Andando por Veneza fui acometido por devaneios (pesadelos?) pós-modernos baseados em sua imagem emblemática: Venice Beach, um distrito de Los Angeles, e o cassino The Venetian, em Las Vegas. As venetizacões norte-americanas são desastrosas.
Veneza, destino turístico fabuloso, fonte inspiradora de músicas, romances e filmes, dispensa comentários, exceto a recomendação de não se perder oportunidades de vê-la e revê-la.
Em Venice Beach, adorável destino Old Beatnik, pouco restou além do nome e alguns canais, de uma tentativa de empreendimento imobiliário do começo do século 20, com canais como sistema de comunicação para o acesso às casas, que redundou num fracasso, por desconsiderar os efeitos das marés e a falta de saneamento.
The Venetian, nasceu em meio ao show de horrores de reduções arquitetônicas de Las Vegas, reproduzindo os canais da cidade, obviamente com locação de gôndolas, sob um falso céu ensolarado, 24 horas por dia, com um mega hotel, lojas, restaurantes entre as imensas salas de jogos.
Os tristes efeitos arquitetônicos venezianos no mundo são comparáveis aos efeitos das arquiteturas neoclássica, mediterrânea e germânica entre nós.
sobre o autor
Michel Gorski é arquiteto e co-editor da revista Arquiteturismo do portal Vitruvius.