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PORTAL VITRUVIUS. Reordenamento da Avenida Beira-Mar. Concurso Nacional de Ideias. Projetos, São Paulo, ano 10, n. 109.02, Vitruvius, jan. 2010 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/10.109/3559>.


Fundamento

A equipe responsável por este projeto buscou examinar as soluções urbanísticas reconhecidas como exitosas para o redesenho de orlas urbanas, em diversificadas metrópoles mundiais. A conclusão é que entre elas há algo em comum: são projetos de desenho urbano que colocaram objetivos públicos em primeiro lugar, uma vez que as orlas são bens inerentemente públicos e, por isto, o desenho alcança o apoio da comunidade, a proteção do valor das propriedades locais e o orgulho cívico.

Este projeto não pretende ser visto como algo dependente de proezas tecnológicas, nem de arquiteturas exibicionistas em particular. Mais do que isto, ele deseja funcionar como uma ideia que, em sua unidade e significação, revela que o impacto será abrangente, pelas ofertas de acessibilidade e conforto, dirigidas a todos os cidadãos.

Sua forma foi buscada para comunicar, em todos os seus componentes, o sentido de justiça, solidez, compartilhamento e segurança na distribuição dos benefícios a toda a população e aos visitantes da cidade. Esta pode ser uma das matrizes para o desenvolvimento do turismo saudável.

É por esta razão, que o presente desenho leva em conta a importância de incluir benefícios à vizinhança dos bairros de todas as classes sociais residentes em sua área de influência direta. No urbanismo, para os dias atuais, isto significa tornar essas vantagens fisicamente acessíveis, a partir de uma simples caminhada, para uma população aproximada de 60.000 pessoas, equitativamente dividida entre pobres e ricos.

Na medida do possível, a nova orla da beira mar e sua vizinhança formarão um bairro vibrante, vivificado e, ao mesmo tempo, um destino internacional. Seu ambiente se formará com múltiplos atrativos relacionados com alta conectividade, pela excelência do transporte e da mobilidade. Seu papel potencial como conector de várias comunidades urbanas é evidente, sem, no entanto, ter que ser configurado como um espaço congestionado por veículos ou transformado em via de tráfego de passagem, como ocorreu com a maioria dos espaços congêneres no mundo.

Embora ofereça uma melhor organização e uma quantidade maior de vagas de estacionamentos que sua versão atual, a nova beira mar não será um espaço de privilégio de automóveis mas, sim, da prioridade à atividade pedestre. Esta é uma forma democrática e justa de produzir a convergência, a boa acessibilidade e o convívio das pessoas.

No futuro próximo, o êxito do projeto deverá alterar os valores imobiliários e haverá incremento de interesse dos incorporadores em investir em sua área de influência. Desta forma, um plano mestre apropriado indicará que os excessos de automóveis deverão ser acomodados em situações adequadas, fora da promenade. Ou seja, no interior do próprio tecido urbano construído na vizinhança e por iniciativa do poder privado.

As emergências de deslocamentos de pessoas no ambiente da promenade serão apoiadas por transporte público local que, neste mesmo futuro, poderá adotar o modo bonde elétrico, coadjuvado por eco-táxis, que farão a ligação da orla com os pontos de transportes da cidade, principalmente em possíveis hubs de uso misto, a se situarem em pontos esratégicos dentro do tecido urbano.


Legibilidade, acessibilidade e expressão pública

Na compreensão de seu novo desenho, a beira mar reforçará a legibilidade espacial, decorrente da disposição linear no próprio trajeto, com seu sentido de liberdade. O desenho se orientou para a visualização das várias camadas históricas dos lugares e suas atratividades principais, realçando ícones urbanos e artes públicas como lugares de referência e encontro. Tudo se dará como concretização simbólica de uma iniciativa de regeneração da força de imagem da cidade, realçando sua identificação. Tudo para apoiar a valorização do recurso mais potente de todos aqueles situados no âmbito metropolitano: a beira mar.

Nesta iniciativa, um dos objetivos urbanísticos do projeto é preservar e destacar a dinâmica das vistas da cidade em cada ponto da orla e aproveitar os lugares de melhor ponto de vista para configurar recantos de convergência e promenades extensivas da orla.

