O Museu Kolumba é uma interessante combinação de arquitetura, patrimônio e artes plásticas. Localizado no centro histórico de Colônia, o edifício projetado pelo arquiteto suíço Peter Zumthor foi construído e de 2003 a 2007 sobre as ruínas da igreja românica de Santa Kolumba, destruída durante a Segunda Guerra Mundial. Zumthor foi agraciado em 2009 com o Prêmio Pritzker de arquitetura. O museu abriga a preciosa coleção de artes plásticas da Arquidiocese da cidade.
No nível térreo percorremos as escavações da igreja deixadas à mostra sobre uma extensa passarela de madeira. Delgados pilotis de concreto proporcionam cobertura à ruínas, dramaticamente iluminadas e protegidas do exterior por paredes de alvenaria vazada por cobogós. Eles nos trazem o frio intenso de fevereiro e com ele o silencio de um passado ainda presente nos restos arquitetônicos do templo.
Subimos uma estreita e longa escadaria ao encontro de sua arquitetura neutra, mas com personalidade bastante para definir espaços claros,que possibilitam um contato com as obras de arte em um verdadeiro ato de meditação.
Quando percorremos as salas propositalmente vazias, a cor bege claro argamassada se funde em todos os planos – parede teto e piso. O contraste se dá apenas entra as peças da coleção do museu diocesano, estrategicamente posicionadas (e contrapostas). Deparamos-nos, por exemplo, com uma pequena pintura a óleo do início do século XIX frente a frente com uma escultura moderna em concreto na parede oposta. Entre as duas obras apenas o vasto espaço iluminado por grandes planos de vidro e aço. A arquitetura passa a fluir como o elemento catalisador do contraste entre as obras, que vão desde retábulos barrocos a instalações contemporâneas. As altura do pé-direito muda nos diversos ambientes, contribuindo para o processo de apreciação das obras de arte.
Externamente a construção se expressa através de planos e volumes sóbrios, marcados pela leve textura dos cobogós, valorizando e também permitindo apreciar do lado de fora excertos das ruínas históricas incorporados à sua superfície.
nota
NE
Artigo originalmente publicado no blog Arquitetura Escrita.
sobre o autor
Luiz Antonio Lopes de Souza (1963) possui graduação em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1986) e mestrado em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2006). Atualmente é arquiteto chefe do Núcleo de Arquitetura da Fundação Biblioteca Nacional.