O trabalho do Studio Sumo exemplifica bem a evolução da arquitetura moderna na busca por uma adaptação ao contexto urbano e cultural, inovando não apenas nas soluções mas também nas tecnologias empregadas. São projetos simples e elegantes, que se inserem bem e somam a seus lugares. Internamente, os projetos, programaticamente perfeitos, vão se revelando aos poucos e surpreendem o usuário com as relações entre interior e exterior, das transparências, particularmente através do cuidado que revelam a luz natural. Externamente, os projetos exploram o uso do concreto e das volumetrias simples, e de soluções que fazem com que os edifícios pareçam “flutuar”.
Os projetos que vimos revelam a influência do modernismo clássico, da arquitetura japonesa tanto vernacular quanto contemporânea – particularmente de Tadao Ando e Nikken Sekkei – e também da arquitetura brasileira de Affonso Reidy e Paulo Mendes da Rocha. Comenta Sunil Bald: “através deste projeto (a escola de administração) começamos a nos dar conta da influência da arquitetura brasileira no nosso trabalho... no uso do concreto, um material que pode ser pesado e fluido ao mesmo tempo, na plasticidade nas formas dos edifícios de modo com que, tal como a fluidez tão presente em muitos projetos modernos no Brasil, conseguimos que a própria forma dos prédios criassem uma conexão entre interior e exterior”. O arquiteto também reconhece essa influência do projeto do dormitório onde reinterpretaram o brise-soleil através de padrões dos portões tradicionais japoneses. “Embora o Brasil e o Japão sejam muito diferentes climaticamente, existe uma semelhança na materialidade arquitetônica, no concreto, e na fluidez entre o interior e o exterior... estes elementos nos inspiram”. Sunil Bald manteve uma relação forte com o Brasil nestes últimos 25 anos, através de amigos e da academia. “O Brasil e o Japão são os lugares para os quais eu tenho mais viajado ultimamente, então a arquitetura de ambos permanecem como uma grande influencia para mim”.
Como vimos, o Studio Sumo possui uma assinatura clara que se relaciona tanto ao contexto social quanto cultural. Para Sunil Bald “o importante é uma arquitetura que possa compreender e expandir o seu contexto... e, para conseguir isto, precisamos desafiar nosso entendimento do que um desenho funcional possa ser. Em vez de repensar a arquitetura através do contexto, nos gostamos de repensar o contexto através da arquitetura”. Sunil entende a arquitetura como um veículo para se compreender o lugar, e o processo projetual como uma forma de explorar o mundo que nos rodeia. Fica aqui um excelente exemplo para os jovens arquitetos.
nota
NA – Os autores agradecem ao arquiteto Sunil Bald e o Studio Sumo por todo o apoio para a realização deste artigo.
sobre os autores
Simone Neiva é professora adjunta da Universidade Vila Velha. Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo (UFES/1994), especialização em História da Arte e da Arquitetura (PUCRio/2000), mestrado em Arquitetura (Tokyo University/2003), doutorado em Arquitetura (USP/2007) e pós-doutorado em Arquitetura (Mackenzie/2010). Fellow da Fundação Japão (2006). Pesquisadora do grupo ArqCidade nos seguintes temas: arquitetura contemporânea, processos de projeto, museus, patrimônio, arquitetura e urbanismo japonês.
Vicente del Rio é professor titular de City and Regional Planning, Cal Poly San Luis Obispo. Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo (UFRJ/1978), mestrado em Desenho Urbano (Oxford Polytechnic/1981) e doutorado em Arquitetura e Urbanismo (USP/1991). Entre 1978 e 2001 lecionou na FAU/UFRJ onde foi professor titular. Possui diversas publicações entre elas os livros “Introdução ao Desenho Urbano no Processo de Planejamento” e, mais recentemente, “Desenho Urbano Contemporâneo no Brasil”.