De tempos em tempos alguns vocábulos, termos ou expressões são renomeados e iluminam a sua semântica original. Atualmente, conforto ambiental vem sendo usado indiscriminadamente na arquitetura. Designa e relaciona tudo aquilo que está adequado e adaptado, que consola e traz prazer, que é competente e apropriado ou ainda, que é convenientemente oportuno. Assim sendo, só podemos explicar o significado e o sentido de conforto articulando um contexto histórico e sócio-cultural. A simples delimitação de seus aspectos físicos e fisiológicos (portanto, observáveis, mensuráveis e tecnicamente manipuláveis), mesmo que abordados especificamente no ambiente construído, sempre resultará num conceito incompleto.
Assim questiona-se: o que priorizar quando estamos em busca do sentido ideológico de conforto?
Numa concepção transdisciplinar o autor relaciona várias interpretações sobre o tema e realiza um passeio multidisciplinar pelas artes plásticas, literatura, filosofia, psicologia, música e enfermagem. Relata experiências pessoais e recordações confortáveis da sua história de vida. Explora e analisa os cinco sentidos do corpo humano e sua relevância para a expressão básica do conforto ambiental. Na perspectiva de valores humanos busca a comodidade, a adequação e a expressividade. Reconhece que o resultado, como um produto cultural, é um conjunto de elementos harmoniosamente equilibrados e bem estruturados na técnica e na arte.
Até o presente momento a concepção arquitetônica e a tecnologia da construção muito fizeram para privilegiar os métodos mecânicos consumidores de energia. O autor lastima, pois, que o atual modelo de conforto ambiental se reduza aos cálculos mecanicistas do automatismo.
A leitura desta obra é, com certeza, uma surpresa bastante agradável e auspiciosa. É também, muito reconfortante saber que profissionais extremamente capacitados e com formação tecnológica específica se debruçam sobre tais assuntos, buscando fundamentação filosófica e artística.
A percepção do espaço requer sensibilidade; o clima humano de conforto e a intimidade sugeridos na capa reafirmam a idéia de L. Heschong, de que assim como o espírito anima o corpo físico de um ser vivo, o fogo aparece como a alma viva do corpo da habitação.
O autor é Engenheiro Mecânico (UFPR, 1990), Mestre em Engenharia (Univ. Utsunomiya, Japão, 1993) e Doutor em Engenharia (Univ. Karlsruhe, Alemanha, 1996). Desde 1997 é professor de Conforto Ambiental no Curso de Arquitetura e Urbanismo e desde 2000 no Programa de Pós-Graduação em Construção Civil da UFPR, do qual é atualmente vice-coordenador.
sobre o autor
Silvana Laynes e Castro é arquiteta