O livro Urbanismo em Minas Gerais: pelas cidades, coordenado por Fabio José Martins de Lima, vem integrar a nova coleção de publicações da rede de pesquisa Urbanismo no Brasil.Esta rede interinstitucional, iniciada em 1992, abrange hoje equipes de pesquisadores em nove cidades brasileiras.
Disponibilizar de forma organizada uma grande base documental foi o objetivo inicial da rede de pesquisa. Era bastante simples e talvez seja um dos motivos de seu sucesso. Mas sempre tivemos como meta avançar na reflexão teórica e metodológica sobre a história do urbanismo e do planejamento urbano no Brasil. A recuperação, sistematização e divulgação do material documental conduziu para uma reflexão articulada. Possibilitou identificar as principais linhas e matrizes do pensamento urbanístico, aprofundar a percepção das diferenças e semelhanças entre os processos de urbanização e de planejamento das cidades.
Os estudos aqui apresentados sobre os três municípios Chácara, Mar de Espanha e Santana do Deserto polarizados por Juiz de Fora e inseridos na Zona da Mata Mineira revelam semelhanças no processo de urbanização, além de aspectos culturais e ambiências naturais em comum. Especial atenção foi dada ao patrimônio arquitetônico e urbanístico assim como foram analisadas as possibilidades de desenvolvimento econômico. Uma etapa importante foi dedicada a participação da população no processo de planejamento. Nas oficinas participaram professores, técnicos da administração e membros das comunidades dos municípios estudados.
Podemos afirmar que a metodologia aplicada aos estudos desenvolvidos para estes municípios se inserem em uma nova fase do planejamento urbano, marcada pela aprovação do Estatuto da Cidade. Conforme nos apresenta Fabio, no artigo inicial em que aborda a historia do planejamento urbano de Minas Gerais, a interiorização das ações sobre as cidades se iniciou nos anos 30, quando se organizou o Departamento de Administração Municipal, órgão destinado a prestar assistência técnica, financeira e administrativa aos municípios. Porem é importante ressaltar
que este movimento emerge da capital para o interior, quando o conhecimento produzido por engenheiros, arquitetos , urbanistas guardava uma estreita vinculação com os problemas enfrentados pela grande cidade. Belo Horizonte como primeira cidade capital projetada e construída ainda no século XIX é um marco do urbanismo no Brasil.
O livro Urbanismo em Minas Gerais: pelas cidades ao combinar a reflexão à prática do planejamento urbano proporciona de forma instigante uma visão sobre as duas faces complexas e complementares deste campo de conhecimento. Os estudos e propostas urbanísticas inseridos no contexto político, social e econômico em que foram produzidos, nas cidades da Zona da Mata, refletem a territorialidade dos processos sociais e introduzem novos elementos que permitem interpretações singulares sobre as possibilidades de planejamento urbano. Fabio envolveu uma ampla e diversificada equipe neste projeto acadêmico de extensão contando com a participação de professores, profissionais e alunos mostrando a potencialidade da universidade na produção de um conhecimento que tem um real compromisso com a transformação da sociedade brasileira.
É com grande satisfação que apresentamos este livro integrado à produção da rede de pesquisa. A rede, hoje, é formada por: Ana Fernandes, Célia Ferraz de Souza, Eneida Maria Souza Mendonça, Fábio José Martins de Lima, José Francisco Bernardino de Freitas, Jose Geraldo Simões Jr, Marco Aurélio de Filgueiras Gomes, Maria Cristina da Silva Leme, Maria Soares de Almeida, Marlice Nazareth Soares Azevedo, Sarah Feldman, Vera F. Rezende, Virgínia Pitta Pontual.
nota
NE
O presente texto é a apresentação publicada no livro.
sobre a autora
Maria Cristina da Silva Leme é arquiteta, doutora em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo e professora da Universidade de São Paulo, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. É coordenadora da Rede Urbanismo no Brasil Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.