeo; souvenir; café; espaço para exposições temporárias e “memorial da cidade” no mezanino. Acreditamos que este último espaço possa resgatar significativamente parte da "identidade regional" de Canela, contribuindo para a especificidade desta cidade.
2. A Casa Oppitz – Espaço de Oficinas e Cultura
Antiga construção transladada em frente ao espaço cultural da Casa de Pedra. Sua localização foi cuidadosamente estudada e casada com o espaço que vem a abrigar. Foi proposto um uso dentro desta construção que inicialmente acolheria no térreo as lojas de especiarias do artesanato local e no segundo pavimento, oficinas locais de ensino e procriação dos conhecimentos relativos ao artesão. Tais atividades manteriam a casa viva na memória da cidade. Acreditamos que toda e qualquer tentativa para manter na memória uma edificação de relevância histórica é valida quando se pretende potencializar um espaço de uso e mesmo uma história.
3. A Casa de Pedra – Espaço e Cultura
Antiga construção que abriga a casa de cinema. É uma construção que conformada com a Casa Oppitz, gerará um ótimo espaço de convívio entre as duas edificações e a extensão delas através da feira do colono com bancas para produtos coloniais locais.
4. Teatro Municipal – Anfiteatro- Área de Eventos
Construção que abriga o principal teatro da cidade e eventos como o “Teatro de Bonecos”. A amplitude deste espaço está conformada com a sugestão de um Anfiteatro externo junto ao teatro municipal – como se a platéia do teatro municipal se estendesse ao exterior e, em contrapartida a extensão do palco se subdividisse em dois palcos menores ao ar livre. Assim, a infra-estrutura dos camarins do teatro municipal que se encontram abaixo do nível da edificação serviria de extensão comum ao anfiteatro externo.
5. Zona verde
Acreditamos que a manutenção da zona verde e adequação dos espaços possa favorecer o uso desta área. A ocupação de uma área em gramado e vegetação nativa das espécies pode promover um desenvolvimento de atividades relacionadas ao programa ecocidade de forma a informar e educar através de pequenas oficinas junto à casa do Papai Noel um programa prático da resolução da normativa da cidade. Assim, crianças e adultos receberiam material explicativo e indicação das espécies nativas da própria praça.
6. Passeio Pergolado – Eixo Pedestre
O passeio faz parte de uma lógica de caminhos pavimentados que orientam o pedestre com a sinalização de piso e a disposição de pérgolas e bancos durante o seu percurso que finaliza no acesso ao memorial da Estação. Alem disto, encontram-se dispostos em seqüência uma série de bustos e monumentos, que transladados da praça podem enriquecer o trajeto. Em alguns pontos há recantos com bancos voltados à contemplação do espaço junto à zona verde e playground e por outro lado a vista para a área dos rochedos e lago artificial. Esta última área apresenta características peculiares em sua composição com a disposição de patamares criados a partir de lascas de pedra até encontro com o lago artificial (bacia hídrica de recolhimento e armazenamento das águas). Em casos de chuva freqüente, o nível deste lago sobe os patamares de pedra rochosa e, em escassez, o lago resseca até um nível mínimo atendido pelos esguichos (chafariz) d'água que atendem ao espaço de forma a servir como “barreira visual” e “sonora” contra o fluxo intenso de carros na esquina em que o espaço se desenrola propondo através das novas visuais uma esquina diferenciada de múltiplas atrações.
O Sistema de Ciclovias encontra-se acompanhado do trajeto veicular junto a ao eixo principal de circulação do espaço.
Pórtico / Conceito
Acreditamos que a existência física de uma linha de chegada enfatiza a possibilidade de reproduzir uma “linha no horizonte” que define limites na paisagem, e que, perfeitamente, pode introduzir a idéia de um portal ou mesmo uma linha limite de acesso e diferenciação entre perímetros urbanos.
Na construção proposta, duas grandes empenas de pedra paralelas entre si abrigam um volume translúcido que se desenrola em direção a paisagem do vale através de uma rampa central que finaliza em um mirante na parte superior da construção (terraço) e café nos pisos intermediários. O volume de vidro encontra-se engastado por pilastras metálicas que se conformam à topografia da linha natural do terreno.