A excelência de resultados compartilhados poderá ser obtida no projeto pela mistura de usos com conteúdos projetuais que incluem desde a cultura de rua, à cultura do entretenimento, o lazer, o cuidado com o corpo, o pequeno comércio, os mirantes, a gastronomia, o artesanato, as áreas naturais, os atrativos para crianças, os lugares de serviços de comida e bebida.tudo sob a a luz do ceará, com seu poder único e festivo.

A beira mar é a grande oportunidade urbana

Embora atualmente utilizada de forma intensa por parte da população fortalezense, principalmente, por interesses relacionados aos cuidados com a saúde, o espaço público da beira mar representa um exemplo de desequilíbrio entre oportunidades e necessidades. A despeito de suas excepcionais condições de paisagem natural de orla, a beira mar não oferece condições confortáveis aos usuários, permite usos indevidos em inúmeros recantos, desperdiça oportunidades, apresenta um coeficiente de uso mal distribuído nas direrentes horas do dia e da noite e se relaciona muito mal com as vizinhanças próximas.

Além destes aspectos, acumula inúmeros pontos de bloqueio físico à circulação pedestre, inclui depósitos de dejetos na praia, impede a balneabilidade por insalubridade e não apresenta continuidade do espaço de conexão pedestre.

O parque não tem inserção em um sistema de acessibilidade que venha a formar, no futuro, como seria desejável, um sistema de orla, juntamente com os focos da praia de iracema e o centro histórico. Em suma: mesmo em seu estágio de mal aproveitamento e baixa contextualizaação, é um recurso urbano espetacular com potencialidades culturais, comerciais e ambientais.

A beira mar é o lugar que se apresenta como oportunidade única de produzir um espaço público de condensação social, gerador de valores da urbanidade e de cultura compartilhada entre residentes de vários níveis de renda, visitantes e pessoas de variadas faixas etárias. Enfim, a beira mar é o recurso urbano mais importante da cidade, com oportunidade de receber, com seu redesenho, as qualidades de um lugar público em padrão local com conectividades mundiais.

Alta acessibilidade pública, alta vitalidade

O projeto tem como um de seus principais objetivos a incrementação, por todos os meios urbanísticos possíveis, do acesso garantido à praia limpa a qualquer cidadão, sem bloqueios físicos, visuais, ou ambientais. Este objetivo é coadjuvado pela meta de fortalecimento dos focos de convergência e da otimização radical de suas conectividades, privilegiando a continuidade paisagística e a mobilidade pedesre.

O campo de estudo é o lugar onde convivem de forma conflituosa pessoas residentes locais, visitantes turísticos, automóveis, ambulantes, comércio permanente em situação indevida, lixo, poluição sonora, resíduos, níveis excessivos de agressividade urbana e esgotos na praia.

O projeto responde à questão do uso do solo ordenando a compreensão dos aspectos de polaridades e movimentações, numa organização urbana de padrão universal, do tipo linear. Desta maneira, foi necessário montar uma estratégia urbanística para distribuir as atratividades diversficadas, produzindo oportunidades de intercâmbio em condições confortáveis para as pessoas em movimento ou em situações de calma.

Estruturação do uso do solo pela conexão de novos e velhos focos convergentes

Um dos fundamentos desta estratégia é reconhecer, de início, os focos convergentes já tradicionalizados, que justificam sua permanência, e estabelecer elementos relacionais e de sinergia com novos focos de convergências, a se situaraem na área do novo aterro. Desta maneira, fundou-se a hierarquia destes focos, atribuindo-se os graus evidentes de importância, balanceados pela diversidade de experiência que cada um deles pode proporcionar.

Além disto, o redesenho prioriza a consequente reforma dos espaços linerares dedicados aos movimentos de pessoas e veículos, de forma a oferecr os níveis de conforto que a população, há tanto tempo, está a reclamar.

O projeto é estruturado a partir desta visão e se ordena, como é comum em estruturas urbanas de corredores, como uma sequência em renovada relação linear de velhos e novos focos convergentes, hirarquizados por polaridades que serão baseadas na importância e na diversidade de atrativos, unidos por alta conectividade física e visual.

