O programa da casa foi distribuído em dois pavilhões que foram posicionados ligeiramente suspensos do piso e desnivelados um em relação ao outro. A elevação dos pavilhões tem dois motivos principais: previnir a entrada de pequenos insetos e animais silvestres à casa e minimizar a movimentação de terra na obra. A piscina localiza-se em um terceiro nível, o mais baixo da construção. O primeiro pavilhão abriga a sala, varanda, garagem e demais serviços. O segundo pavilhão, o mais próximo à piscina, abriga os quartos. O clima ameno da região permitiu que a conexão entre os pavilhões se desse através de passarelas cobertas que não possuem paredes ou esquadrias de fechamento. A ideia foi maximizar o contato direto com as condições naturais do terreno no uso diário da casa.
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Casa Vila Rica, perspectiva isométrica, Brasília DF Brasil, 2017. Arquitetos Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco / Bloco Arquitetos
Imagem divulgação [Bloco Arquitetos]
A escolha dos materiais de construção foi baseada em duas premissas: eles deveriam envelhecer bem sob a ação das intempéries sem a necessidade de manutenção constante e eles não deveriam esconder sua aparência natural. Sendo assim, o concreto aparente foi adotado para toda a estrutura e partes do mobiliário fixo tais como mesa de jantar, estantes, bancos e o forno e fogão à lenha. O piso em cimento queimado foi utilizado nos pisos internos. Somente um tipo de granito lixado foi utilizado em todos os pisos externos, bancadas, áreas molhadas e no interior da piscina. Um tipo de compensado naval foi utilizado em todo o mobiliário, algumas vezes em combinação com peças de serralheria. Um tipo de tijolo cerâmico com espessura final de 12cm foi utilizado para construir todas as alvenarias, portanto toda a estrutura de pilares da casa fica aparente e funciona de forma independente das paredes.
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Casa Vila Rica, Brasília DF Brasil, 2017. Arquitetos Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco / Bloco Arquitetos
Foto Haruo Mikami
A mão-de-obra disponível não tinha experiência na execução da estrutura em concreto aparente. Sendo assim, ao invés de buscar a qualidade fina de acabamento do concreto nós decidimos assumir as imperfeições inerentes à sua execução. Desenhamos a paginação de fôrmas e acompanhamos todo o processo da definição do traço do concreto a ser utilizado, porém deixamos aparentes os pequenos defeitos de concretagem.
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Casa Vila Rica, Brasília DF Brasil, 2017. Arquitetos Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco / Bloco Arquitetos
Foto Haruo Mikami
Os banheiros possuem aberturas zenitais sobre jardins internos que promovem ventilação e iluminação naturais. A torre de caixas d´água possui dois níveis internos e abriga também o boiler e equipamentos de ar-condicionado. Ela é coberta por uma parede vazada composta de tijolos maciços que foram assentados de modo a deixar pequenos espaços para a ventilação. O projeto de paisagismo procurou recuperar espécies nativas do cerrado. Sua primeira fase já foi implantada.
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Casa Vila Rica, Brasília DF Brasil, 2017. Arquitetos Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco / Bloco Arquitetos
Foto Haruo Mikami
ficha técnica
projeto
Casa Vila Rica
ano
2017
área
450m²
arquitetura
Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco (autores), Victor Machado, Marina Lira e Tati Lopes (colaboradores) / Bloco Arquitetos
projeto de estrutura
André Torres
instalações
Victor Silvério
paisagismo
Mariana Siqueira e Jardins do Cerrado
gerenciamento de obra
Gilmar Guimarães
foto
Haruo Mikami