O projeto para estação brasileira na Antártica foi guiado por um imenso desejo de criar um abrigo seguro e belo que fosse passível de ser amplamente utilizado não apenas durante o verão como também na solidão do inverno.
As metragens do programa de uso foram rigorosamente seguidas para que pudéssemos nos dedicar com alguma folga à criação das áreas de circulação das pessoas e da infra-estrutura. A exceção dos módulos remotos, toda estação pode ser percorrida, livre do frio e dos ventos, a qualquer hora do dia e da noite, através de pontes elevadas.
Outra preocupação foi o tratamento térmico. Minimizamos a demanda energética elegendo a inércia térmica dos materiais como o principal aliado na manutenção, transporte e distribuição das águas e ares aquecidos, assim como no trato das necessidades humanas de convivência, produção e bem-estar.
A escolha da madeira, estruturalmente potencializada em alguns pontos pelo aço, nos proporcionou leveza, facilidade de montagem no canteiro, e acolhimento da infra-estrutura necessária para sobreviver neste ambiente glacial.
Privilegiamos os materiais e tecnológicas construtivas conhecidas não apenas por uma questão econômica - para que nos sobrem mais recursos para nos dedicarmos às pesquisas – mas porque estamos cientes de que uma estação neste grau de isolamento do restante do mundo necessita ser de fácil decifração nos seus problemas de manutenção e ampliação.
A implantação da estação obedeceu rigorosamente ao zoneamento ambiental, ocupando as áreas já impactadas pela antiga estação.
As formas eleitas para os edifícios obedeceram às leis da aerodinâmica e à angulação de captação de energia solar. Elegeram-se formas simples, de fácil geometria estrutural e passiveis de serem montadas e mantidas por uma mão de obra sem especialização prévia e com um rápido treinamento.
Escolheu-se a cor vermelha por sua vibração e vivacidade diante da paisagem branca, negra e azul da Antártica. Um ponto de referência e abrigo dentro da imensidão gelada.
ficha técnicaAnália M C Amorim (Arquiteta coordenadora)
Luís Octávio de Faria e Silva (Arquiteto coordenador)
Ciro Pirondi
Mariana Kimie Nito
Paula Helena Garcia
Carlos Augusto Arruda
Bruno Buccalon
Thiago Benucci
Erico Botteselli
Pedro Bonna
Tibério Cruz (Alma estúdio - perspectivas digitais)
Isabel Roth (tradução)