Foi proposta uma ilha de estacionamentos com uma via interna de apoio ao turista que, em épocas de grandes eventos, serve simultaneamente para a orientação de excursões após a passagem do pórtico, e, juntamente, um monumento que possa ser acolhido por uma escultura que expresse simbolicamente a hospitalidade do município de Canela. Nesta ilha se desenvolve um átrio de atendimento ao turista vinculado a uma edificação revestida externamente em perfis horizontais de madeira e internamente por vidro. Foi criado um ambiente difuso de luz que reduz o impacto visual da estrada, vem a antecipar o silêncio próprio de um deslocamento até o mirante. Este acesso é conduzido através de um elevador ou escada até o saguão superior composto por rampas acima da pista. Espaço importante para o filtro da luz e o percurso até a paisagem, onde o tempo de deslocamento permite a apropriação gradual da paisagem até o desligamento da estrada e da velocidade.
O material assim como técnicas construtivas nasceram juntas a partir de uma associação íntima ligada ao seu sistema. A malha de aço tão utilizada para a retenção e erosão de pedras sobre os rochedos das estradas, é uma técnica usual da região serrana que poderia ser adaptada conforme as necessidades desta edificação. Na tentativa de resgatar uma seqüência para o visitante desde o inicio da viagem que passa obrigatoriamente pelas sinuosas estradas serranas com vales e paisagens naturais vem comparecer novamente no acesso à Canela.
Na preocupação de transcender uma cultura de símbolos locais, o elemento “pedra” encontra-se identificado no papel das antigas construções da cidade, como por exemplo, a Casa de Pedra e Catedral. O conjunto Portal de Pedra – espaço aberto – Área dos Rochedos na praça central finalizam o seu encadeamento na monumental Catedral. Tal elemento recorrerá por diversas ocasiões através de suas construções, vias, espaços abertos, esculturas, monumentos e outros elementos a história e o uso pedra ferro através das mais variadas utilizações.
Portanto, foram propostos materiais e tecnologias construtivas adequados à nossa realidade cultural, sustentados basicamente nos princípios formais de síntese, expressividade e exeqüibilidade do entorno.
Foi proposta uma ilha de estacionamentos com uma via interna de apoio ao turista que, em épocas de grandes eventos, serve simultaneamente para a orientação de excursões após a passagem do pórtico, e, juntamente, um monumento que possa ser acolhido por uma escultura que expresse simbolicamente a hospitalidade do município de Canela. Nesta ilha se desenvolve um átrio de atendimento ao turista vinculado a uma edificação revestida externamente em perfis horizontais de madeira e internamente por vidro. Foi criado um ambiente difuso de luz que reduz o impacto visual da estrada, vem a antecipar o silêncio próprio de um deslocamento até o mirante. Este acesso é conduzido através de um elevador ou escada até o saguão superior composto por rampas acima da pista. Espaço importante para o filtro da luz e o percurso até a paisagem, onde o tempo de deslocamento permite a apropriação gradual da paisagem até o desligamento da estrada e da velocidade.
O material assim como técnicas construtivas nasceram juntas a partir de uma associação íntima ligada ao seu sistema. A malha de aço tão utilizada para a retenção e erosão de pedras sobre os rochedos das estradas, é uma técnica usual da região serrana que poderia ser adaptada conforme as necessidades desta edificação. Na tentativa de resgatar uma seqüência para o visitante desde o inicio da viagem que passa obrigatoriamente pelas sinuosas estradas serranas com vales e paisagens naturais vem comparecer novamente no acesso à Canela.
Na preocupação de transcender uma cultura de símbolos locais, o elemento “pedra” encontra-se identificado no papel das antigas construções da cidade, como por exemplo, a Casa de Pedra e Catedral. O conjunto Portal de Pedra – espaço aberto – Área dos Rochedos na praça central finalizam o seu encadeamento na monumental Catedral. Tal elemento recorrerá por diversas ocasiões através de suas construções, vias, espaços abertos, esculturas, monumentos e outros elementos a história e o uso pedra ferro através das mais variadas utilizações.
Portanto, foram propostos materiais e tecnologias construtivas adequados à nossa realidade cultural, sustentados basicamente nos princípios formais de síntese, expressividade e exeqüibilidade do entorno.
ficha técnica
Autores
Arq. Gustavo Masotti
Arq. Andréa Macadar
Colaboradores
Gabriel Ramella