Uma pequena arquitetura, um abrigo, uma folie, um marco na paisagem. Um sinal da presença humana e da apropriação do lugar – um evento, um farol – construído com apenas 1km de madeira.
A proposta desenvolvida para um workshop de construção em madeira na Argentina, o “observatório do campo e das estrelas” aborda temas como estruturas frágeis, construções precárias e espaços efêmeros.
A vasta paisagem que nos conecta e identifica é o ponto de partida para a proposta – os campos da Argentina, Uruguai e sul do Brasil – com seus infinitos planos de pastos e céu representam uma paisagem única na qual as fronteiras e as divisas se desfazem.
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Observatório do Campo e das Estrelas, corte esquemático paralelo 30, Ceibas, Entre Rios, Argentina, arquitetos Cássio Sauer e Elisa T Martins
Imagem divulgação [Sauermartins]
Nesta paisagem desolada, notavelmente afastada de qualquer área urbana, o “pampa” característico da região Sul do continente americano: um território contínuo marcado por condições ambientais semelhantes que se revela na austeridade das construções.
Como referência a eventos geográficos – os Andes, as montanhas, ou à arquitetura pré-colombiana – o pequeno observatório olha para o céu e para o seu contexto.
Uma peça com significado não somente pelo desenho, mas como uma experiência vivenciada e concretizada. Uma estrutura temporária que se realiza a partir da experiência de montagem, de ensino e de investigação.
O pavilhão enfrenta o desafio de construir uma estrutura vertical em um contexto rural – em contraste com sua horizontalidade predominante – e estabelece uma conexão única com o lugar.
A verticalidade da estrutura se dá através de uma construção simples e racional com peças estruturais de fundações, pilares e vigas que reduzem de seção em altura; peças e conexões dimensionadas e articuladas de forma a propor uma construção experimental.
Através do uso de poucos elementos, o observatório cria um espaço interno abrigado que confronta a fina linha entre o tangível e o intangível.
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Observatório do Campo e das Estrelas, modelo em computação gráfica, Ceibas, Entre Rios, Argentina, arquitetos Cássio Sauer e Elisa T Martins
Imagem divulgação [Sauermartins]
O observatório possui 20 colunas e 50 vigas que compõem um sistema de grelha estrutural. Com 9.60 metros de altura – a estrutura flutua a partir do solo em 20 apoios que deixam aparentes as peças de madeiras que compõem a fundação. A plataforma elevada do solo natural gera um primeiro nível de contemplação das diferentes visuais do entorno.
No interior, o plano do primeiro piso, uma escada e o segundo pavimento oferecem um percurso de subida que permite perspectivas diferentes da estrutura, da paisagem e do céu acima. O nível superior, na cota 3.00 metros, proporciona uma visual para os campos e até as estrelas.
O tecido claro e permeável envolve a estrutura como um manto, uma máscara difusa que filtra a luz e modela o espaço interior, além de permitir diferentes aberturas e fechamentos.
À noite, o véu reage como uma lanterna e destaca a complexidade da estrutura, proporcionando diferentes sombras e perspectivas, gerando impressionantes visuais desde e para o observatório.
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Observatório do Campo e das Estrelas, maquete física, Ceibas, Entre Rios, Argentina, arquitetos Cássio Sauer e Elisa T Martins
Foto divulgação [Sauermartins]
ficha técnica
obra
Observatório do Campo e das Estrelas
projeto
Cássio Sauer, Elisa T Martins / Escritório Sauermartins
colaboradores
Barbara Remussi, Luísa Pasqualotto, Augusto Pereira e Júlia Scopel Fraga
curadoria
Hello Wood Argentina e Jaime Grinberg
equipe de montagem/estudantes
Bruno Coutinho [BR], Erika Viotti Bollinger [AR], Franca Ferraris [AR], Matias Alonso [AR], Maria Angeles Franco [AR], Micaela Riquelme [AR], Neuen Ari Blatto [AR], Santiago Lasca [AR] e Valentina Imbaud [AR]
datas
Projeto: 2017
Construção: março 2018
local
Ceibas, Entre Rios, Argentina
dados numéricos
Área construída: 20m2
Altura: 9.60m
fotografias
Fernando Schapochnik, Cássio Sauer, Franca Ferraris, Bárbara Goris e Mauricio Mendez
estrutura
Eng. Paulo Stumm
consultores
José Luiz Canal e Diogo Valls
premiação
Menção honrosa na categoria ‘madeira’ na Premiação IAB/SP Especial 75 anos 2018