No último encontro com o professor Aziz Ab'Saber no Iphan Regional São Paulo ele nos mostrou que o mais importante documento do Rio de Janeiro estava em alguns poucos e raros metros quadrados nos pontos altos dos domos de pedra em torno da Baía da Guanabara.
Ele conhecia o domo do Pão de Açúcar, onde sobrevivia o fragmento de caatinga que entre 13.000 e 18.000 anos atrás era a paisagem árida predominantes do Rio até o nordeste do país.
Segundo ele, era um documento ímpar da "teoria dos refúgios" no Brasil, de Paulo Vanzolini (músico consagrado, autor de “Ronda”, e professor da Usp, com doutorado em zoologia pela Universidade de Harvard). Os constantes projetos de paisagismo do Pão de Açúcar reduziu e modificou o pouco que tinha sobrado deste refúgio.
No alto do Morro do Forte do Pico em Niterói, que é também um grande domo de rocha, o resíduo da caatinga é mais visível...
Em memória do professor e ex-chefe Aziz, eu fotografei esse documento histórico...
sobre o autor
Victor Hugo Mori, arquiteto (Mackenzie, 1975), foi Superintendente Regional do Iphan-SP e Chefe de Restauro e Diretor Técnico do Condephaat (1983-1987). Ingressou nos quadros do Iphan em 1987. Foi Coordenador da Comissão de Patrimônio Histórico do IAB e Conselheiro do Condephaat, Condepasa e Conpresp. Autor de "Arquitetura Militar: um panorama histórico a partir do Porto de Santos" (Imesp-Funceb, 2003), co-autor com Carlos A. C. Lemos de "Patrimônio: 70 anos em São Paulo" (Iphan, 2008) e organizador de "Patrimônio: atualizando o debate" (Iphan-Dersa, 2006).