Situação
A casa 711H se encontra na porção residencial da via W3 sul, em Brasília. A via W3 está dentro da área tombada da cidade e já foi seu centro comercial mais importante durante seus primeiros anos. Ao longo do tempo o declínio do comércio da área aliado a construções ou reformas desordenadas em lotes residenciais geminados na fração oeste da avenida geraram uma paisagem que é composta por casas que se fecham para as áreas verdes do espaço público entre os lotes. Grande parte dos espaços frontais das casas também são cobertos e fechados para a área pública.
Proposta
O projeto da Casa 711H parte desta realidade e tenta recuperar a ativação das áreas verdes adjacentes às casas ao propor um modelo que descobre o quintal frontal (que hoje são normalmente cobertos) e cria a possibilidade de integração total entre o quintal e a área pública (jardins). O desenho da casa também permite a possibilidade de conexão direta entre o jardim público frontal e a rua de serviço nos fundos do lote através do interior da casa.
Estratégia construtiva
Os lotes dessa porção do bairro eram originalmente ocupados por casas geminadas térreas que compartilhavam vigas baldrame contínuas, afloradas em relação ao terreno circundante. Isso resultou em um desnível entre as casas e a rua. O projeto da Casa 711H propôs reaproveitar parcialmente as fundações de uma edificação térrea que existia previamente no terreno. Sendo assim, a demolição da casa original manteve somente as fundações, vigas baldrame e o aterro compactado original, pois foi constatado que estrutura existente acima do baldrame não poderia ser reaproveitada.
Propusemos recuar o gradil em relação ao limite do terreno. O desnivelamento resultante foi dividido em vários degraus que formam uma escadaria de acesso e uma pequena arquibancada de uso público, voltada para o jardim. A abertura total do cercamento pode integrar o jardim privado à área pública. Na fachada posterior, voltada para a rua de serviço, a escadaria de acesso se conecta as escadas de acesso das casas vizinhas.
De forma a aliviar o peso nas fundações existentes foi proposta a utilização de estrutura metálica laminada e alvenarias em bloco de concreto. No nível térreo o bloco de concreto foi utilizado somente como alvenaria por ter menor peso. No primeiro pavimento o mesmo bloco tijolo de concreto foi utilizado, porém dessa vez também como estrutura. No mesmo nível um terraço descoberto com paredes altas permite a visualização do céu e da copa das árvores e mantém a privacidade desejada. A inclinação da cobertura parte do ponto máximo permitido pela legislação (7,5m medidos a partir do térreo previamente aprovado) até a altura de cobertura da casa térrea que é vizinha à nova construção.
ficha técnica
projeto
Casa 711H
autoria
Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco / Bloco Arquitetos
arquiteto responsável
Matheus Seco
equipe
Giovanni Cristovaro e Fernando Longhi (colaboradores)
localização
Brasília DF Brasil
ano de conclusão da obra
2017
fotografia
Joana França
consultoria esquadrias de chapa de aço perfurada e estrutura metálica
Arquiteto Rodrigo Scheel / Matriz Engenharia
gráficos
Elisa Albuquerque
premiação
Menção honroa na categoria “Residencial unifamiliar / executado” na Premiação IAB/SP Especial 75 anos 2018
nota
NE – O júri do Prêmio Instituto Tomie Ohtake Akzo 2018, formado pelos arquitetos Adriana Benguela, Fábio Mariz Gonçalves, José Lira, Marcos Boldarini e Priscyla Gomes, selecionaram treze finalistas, publicados nos números 211 e 212 da revista Projetos do portal Vitruvius:
01. PRISCO, Alexandre; ANDRADE, Nivaldo. Casa do Carnaval. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 211.01, Vitruvius, jul. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.211/7056>.
02. MANGABEIRA, Daniel; COUTINHO, Henrique; SECO, Matheus. Casa 711H. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 211.02, Vitruvius, jul. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.211/7058>.
03. NITSCHE, Lua; NITSCHE, Pedro. Residência Piracaia. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 211.03, Vitruvius, jul. 2018 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.211/7059>.
04. O’LEARY, Fernando; DOMINGUES, Pedro; FARIA, Pedro. Vila Amélia. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 211.04, Vitruvius, jul. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.211/7060>.
05. TEIXEIRA, Carlos M. Casa no Cerrado. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 211.05, Vitruvius, jul. 2019 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.211/7062>.
06. VAINER, André. Residência em Gonçalves. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 212.01, Vitruvius, ago. 2018 <http://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.212/7063>.
07. VIGLIECCA, Héctor; QUEL, Luciene; SHIMIZU, Neli; WERNER, Ronald Fiedler. Parque Novo Santo Amaro V - Programa Mananciais. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 212.03, Vitruvius, ago. 2018 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.212/7064>.
08. MACIEL, Carlos Alberto; ITOKAWA, Ulisses Mikhail Jardim. Estúdios Ouro Preto. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 212.04, Vitruvius, ago. 2018 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.212/7065>.
09. CALVINO, Rodrigo; PORTAS, Diego. Hostel Villa 25. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 212.02, Vitruvius, ago. 2018 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.212/7071>.
10. JUNI, Anna; WINKEL, Enk te; DELONERO, Gustavo. Sede de uma Fábrica de Blocos. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 212.05, Vitruvius, ago. 2018 <http://vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.212/7073>.
11. FANUCCI, Francisco; FERRAZ, Marcelo. Cais do Sertão. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 216.02, Vitruvius, dez. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.216/7193>.
12. XAVIER, Cristina. Vila Taguaí. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 205.03, Vitruvius, jan. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.205/6859>.
13. ROCHA, Paulo Mendes; MOREIRA, Marta; BRAGA, Milton; FRANCO, Fernando de Mello. Sesc 24 de Maio. Projetos, São Paulo, ano 18, n. 206.02, Vitruvius, fev. 2018 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/18.206/6886>.