A Escola Básica Marquesa de Alorna, projetada pelo arquiteto José Sobral Blanco, é uma das cerca de 50 escolas construídas segundo a tipologia promovida pela Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário nos anos 50 do Séc. XX. Como muitas outras, esta escola é constituída por dois corpos principais, contendo um deles as áreas letivas e administrativas, o outro o ginásio e o refeitório, articulados entre si pelo átrio principal da escola e pelo recreio coberto. Neste caso, este conjunto constrói um pátio envolvido por uma mata sobre um talude em anfiteatro, resultante da operação de desaterro sobre a encosta para a construção da escola original. A beleza do pátio foi entretanto destruída: o recreio coberto foi fechado, cortando a relação visual entre o pátio e a cidade, e o talude foi em grande parte demolido pela construção de um edifício para estacionamento automóvel pertencente a um Banco.
Fazendo parte do “Programa de Modernização das Escolas” do Parque Escolar, este projeto prevê dois tipos de intervenção:
a) o edifício existente é recuperado: os átrios, os corredores e as escadas, de dimensões generosas e com pavimentos e lambris revestidos a mosaico hidráulico, os paramentos exteriores em reboco pintado, os vãos em madeira pintada e as coberturas em telha plana, são restaurados. As salas recebem elementos novos – um teto suspenso, uma cortina, uma parede – que trazem mais conforto;
b) por outro lado, juntam-se três corpos novos: o corpo existente das aulas culmina, a Poente, numa Torre que contém os novos laboratórios e salas de desenho, e liga-se, a Sul, ao corpo do ginásio e do refeitório, através de uma Ponte que contém a biblioteca. Debaixo da Ponte, o recreio coberto, pensado como uma sala hipóstila exterior, reconstitui a continuidade visual original entre a entrada e o pátio central da escola e relaciona-se diretamente com a sala de convívio e com o novo corpo dos balneários semi enterrados, como umas termas, sob o campo desportivo. Este campo é protegido por uma estrutura vegetal que reconstituirá em parte o ecrã verde materializado antes pela mata.
Perante uma escola em que a diversidade de espaços e situações foi sendo cada vez mais reduzida ao longo da sua história, uma frase de João dos Santos serviu de estímulo maior para o projeto: “Se não tens uma aldeia, meu filho, tens de ir em busca dela! Um menino não pode viver sem ter a sua aldeia.”
ficha técnica
localização
Lisboa
data do projecto
2007-2008
data da construção
2008-2010
arquitectura
José Neves
colaboradores
Rui Sousa Pinto, André Matos, Bernardo Enes Dias, Filipe Cameira, Hugo Ferreira, Nuno Florêncio, Vitor Quaresma; João Pernão, Maria Capelo (consultores de cor)
arquitectura paisagista
Proap
fundações, estruturas, águas e esgotos
Betar, Joule, Natural Works
fotografia
Laura Castro Caldas e Paulo Cintra; João Dias
cliente
Parque Escolar EPE