Paisagismo setor 1

Paisagismo setor 2

Paisagismo setor 3

Este padrão de estruturação está formado por uma série de “projetos componentes”, que se definem como unidades sistemáticas, com razoável padronização construtiva e, que desta forma, podem ter implementação gradativa. São componentes que se complementam entre si para formar a grande unidade paisagística, enquanto resolvem o encontro adequado entre problemas e oportunidades que se apresentam dentro da área de estudo. Tais componentes compartilham tratamentos formais e materiais devidamente coordenados entre si, criando a identidade única que sinaliza a imagem urbana desta nova orla. Os projetos-chave que formam sua esplanada, são suas amenidades principais:

  • Os acessíveis pavilhões de múltiplos usos, situados no foco mais convergente da esplanada, onde a comunidade organizará suas atividades diversificadas. Serão construídos como padrões articulados com jardins, concebidos com transparência (serão abertos para a maioria dos usos) e pés direitos altos. Neles poderão ocorrer, entre outros usos, reuniões comunitárias, exposição de flores, festivais, pequenas conferências, atividades de gerência, informação, polícia e segurança;
  • Os pavilhões da feirinha de artesanato, que, no projeto, servem, além desta função, como sombras paisagísticas nos horários da manhã e de parte da tarde, constituem-se nos mais complexos problemas a serem resolvidos. O projeto adotou solução leve e flexível que venha a apoiar, de forma adequada, a atividade e, ao mesmo tempo, antecipar-se contra as indesejáveis tendências de apropriação indevida e permanente de áreas públicas. Pode-se afirmar, com segurança, que a feirinha de artesanato é o foco do programa com maior intensidade de uso do espaço, embora em um tempo limitado a sete horas diárias. Este reduzido coeficiente de uso em espaço público tão nobre aponta pra a demanda soluções de uso compartilhado.
  • A estruturação espacial da feirinha foi encaminhada de maneira que, em sua parte posterior, nas extremidades do estacionamento, sejam localizados dois pequenos depósitos que abrigarão containers de cada uma das lojinhas durante as horas sem atividade comercial.
  • Será implantado um conjunto integrado de playgrounds, com brinquedos conectados secos e aquáticos. A área específica será situada em ponto médio do conjunto da esplanada, como foco acessível e visualmente controlável a partir de ambientes atrativos para os pais (as piazzetas de serviços de comida e bebida);
  • As piazzetas de comida e bebida, concebidas como sistemas diferenciados, porém articulados por padrões de ambientes decorrentes de sombras de árvores nativas frondosas, combinadas com áreas pavimentadas ou áreas em areia. Estas piazzetas estarão sempre ancoradas em dois containers destinados a sanitários públicos e cozinha;
  • Quiosques de serviços ao público distribuídos em situações estratégicas;
  • Áreas dedicadas a esporte na areia, do lado da praia;
  • Pontos de encontro e permanência tranquila e contemplativa do por do sol, a partir de “morros mirantes” acoplados a arborizações amenizadoras e lugares tranquilos com bancos, distribuídos na margem norte da urbanização da esplanada;
  • Quiosques com variados tipos de serviços ao público;
  • Espigão do lado leste, com controle de acessos, urbanização leve, passatempos sombreados, agregadores, com design escultural e capacidade de dar autosuficiência energética à urbanização da esplanada. Tudo apoiado por rampa de acesso ao ancoradouro de escunas de passeio;
  • Espigão oeste, a ser tratado como um jardim linear de esculturas, que formarão uma sequência de silhuetas recortadas pela luz do sol poente e cujo ponto final é um mirante;
  • Estacionamentos insulares de padrão verde, em unidades de 80 vagas, distribuídos de forma equidistnte dos principais destinos, incluindo “gate” de controle, arborização amenizdora, alta permeabilidade do pavimento por meio de piso com blocos de concreto intertravado com grama;
  • Superfícies de pavimentos para uso público, especificadas com rigor, tomando por base critérios de baixa mineralização e alta permeabilidade, com vistas à eficiência da drenagem, ao baixo índice de ofuscamento, à redução do calor irradiado e, sempre que possível, entremeado com elementos naturais. Estes critérios valem também para os outros trechos de urbanização do lado que prossegue para o leste.
  • No trecho de desenvolvimento do projeto, no sentido leste, que excede á área da esplanada (aterro), a estruturação é definida pela seguinte sequência de componentes com caráter urbanístico de destinos:
