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PORTAL VITRUVIUS. Reordenamento da Avenida Beira-Mar. Concurso Nacional de Ideias. Projetos, São Paulo, ano 10, n. 109.02, Vitruvius, jan. 2010 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/10.109/3559>.


Calçadão Beira Mar

Nas grandes cidades litorâneas do Brasil, a praia é o espaço democrático por excelência: a profusão de atividades é medida do vigor do espaço urbano. A construção de um suporte urbano para as diversas atividades humanas constitui o escopo da proposta: um calçadão como plataforma generosa, com 43,2m de largura, capaz de absorver os mais diversos programas sem segmentá-los em unidades estanques, privilegiando a diversidade, a pluralidade e a multi-valência típicos das praias urbanas, justificativa primordial da constituição da cidade: o encontro intenso entre as pessoas.

A arquitetura como suporte para as ações da vida urbana, retém os elementos necessários à profusão de interesses e anseios que constitui o vasto programa de uma capital contemporânea.

Os programas gerais estão distribuídos por toda a sua extensão. As faixas das bordas são preferencialmente de circulação. Aos veículos motorizados foi destinada a faixa de 7,2m, junto ao tecido existente o que facilita a conexão com os edifícios da orla. Em função da alteração do traçado da antiga Avenida JFK, áreas remanescentes, junto às quadras existentes, foram transformadas em grandes jardins, que poderão ser interceptados pelo acesso de pedestres e veículos de acordo com os acessos de cada edifício da orla, ou ainda podem ser integrados aos jardins dos recuos frontais, criando um grande continuo ajardinado como moldura entre o calçadão e os altos edifícios. A faixa junto à praia, com 10,60m, foi destinada preferencialmente à circulação de pedestres e de bicicletas.

Na parte central do calçadão, numa faixa de 21,60m, foram localizados os mobiliários urbanos, construções constantes no programa e arborização complementar de forma a formar um conjunto aprazível para o estar e o lazer contemplativo e as atividades que se destina.

Equipamentos voltados à dinâmica da cidade, como bicicletários, bebedouros, telefones públicos, lixeiras e bancos foram localizados nos eixos das ruas de acesso à orla. Já nos trechos entre tais vias, foram implantados programas ligados ao lazer, esporte e contemplação tais como ilhas de serviços, quiosques, playgrounds, equipamentos de ginástica, mesas e bancos.

No trecho onde há a concentração de pedras, foram propostas piscinas públicas com água marinha, através da construção de uma barreira para represar água do mar na maré cheia, o piso é construído com profundidade determinada. Esse tipo de equipamento possibilita banhos em águas mais tranqüilas e seguras tornando-se uma alternativa de natação e recreio de crianças. Essa piscina será iluminada para promover um ponto de atração e propiciar banhos noturnos.

Alguns equipamentos são específicos e pontuais, alguns já existentes foram remodelados e outros propostos. Dentre as remodelações estão o espigão construído na margem esquerda, a feira de artesanato, o anfiteatro e a praça do mercado.

Construção

O partido construtivo do calçadão é o da simplicidade técnica através da pavimentação em concreto armado moldado in loco, com polimento mecânico de sua superfície. Isto confere um piso de altíssima resistência, de caráter neutro e baixo custo. A paginação modulada em 3,6 x 3,6m cria uma malha regular que organiza as faixas de circulação e os programas pedidos. A não concretagem de alguns requadros cria pontos de infra-estrutura, sem contudo dissolver o caráter unificador do calçadão.

Através dessas aberturas serão captadas águas pluviais, instalados pontos de conexão com a rede pública de água, esgoto e eletricidade, jardins, barracas, playgrounds, aparelhos de ginástica e instalação de outros equipamentos.

Esporadicamente, algumas placas serão concretadas 40 cm mais altas que as outras, servindo de banco, de suporte para ambulantes e palco para artistas de rua.

