Com curadoria de Benoît Jallon, Umberto Napolitano e Franck Boutté, a Mostra “Paris Haussmann, modèle de ville” é baseada em uma investigação que revela que a forma urbana da Paris de Haussmann pode ser considerada como um possível modelo ou inspiração para a construção da cidade contemporânea.
Projetada com fins educativos, o local da exposição começa com uma série de diagramas que reinterpretam a história (Parte1- Haussmann Modèle de Ville). Mais de 100 desenhos, planos, arquivos e novas fotografias de Cyrille Weiner, bem como, inúmeras maquetes comparativas compõem as duas outras partes intituladas: 2- Analyse Typo-Morphologique e 3- Analyse de L’Efficience.
A mostra classifica, compara e redesenha os eixos urbanos, a ordem dos vários espaços públicos, com base em seus edifícios e geometria atual; e utiliza como chave para compreensão desse patrimônio a escala – as várias escalas, que justamente o qualificam como modelo de cidade.
Entretanto, ao analisar a forma com o propósito de compreender o significado, a exposição e o livro que a complementa, assume o papel de um atlas retrospectivo-contemporâneo do território de atuação do Barão Haussmann.
A terceira parte da exposição demonstra, a partir de gráficos, a eficiência do modelo haussmaniano se comparado com outras metrópoles internacionais: Barcelona, New York, Moscou, Berlim, Chicago, Washington DC, Amsterdã, Londres, Manila, Tóquio, Dakar, Nápoles, Brasília e Toledo.
Essa nova interpretação da cidade, a partir de informação obtida através da concepção e desenvolvimento de novas tecnologias e cálculos dos arquitetos Umberto Napolitano, Benoît Jallon e do engenheiro civil Franck Boutté, faz emergir um novo plano de cidade, de acordo com critérios contemporâneos devidamente explicados em folhetos, a serem levados na entrada da exposição: Global (Un projet total); Sérielle (La ville en catalogues); Mitoyenne (Vecteur de partage); Locale (Économie circulaire); Généreuse (Abondance de vides, abondance de pleins); Intense (Service et polycentrisme); Smart (L’Immeuble “terminal urbain”); Réversible (Mixité programmatique); Flexible (Typoligies bâties); Modulable (Unité/Multiplicité); Cohérente (Superposition entre ville du dessus et ville du dessous); Marchable (Urbanisme de longues et de courtes distance); Homogéne (Connectivité physique et virtuelle); Appropriable (L’invention d’un paysage homogène); Théâtrale (La rue “théâtre”, la cour “coulisse”); Adaptable (Rez-de-chaussé et entresol: un socle flexible); Efficace (Emprise au sol bâtie et densité urbaine); Équilibrée (Densité/Porosité); Constante (Flexibilité et reversibilité); e Narrative (Langage de façade(s)).
A partir disso, a mostra explicita seu maior objetivo: estimular o visitante a reexaminar os critérios do planejamento urbano contemporâneo à luz de um sistema em que os requisitos de desempenho visam buscar o prazer de viver em um lugar; onde o elemento resiliente seja a própria arquitetura.
E assim torna-se natural indagar: Qual é o walkability do tecido urbano haussmaniano em comparação com outras cidades internacionais? Por que a densidade incrível do modelo de Haussmann é tão confortável? Como está a eficiência energética dos blocos urbanos e edifícios em relação às normas vigentes? É o quarteirão urbano do século XIX um instrumento a serviço de uma cidade sustentável? Ou ainda, como o edifício haussmaniano é arquétipo de flexibilidade?
sobre o autor
Adalberto da Silva Retto Júnior é professor de Desenho Urbano e História do Urbanismo na Universidade Estadual Paulista – Unesp Bauru e Visting Schoolar do Programa Erasmus Mundus Sorbonne I (Paris, Evora, Pádua). Doutor pela USP/IUAV de Veneza e Pós Doutorado no Doutorado de Excelência do IUAV de Veneza.