O projeto para o Complexo - Hotel Paineiras surge como conseqüência de uma reflexão sobre o território e se insere na paisagem de modo a ampliar seus potenciais geográficos e edificados. Uma intervenção que atenda aos novos usos propostos potencializando a infra-estrutura existente e vencendo os desafios gerados por um território peculiar.
A proposta se estrutura a partir da adoção de um eixo de circulação de pedestres organizado ao longo da cota 460.00. Nele estão dispostos os principais elementos do programa, reforçando sua integração e otimizando seus usos. Se por hora o mesmo apropria-se do platô existente, onde se localizam o edifício do antigo Hotel e o Alpendre, hora liberta-se da situação imposta pela topografia e pela fragmentação ocasionada pelo sistema viário através de uma circulação elevada, expandindo a cota 460.00 no espaço.
O projeto aborda os edifícios existentes respeitando seu valor histórico e simbólico. As novas construções afirmam sua contemporaneidade resultando em uma situação de confronto e entendimento entre dois momentos históricos.
No edifício do antigo Hotel Paineiras o térreo passa a abrigar os espaços de uso comum do complexo.
A loja situa-se na fachada lateral do edifício voltada para a estação de transferência, tirando partido da proximidade com o grande fluxo de pessoas.
As salas de exposições estão na porção central do edifício. A lanchonete encontra-se próxima ao Alpendre, onde está o restaurante, com o qual compartilha a cozinha. O 1° e o 2° pavimento conservam sua função original, sofrendo apenas uma revitalização em seu interior.
Já para o terceiro pavimento foi proposta a demolição da antiga intervenção e a construção de novos quartos de hotel e área de lazer para os hóspedes, feita em estrutura metálica, diferenciando-se claramente do edifício original.
Para o Alpendre foi proposta a subtração de suas extremidades em alvenaria e a conservação e restauro das colunas e das tesouras em estrutura metálica, assim como o piso em ladrilho hidráulico. Ele passa a abrigar o restaurante, com visão privilegiada para a Zona Sul da cidade e para a reserva florestal. Dispondo a área de apoio e os banheiros nas extremidades, os espaços para as mesas ganham posição central e vista panorâmica, garantida pelos fechamentos em vidro a dois metros de altura, solto da estrutura original.
Abaixo do Alpendre, em um espaço que se restringe do grande fluxo de pessoas, está o Centro de Convenções, que aproveita o antigo salão de eventos para abrigar as Salas de Reunião. Para o Auditório foi criado um anexo que se acomoda no perfil natural do terreno, estando seu piso na cota 455.80 e sua laje de cobertura na cota 460.00. Ainda neste nível estão algumas áreas técnicas, a cozinha do complexo (que se liga à lanchonete e ao restaurante por meio de monta-cargas) e o acesso de serviço.
A nova infra-estrutura proposta, onde encontram-se a Estação de Transferência, as áreas administrativas e os estacionamentos utilizam primordialmente elementos pré-fabricados, visando a praticidade e a agilidade de sua execução. A marquise em estrutura metálica que interliga os diferentes usos do complexo configura-se como um elemento discreto, que cumpre seu papel funcional buscando interferir o mínimo possível nas visuais do conjunto.
A Estação do Trem é acessada por meio de rampa e escada que partem do espaço em que se encontra a Estação de Transferência. Ela é envolta por um fechamento metálico que abriga a plataforma de embarque assim como sua bilheteria e sanitários. Abaixo da plataforma dispõe-se a Casa do Gerador.
O novo estacionamento dos automóveis situa-se no mesmo espaço físico do antigo, sendo que agora ocorre em dois pavimentos. Para ele foi adotada uma estratégia de baixo impacto ambiental e paisagístico, sem haver a necessidade de escavações ou de intensa verticalização. Acima deste, na cota 460.00, estão dispostas as áreas administrativas do complexo e da empresa que opera o serviço de transporte do Parque, assim como uma passarela que faz a ligação direta com o restante do complexo.
Desta maneira o trânsito de pedestres é livre e ininterrupto, de modo que nunca haja a necessidade de cruzamento com o fluxo veicular.
O estacionamento para as vans situa-se em um edifício separado que se encaixa em uma cota mais baixa do terreno, adaptando-se à topografia para que não ocorra manejos de terra. Distribuído em três pavimentos ele aflora apenas três metros acima do nível da ponte de acesso ao complexo, alcançando baixo impacto visual.
ficha técnica
Autores
Arq. Bruno Conde
Arq. Filipe Doria
Colaboradores
Arq. Filipe Romeiro
Arq. Juliana Neves
Consultores
Tecnosan Engenharia (Meio Ambiente) e ZPM Engenharia (Estruturas)