Tráfego automotivo

A Avenida Beira Mar está consolidada como via local em função do uso atual e da ocupação lindeira existente com grande número de hotéis turísticos. Face à limitação geométrica, no cruzamento da Avenida Beira Mar com a Rua Frei Mansueto, onde há um impedimento de que a faixa de aterro crie condições de alargamento contínuo de todo o trecho, e à possibilidade de incrementar o fluxo viário como rota alternativa à Av. Da Abolição, o que iria contra as premissas de lazer e conforto ambiental pretendidas pelo Concurso, sugerimos a manutenção da circulação atual, através da otimização do uso do sistema binário já existente constituído pela avenida Beira Mar e avenida Abolição. Essa otimização pode se dar através da adequação da calha das vias perpendiculares envolvidas às necessidades do sistema viário local, principalmente melhorando as condições de estacionamento. O projeto prioriza as condições de embarque e desembarque para ônibus, prestadores de serviços hoteleiros e estacionamento de curta permanência, desobstruindo a faixa rolante da via Beira-mar. O estacionamento mais prolongado ocupará as vias próximas a Avenida Beira Mar, considerando as condições de uso e ocupação do solo, largura das vias e circulação existente. Sugere-se, inclusive, o incentivo fiscal, por parte da Prefeitura, para a construção de garagens em subsolo nas quadras entre a Avenida Beira Mar e a Avenida da Abolição, onde as cotas sejam elevadas e não sujeitas a inundações. No projeto, a quadra junto ao ribeirão Maceió é usada como exemplo desta possibilidade, que poderia ser expandida em outros locais.

A via de automóveis na Avenida Beira Mar é simplesmente indicada com guia rebaixada em 5cm, mantendo a mesma pavimentação em concreto. Nos trechos de cruzamento de vias, onde há faixas de pedestres, é a via de automóveis que tem seu nível aumentado, igualando-a ao passeio de pedestres, assinalando ao motorista seu status de concessionário indicando mudança de velocidade neste espaço onde o pedestre é privilegiado. Nesses setores, a via de pedestres é demarcada com emprego de segmentadores de trânsito em concreto a cada 1,80m.

Monumentos, anfiteatros e a Igreja de São Pedro

Os monumentos existentes serão mantidos nas suas posições atuais.

Como o calçadão passa por eles em condições diferentes, a ambientação dos monumentos é especifica e bastante feliz: o Interceptor Oceânico fica na faixa de areia, onde, com sua forma e tamanho incomuns ele adquire outra conotação, de objeto aportado junto à praia.

Já o monumento a Iracema fica na faixa central do calçadão, onde naturalmente são criados ambientes específicos, numa escala mais delicada, adequada ao caráter figurativo da escultura.

O anfiteatro foi envolvido pelo calçadão. Sua borda, destinada ao passeio, está em nível elevado em relação ao palco, desobstruindo as visuais do anfiteatro e criando áreas cobertas de apoio aos espetáculos.

Quanto à igreja de São Pedro, que hoje encontra-se incrustada e discreta entre os hotéis verticalizados, o deslocamento do Mercado de Peixes e da Colônia de Pescadores até a frente do edifício histórico cria uma pequena praça, onde estes três edifícios menores conformam um ambiente de menor escala, mais apropriada. A via de automóveis, inclusive, é elevada neste trecho como nos demais pontos de travessia de pedestres, de modo a obrigar o motorista a reduzir a velocidade. A praça tem preponderância neste ponto da orla, marcando o encerramento do calçadão.

Mercado de Peixes e Colônia de Pescadores

Os edifícios do Mercado de peixes e da Colônia de pescadores, apesar dos tamanhos distintos, tem partido similar e formam um conjunto de presença marcante na orla: ambos são amplas coberturas em concreto, com estruturas simples e pequenos vãos, conformando grandes áreas sombreadas à beira do mar. Os dois prédios formam uma praça à beira mar, em frente à Igreja de São Pedro, que participa da conformação deste espaço.

No mercado, as bancas de peixes frescos funcionam no piso térreo e, sobre elas, o mezanino forma uma ampla varanda para a degustação de pescados preparados, onde se desfruta da culinária, da brisa e da vista do mar. Um pequeno corpo anexo é destinado às áreas técnicas, de pré-preparo, limpeza, depósitos, vestiários, etc..

Vegetação

O projeto parte da riquíssima flora nativa do Nordeste de valor ornamental universalmente reconhecido, para conferir ao calçadão qualidades ambiental, paisagística e cultural.

A valorização das espécies regionais, com a volumetria e cobertura adequadas às funções urbanísticas, alinha-se também às questões ambientais requeridas pelo espaço urbano.

Especificação de árvores


Partiu-se de uma arborização estrutural, regularmente espaçada a cada 21m em ambos os lados do calçadão, de modo a conformar uma alameda contínua e de caráter único em toda a faixa de intervenção.

