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projects ISSN 2595-4245


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A Praça do Centro Cultural de Belém, em Lisboa (projeto original de Manuel Salgado e Vittorio Gregotti, de 1992), recebeu espaço de estadia para os milhares de pessoas que visitam o CCB durante os meses de Verão, projeto de José Reis.

how to quote

PORTAL VITRUVIUS. Uma praça no verão. Instalação em cortiça no Centro Cultural de Belém, Lisboa. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 209.05, Vitruvius, maio 2018 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.209/7010>.


A construção de um objecto que funcionasse para exibir uma programação de filmes sobre arquitectura e música ao ar livre foi o pretexto para transformar a Praça do Centro Cultural de Belém, em Lisboa (Manuel Salgado e Vittorio Gregotti, 1992), num espaço de estadia para os milhares de pessoas que visitam o CCB durante os meses de Verão.

O projecto desenvolveu-se a partir de três circunstâncias:

1) A Praça é um espaço de movimento constante, servindo de acesso ao Museu, ao restaurante e ao jardim suspenso de onde se vê o rio Tejo; 2) a arquitectura do edifício é regida por uma métrica, evidenciada na Praça pela quadrícula marcada no pavimento, pela estereotomia da pedra lioz e pelo desenho e organização dos vãos; 3) os blocos de aglomerado negro de cortiça foi o material de construção definido a priori pelo cliente.

Construiu-se assim uma parede de blocos de aglomerado negro de cortiça, adossada ao longo da parede Sul, que está em sombra ao longo de quase todo o dia, integrando um assento, fresco e confortável, que permite contemplar o espectáculo urbano do movimento da Praça.

Uma praça no verão, José Neves
Imagem divulgação [José Neves]

A parede de cortiça negra é uma parede modulada cujo ritmo interno acerta o passo com a métrica que rege a arquitectura do CCB e cuja altura se desenvolve a partir da base do arco existente de betão, conferindo uma escala humana a todo o espaço. Na extremidade poente, a parede dobra e fecha a passagem aí existente, construindo um recanto para ver os filmes ao abrigo do vento, à noite.

As qualidades físicas da cortiça permitiram que a transformação da praça não passasse apenas pela experiência da sua escala, mas também pela percepção da sua materialidade. Ao juntar os blocos maciços de cortiça, com uma cor composta por mil castanhos que mudam com o passar do tempo e com uma textura ao mesmo tempo rude, macia e quente, a pedra calcária que reveste todo o edifício do CCB tornou-se mais leve, mais frágil. Não deve ter havido uma pessoa que, ao atravessar a praça, não se aproximasse para tocar na cortiça com as mãos.

Em vez da construção de um objecto, tratou-se de encontrar uma solução que tivesse a capacidade de transformar uma Praça no Verão.

ficha técnica

localização
Lisboa

data do projecto
2017

data da construção
2017

arquitecto
José Neves

colaboradores
Diogo Amaro, Apolinário Silva (maquetas)

design gráfico
Atelier Pedro Falcão

curador
André Tavares

cliente
Garagem Sul, Centro Cultural de Belém

patrocínio
Amorim Isolamentos

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209.05 intervenção em preexistência
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original: português

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