Este foi o primeiro projeto do Sumo no Japão e, de certa maneira, rompeu com a tradição de arquitetura institucional da Universidade Josai. Até então, os edifícios eram resultado de projetos corretos mas sem atrativos especiais, geralmente com longos corredores alimentados por salas dos dois lados. O terreno proposto para a Escola de Administração tinha um formato inusitado. Ao fundo, havia um morro com um bonito bosque que não podia ser acessado por estar ladeado por diversos edifícios de apoio e uma grande subestação de alta voltagem. O partido arquitetônico proposto pelo Sumo era de um edifício que garantisse o acesso ao bosque e ao morro. A ideia era tornar a Escola de Administração em um centro para os estudantes e incentivar uma cultura de uso do campus à noite, o que não é comum em universidades japonesas. O projeto foi iniciado em 2004 e o prédio foi inaugurado em 2006.
A forma arquitetônica mais óbvia para o terreno seria a quadrada, mas o Sumo queria desenvolver um partido com um corredor único para que todas as salas de aula usufruíssem de iluminação natural. Mas para responder o programa seria necessário um edifício muito longo, de 180 metros de comprimento, o que seria inviável. Assim, desenvolveu-se a ideia de um edifício como uma espécie de cobra que conecta a cabeça à cauda, gerando um pátio central. Por outro lado, buscava-se um edifício onde a maioria dos espaços pudessem ser públicos, com uma espécie de espaço urbano no nível térreo com o prédio “flutuando” acima.
A ideia de edifícios que flutuam foi importante nesse e em outros trabalhos do Sumo, tendo como inspiração as representações de mundos flutuantes nas ukyo-e, xilogravuras produzidas durante o período Edo no Japão (1615-1868). Edo, antigo nome de Tóquio, foi o período no qual a cidade tornou-se o centro do poder no Japão. O Edo evoca um universo de inteligência, elegância, extravagância e hedonismo em contraste com a monotonia e as pesadas obrigações da vida cotidiana. Esse mundo de contraste é amplamente retratado nos ukyo-e que, apesar de hoje serem consideradas uma arte de alto nível, na realidade era uma arte popular que retratavam artistas, viagens, gueixas, e lindas mulheres do período como fazem hoje tabloides e revistas tipo Vanity Fair ou Caras. Alias, a justaposição do sofisticado e do vulgar faz parte da cultura japonesa. Se de um lado existe a rigidez estrutural das instituições e relações sociais, pelo outro há a impressionante informalidade das ruas, espaços urbanos e casas de lámem tradicionais. Neste sentido, um dos objetivos do Sumo neste projeto foi de contrastar com o contexto rígido do resto do campo e seus edifícios de arquitetura institucional e linear.
O programa Escola de Administração é simples e o edifício tira proveito da forma do terreno e da topografia existente com espaços públicos que se sucedem naturalmente, conectando-se com uma nova praça ao fundo, voltada para o morro e o bosque. No nível inferior de acesso localizou-se uma sala de mídia para estudos e relaxamento dos estudantes, com ampla iluminação natural através de suas paredes envidraçadas e claraboias ovais desde a plaza do andar superior. Para este projeto o Sumo concebeu mobiliário especial em parceria com uma empresa japonesa de design para que todo o mobiliário fosse original e coerente, incluindo sofás que refletiam as formas das claraboias logo acima deles, desenhados de modo que os estudantes também pudessem usa-los para tirar um cochilo.
No primeiro andar, em torno do pátio, estão dois auditórios e um foyer, assim como, ao fundo do edifício, o café e seu terraço que conecta-se por uma passarela a uma praça na encosta do morro. A fachada voltada para o morro é utilizada para a projeção de filmes ao ar livre que podem ser assistidos confortavelmente desde a plaza pública. Nos outros três andares do edifício, as salas de aula distribuem-se em duas alas, entorno do vazio central com o corredor de distribuição ao longo das fachadas laterais, e as salas para professores e estudos junto da fachada principal. Uma passarela de vidro conecta as duas alas pelo corredor de distribuição, fechando o lado posterior do pátio voltado para o morro.
À noite, a luz artificial enfatiza o pátio, a escada principal, as claraboias pintadas de amarelo e a passarela de vidro que liga as duas alas do edifício. O partido adotado – em razão da orientação, do pátio central, e da continuidade de espaços de circulação – permite uma ótima circulação de ar e apenas as salas de aula possuem ar condicionado. Isso é comum no Japão onde nas casas tradicionais japonesa até mesmo as paredes de madeira e papel são removíveis para que o ar circule, eliminado o mofo e o forte calor do verão. Na Tóquio moderna, muitas vezes, apenas os apartamentos possuem ar-condicionado e aquecimento, enquanto os corredores não possuem paredes ou janelas, ficando sujeitos a temperatura ambiente; uma solução culturalmente aceita que garante uma considerável economia de energia em todo o país.
Escola de Administração