A espécie escolhida para isto é o Pau-brasil, não apenas devido sua importância histórica como também por sua ocorrência no estado do Ceará além de seu porte característico, com copa ampla e alta, garantindo sombreamento extenso sem interrupção da iluminação artificial noturna. Nos canteiros foram empregadas espécies de forrações nativas próprias para uso em ambiente urbano e a beira mar como tradescantias, crinus e vedélias, criando amplos requadros de 3,6m por 3,6m de colorações e aspectos variados, ainda que de pequena altura.

Especificação de arbustos e forração


Os outros setores de vegetação caracterizam-se como faixas ou setores descontínuos ao longo da orla. Na faixa de areia, maciços esporádicos de coqueiros, plantados em volta das quadras esportivas, recriam a imagem familiar das praias nordestinas.

Sobre o calçadão, na faixa de 21,6m entre árvores de Pau-brasil, buscou-se a incorporação da vegetação arbórea existente e, quando inexistente, buscou-se uma vegetação de médio porte, de caráter ornamental, criando regiões bem demarcadas pela coloração ou pelo caráter escultórico das espécies, como as pitombas, cajueiros, cássias ferrujinas, ingás e algodão da praia.

Entre os edifícios e o novo desenho da Avenida Beira Mar, temos canteiros de larguras variadas com ampla variação na solução paisagística, permitindo, inclusive, a integração visual dos jardins aos recuos frontais dos edifícios, de modo a criar uma ampla moldura colorida entre o calçadão e os edifícios. Nesses canteiros, há intenso uso de gramados da espécie santo Agostinho resistente à maresia, pontuada pela exuberância dos arbustos nativos da região nordeste, dispostas em grandes canteiros de primavera, senna bicapsularia, agave americana, tradescantia, alamandas ou guaimbé. Eventualmente, estes canteiros são interrompidos pelos acessos aos hotéis, por estacionamentos ou paradas de embarque e desembarque.

Nas margens do riacho Maceió no lado da avenida Beira Mar oposto à praia, foi proposto o amplo plantio de carnaúbas, espécie típica da região e própria de áreas alagadiças.

Iluminação

A iluminação da área do calçadão e via segue o mesmo princípio de homogeneidade do projeto. Isso foi alcançado com o uso de um sistema de poste com 4,5m de altura sobre os quais será instalada luminária PHILIPS TORINO CDS 530 para lâmpada CDM T 150W provida de aletas que produz iluminação homogênea para os lados e alguma luz para cima, clareando sutilmente as copas das árvores.

A fonte luminosa é protegida por difusores parabólicos que evitam o ofuscamento ao mesmo tempo em que distribui uniformemente a luz. O gráfico de isoiluminância realizado no programa Visual 2.6 mostra que com esse equipamento alcança-se uma iluminância média em torno de 15 lux e não inferior a 8 lux em nenhum ponto, o que significa uma região clara e segura pontilhada por postes com uma luminária elegante e esbelta.

Iluminação


A lâmpada utilizada é de multivapores metálicos com bulbo de cerâmica com uma temperatura aparente de cor de 4000K o que dá uma impressão de branco frio, contrastando com a iluminação de 2500K da luz de sódio utilizada na maior parte da cidade. Essa lâmpada produz uma ótima resolução de cor que reproduz com precisão a coloração da vegetação e dos produtos das feiras de artesanato.

O gráfico mostra que esse sistema não alcança as áreas entre o calçadão e os lotes, que poderão ser utilizados, hora como estacionamento, hora como canteiros de jardim e hora como ponto de carga e descarga. Para cada uso deverá ser desenvolvida uma iluminação. No caso de estacionamento, a mesma modulação e as mesmas peças das calçadas deverão ser usadas, no caso de jardins a recomendação é o uso de iluminação embutida no piso para lâmpadas de multivapores metálicos de 70w providos de grades anti-ofuscantes e vidro temperado. Tais luminárias são encontradas no mercado brasileiro em diversos tipos e qualidades. Ressalta-se que o grau de estanqueidade (IP) deve ser superior a 68.

A praia deverá ser iluminada nos pontos em que haverá quadras e equipamentos esportivos. As quadras de múltiplo uso serão iluminadas através de dois postes de 8m de altura com trave superior para sustentar duas luminárias PHILIPS TEMPO 3 assimétricas para lâmpadas de multivapores metálicos de 400W em cada poste. No caso de campos de futebol, serão três postes.