  • Bosque na antiga área do “escorrega lá vai mais um”, nas proximidades do náutico atlético cearense, de onde deverão ser removidos bloqueios físicos situados na praia em favor de resgatar o trecho de praia limpa. A área deverá ser regenerada a partir da remoção destas intrusões ambientais e desta forma o conjunto será tratado como lugar natural em proximidade da “praça dos estressados”, incluindo usos leves ligados à saúde, ao descanso ou a jogos de mesa (dama, xadrez, etc.);
  • “Anfiteatro” a ser apoiado em sua vitalidade pela adição de um skate park de alta atratividade e acrescido de camarins, formando um novo lugar de múltiplos usos, proporcionando encontro e expressão pública da juventude originária das vizinhanças imediatas e também de toda a região metropolitana;
  • Passarelas e trapiches para passeio e pesca, equipados com “gate” para controle de acessos, a serem situados na “pedra do apito”, por trás das áreas do anfiteatro e do “largo da iracema”. O sistema será construído na forma estrutural de palafitas sobre a base de arenito, sem problemas de convívo com os processos naturais, onde a onda máxima produz cheias de 0,90cm da altura em relação à base natural de pedra.
  • “Largo da Iracema”, oferecendo tratamento leve de urbanização com alto índice de permeabilidade, regeneração e complementação de arborização de base nativa, redimensionado em termos de espaço público para realçar a visualidade da escultura, e formando um lugar apoiado por bancos e lugares tranquilos para permanência de famílias, crianças e grupo de visitantes.
  • Zona dos estacionamentos de barcos, das oficinas de manutenção das embarcações, preservando os atrativos culturais da atividade, com acesso visual do público, promovendo ordenação física das atividades e implantando um “memorial ao ar livre, dos heróis jangadeiros”. Este memorial será como uma coleção de elementos referenciais inscritos na paisagem urbanizada do novo calçadão, a partir de esculturas, poemas, textos e imagens representados em materiais que possam permanecer expostos ao sol e à chuva. A temática, naturalmente, envolverá os jangadeiros cearenses, desde dragão do mar, jacaré e mestre jerônimo. Aí estarão presentes seus mitos, sua história e, também, registros notáveis sobre o cineasta Orson Welles e sua obra, que envolveu pessoas simples da comunidade local, como atores. Nas proximidades, será implantado outro atracadouro de escunas de passeio.
  • O último foco convergente é o destino final na sequência leste, formado pelo novo mercado de peixes , concebido como uma grande “sombra”, com pé direito expressivo e aberta em suas laterais. O conjunto será acoplado ao terminal pesqueiro, com área de carga e descarga, restaurante em mezanino, com vistas para o mar e incluindo, na mesma edificação, uma área para a sede da colônia de pescadores. Este foco é amparado, em seu contexto de convergência, pelo polo gastronômico das chamadas peixadas cearenses, situadas no lado construído do tecido urbano.
  • O trecho leste será apoiado por estacionamentos de rua, em posição de 45 graus, com espaço adequado para manobras, de forma a evitar congestionamentos na via. Em termos quantitativos, os estacionamentos estão abaixo da cota razoável a ser solicitada pelas funções, uma vez que os limites da geometria disponível (considerando-se a faixas ambientalmente protegidas), infelizmente, inviabiliza a criação de áreas extras para acomodar automóveis. De qualquer forma, admitindo-se o prosseguimento do projeto em relação à conversão em oportunidades de seus impactos no tecido urbano contíguo, caberia ao poder municipal criar políticas, em futuras etapas de desenvolvimento, para estimular o surgimento de usos mistos no tecido urbano próximo, com inclusão de vagas a serem disponibilizadas aos frequentadores do destino gastronômico.

ficha técnica

Autor: Arquiteto Ricardo Henrique Muratori de Menezes

Equipe: Arquitetos Fausto Nilo Costa Júnior e Esdras Santos

Consultor jurídico: Rômulo Soares

Tráfego: Engenheiro Francisco Suliano Mesquita Paula

Gestão ambiental: Reginaldo Lima Verde

Viabilidade econômico-Financeira da urbanística: Engenheiro Civil André Albuquerque Barbosa, Economista Marcos Martins Santos e Arquiteta Maria Águeda Pontes Caminha

Estudos oceanográficos: Engenheiro Civil Erasmo Pitombeira

Paisagismo: Engenheiro Florestal Mauro Ferreira Lima

Desenhos em CAD: Desenhista Edilson Alves

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Arquiteto Ricardo Muratori
Fortaleza CE Brasil

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