O projeto residencial de oito casas de madeira da Vila Taguaí, situado a 22 km do centro de São Paulo, é um empreendimento imobiliário que foi concebido como uma alternativa inovadora de construção de novos espaços de moradia e ocupação de áreas verdes na periferia.
Situado num vale densamente arborizado, com declive de 35% e face Leste, a implantação da Vila mantém o terreno natural o máximo possível. As oito casas são elevadas do solo criando terraços nos jardins. As árvores são preservadas e novas serão plantadas reforçando a vegetação nativa.
As vias de circulação de veículos são pavimentadas com pedras mantendo a permeabilidade do solo. Os espaços de uso privativo são integrados ao espaço de uso coletivo – um grande jardim – por meio de terraços e caminhos de pedestres.
As edificações utilizam o máximo de iluminação e ventilação natural e possuem aquecimento de água com energia solar. A vila encontra-se num vale que precisa ser preservado – as águas pluviais são captadas e encaminhadas ao córrego existente. Os esgotos são tratados em estação dentro do condomínio para posterior uso nos vasos sanitários e irrigação.
A madeira é o material que possui o melhor desempenho diante das grandes questões deste século: energia e meio-ambiente. Sua produção depende apenas da energia solar e, além disso, florestas manejadas combatem o efeito estufa e gera empregos de qualidade na floresta evitando a migração para as grandes cidades e também promove o desenvolvimento econômico da região produtora.
Utilizando de modo racional a madeira proveniente de áreas de manejo sustentável da Amazônia, o projeto trabalhou com as premissas de aliar tecnologia inovadora de baixo custo e fácil execução.
Uma estreita colaboração entre Engenharia e Arquitetura viabilizou a pesquisa deste sistema construtivo, que se baseia em painéis de madeira para paredes, lajes de piso e lajes de cobertura.
A dimensão dos painéis pode variar em largura de 0.20m a 3.00m, seguindo uma modulação de 10 em 10 cm, e em altura, de 1m a 5.50m. Foram projetados para favorecer o aproveitamento de peças de madeira maciça de menores dimensões e, ao mesmo tempo, se adequar a diferentes projetos arquitetônicos. As dimensões finais de cada painel facilitam a pré-fabricação na oficina, o armazenamento, o transporte e a montagem em obra.
Equipes de trabalhadores podem ser contratadas e treinadas para a produção e montagem, em oficinas e obras, em diferentes locais.
O sistema de painéis aqui desenvolvido combina industrialização e flexibilidade, podendo ser aplicado em diferentes escalas, sem necessidade de grandes investimentos iniciais, adaptando-se facilmente às condições locais. Sua utilização se caracteriza pelo reduzido impacto ambiental, baixíssimo desperdício do material e da mão-de-obra, execução rápida e custo controlado.
As oito casas e três plantas-tipo com áreas entre 129 e 173m² com um ou dois pavimentos, criam espaços multifuncionais em residências compactas, viabilizando assim, a pesquisa do sistema construtivo. As unidades possuem acesso direto em nível ao pavimento estar e terraço.
O projeto arquitetônico privilegia a ventilação natural cruzada, com as maiores aberturas voltadas para as faces norte/leste e as menores para oeste; controlando a insolação, permitindo a iluminação natural dos ambientes e criando o efeito chaminé.
As casas sendo de madeira e suspensas tem bom desenpenho térmico e evitam a umidade vinda do solo criando um terraço sombreado junto aos jardins.
A cobertura com manta Alwitra tem beirais largos e isolamento térmico com chapas de isopor encaixadas nos painéis. O isolamento acústico entre os pavimentos foi solucionado com o acréscimo de camada de 5 cm de concreto leve nas lajes de piso, que propiciam o conforto acústico adequado.
Os esgotos são coletados e tratados em estação enterrada dentro da própria área para reuso nos vasos sanitários e irrigação, reduzindo o consumo de água em 30%.
O sistema de captação de água pluvial foi projetado para conduzir a água ao seu fluxo natural e desaguar no córrego existente.
Todas as unidades e construção das áreas comuns possuem shafts visitáveis externos que concentram as instalações hidráulicas e elétricas, facilitando a instalação e futuras manutenções da infraestrutura.
ficha técnica
obra
Vila Taguaí
local
Carapicuiba SP
datas
Projeto: 2007
Conclusão da obra: 2010
áreas
Terreno: 12.000 m²
Construída: 1.250 m²
arquitetura
Cristina Xavier (autora); Henrique Fina, Lucia Hashizume e João Xavier (colaboradores)
estrutura
Helio Olga
fundações
Luis Fernando Meirelles
elétrica
Sandretec
hidráulica
Hagaplan
construção
Ita Construtora
fotografias
Daniel Ducci e Cristina Xavier
nota
NE – O júri do Prêmio Instituto Tomie Ohtake Akzo 2018, formado pelos arquitetos Adriana Benguela, Fábio Mariz Gonçalves, José Lira, Marcos Boldarini e Priscyla Gomes, selecionaram treze finalistas, publicados nos números 211 e 212 da revista Projetos do portal Vitruvius:
01. PRISCO, Alexandre; ANDRADE, Nivaldo. Casa do Carnaval. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 211.01, Vitruvius, jul. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.211/7056>.
02. MANGABEIRA, Daniel; COUTINHO, Henrique; SECO, Matheus. Casa 711H. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 211.02, Vitruvius, jul. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.211/7058>.
03. NITSCHE, Lua; NITSCHE, Pedro. Residência Piracaia. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 211.03, Vitruvius, jul. 2018 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.211/7059>.
04. O’LEARY, Fernando; DOMINGUES, Pedro; FARIA, Pedro. Vila Amélia. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 211.04, Vitruvius, jul. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.211/7060>.
05. TEIXEIRA, Carlos M. Casa no Cerrado. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 211.05, Vitruvius, jul. 2019 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.211/7062>.
06. VAINER, André. Residência em Gonçalves. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 212.01, Vitruvius, ago. 2018 <http://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.212/7063>.
07. VIGLIECCA, Héctor; QUEL, Luciene; SHIMIZU, Neli; WERNER, Ronald Fiedler. Parque Novo Santo Amaro V - Programa Mananciais. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 212.03, Vitruvius, ago. 2018 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.212/7064>.
08. MACIEL, Carlos Alberto; ITOKAWA, Ulisses Mikhail Jardim. Estúdios Ouro Preto. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 212.04, Vitruvius, ago. 2018 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.212/7065>.
09. CALVINO, Rodrigo; PORTAS, Diego. Hostel Villa 25. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 212.02, Vitruvius, ago. 2018 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.212/7071>.
10. JUNI, Anna; WINKEL, Enk te; DELONERO, Gustavo. Sede de uma Fábrica de Blocos. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 212.05, Vitruvius, ago. 2018 <http://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.212/7073>.
11. FANUCCI, Francisco; FERRAZ, Marcelo. Cais do Sertão. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 216.02, Vitruvius, dez. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.216/7193>.
12. XAVIER, Cristina. Vila Taguaí. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 205.03, Vitruvius, jan. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.205/6859>.
13. ROCHA, Paulo Mendes; MOREIRA, Marta; BRAGA, Milton; FRANCO, Fernando de Mello. Sesc 24 de Maio. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 206.02, Vitruvius, fev. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.206/6886>.