Na piscina haverá luminárias a cada 3,2m embutida da parece junto ao muro de contenção a 6 cm abaixo do nível d’água. Tais luminárias sub aquáticas deverão ser de bronze com grau de estanqueidade capaz de sofrer pressão de 0,70kg/cm2. Serão providas de lâmpadas PAR 56 de baixa voltagem de 500W, vidro protetor e barreira anti-elétrica. Os produtos dos jardins e das piscinas são fabricados pela Hydrel e a especificação é 4425 Swimming Pool Fixture.

Cursos d'água

Os córregos que desembocam na área de intervenção recebem tratamentos específicos, com a criação de pequenos tanques de filtragem, de modo a melhorar a condição da água a ser levada ao mar, através de um sistemas tecnológicos de baixo custo. Alem disso, estes sistemas conferem um caráter paisagístico rico e didático para o tratamento das águas urbanas realizado com métodos simples, eficazes e belos.

Sistema de lagoas de contenção


Desse modo, o córrego que desemboca próximo ao mercado de peixes tem o curso desviado por uma serie de tanques seqüenciais onde se faz a filtragem com pedras, areia e sistema de raízes. O próprio esgoto do mercado será tratado e desaguará no córrego antes de encontrar o mar, segundo as exigências ambientais. Parte desta água pode ser reaproveitada pelo mercado na limpeza de chão, descarga de vaso sanitário e irrigação de jardins.

Na praia do Meireles, os dois córregos recebem tratamento similar, apenas efetuando a junção dos dois cursos d’ água antes da chegada ao mar para diminuir a interferência na faixa de areia.

Sistema de lagoas de contenção e filtros


No Riacho Maceió foi proposta uma abordagem de maior envergadura ao longo de toda sua extensão, com o tratamento de esgoto das ligações clandestinas, a eventual remoção das habitações subnormais que invadam a faixa de proteção permanente e sua substituição por edifícios de baixa verticalização nas proximidades, e com a criação de lagoas de retenção junto ao tratamento por tanques de decantação nas cabeceiras do ribeirão, a fim de minimizar as inundações junto à avenida Beira Mar e reduzir os níveis de DBO antes do riacho encontrar o mar. É a oportunidade também de recomposição da mata ciliar, como no exemplo supracitado do plantio de carnaúba.

O projeto expõe, como exemplo, a construção de estacionamento e de edifício de habitação social como exemplo desta proposta.

Drenagem

O sistema de drenagem do calçadão faz uso dos canteiros abertos na malha para tal fim. Com isto, antes de alcançar a rede, as águas pluviais irrigam os canteiros e, com isto, realizam a pré-filtragem de detritos maiores antes de atingir a tubulação subterrânea, retardando o deságüe e melhorando a condição da água antes da chegada ao mar. O sistema é repetido na via de transito de automóveis, onde as guias são simplesmente interrompidas levando a água de chuva ao canteiro, sem a existência das bocas de lobo.

Drenagem de vias por canteiros


Mobiliário e equipamentos urbanos

Os equipamentos são distinguidos em dois tipos: os de caráter transitório ao longo do tempo e os definitivos. Os primeiros, ilhas de serviços e barracas da feira de artesanato, são construídos com materiais leves, em estrutura de madeira certificada e tratada, com fechamentos em painéis compostos pré-fabricados (tipo wall), forro e fechamentos moveis em compensado naval e cobertura em telha de fibra de vidro projetada especificamente para estas construções. Isto permitirá o fácil desmonte, realocação, manutenção ou substituição destes equipamentos ao longo dos anos. Já o mobiliário urbano, como bancos, lixeiras, bicicletários, equipamentos, etc. são desenvolvidos como construções em concreto e peças esporádicas em aço inox, permanentes mas de desenho discreto, com baixa manutenção ao longo do tempo.

ficha técnica

Autores: Arquitetos Baldomero Navarro, Cláudio Furtado, João Paulo Daolio e Thiago Natal Duarte

Paisagismo: Arquitetas Patrícia Santana e Ilka Paraíso

Gestor ambiental: Arquiteta Ilka Paraíso

Projeto luminotécnico: Arquiteto Cláudio Furtado

Consultor de infra-estrutura urbana: Arquiteta Beatriz Nachtergaele

Consultores de tráfego: Engenheiro Jair de Souza Dias e Arquiteta Rosimeire Leite

Consultor jurídico: Dr. Leo Wojdyslawski

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Arquitetos Baldomero Navarro, Cláudio Furtado, João Paulo Daolio e Thiago Natal Duarte
São Paulo SP Brasil

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