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architectourism ISSN 1982-9930

Sao Luís do Maranhão. Foto Victor Hugo Mori

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Sérgio Machado relata as três vezes que visitou o escritório de Oscar Niemeyer, em Copacabana


how to quote

MACHADO, Sérgio. Visitas a Oscar Niemeyer. Arquiteturismo, São Paulo, ano 06, n. 071-072.03, Vitruvius, jan. 2013 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/06.071-072/4645>.


Logo após a redemocratização do país, Niemeyer fez uma conferencia concorridíssima no Rio de Janeiro. Eu e quatro amigos saímos de BH num fusquinha e fomos assistir. Chegamos atrasados (é claro!), já no momento das perguntas finais. Ficamos decepcionadíssimos. Afinal aquela fala censurada vinha sendo muito esperada.

Na tarde do dia seguinte, pouco antes de regressarmos, nos enchemos de coragem e fomos bater à porta do mestre. Atendeu-nos a D. Vera Lúcia, sua secretária e depois esposa. Ele estava em reunião com uns engenheiros italianos, mas D. Vera ia ver o que daria pra fazer.

Voltou dando sinal verde, pedindo que aguardássemos. Esperamos uns vinte minutos e eis que surge o mito. Depois das apresentações e da inevitável tietagem, Niemeyer começou a falar dos seus projetos, desenhando num papel sobre um cavalete. Acabou proferindo para nós cinco, a palestra para milhares que havíamos perdido na véspera.

Foi o máximo!

Passados alguns anos, eu estava em Copacabana num sábado de manhã, que era o melhor dia para se comprar discos na Modern Sound (perceberam a época?) e resolvi arriscar uma nova visita.

O escritório do Niemeyer ficava num prédio de apartamentos, cuja cobertura havia sido adaptada para escritório. Era um espaço pequeno, composto por três ou quatro salas. A gente subia de elevador até o último andar e depois de escada até o escritório.

O hall de entrada tinha uma das paredes totalmente ocupada por uma foto da Igreja da Pampulha.

Toquei a campainha e lá estava a D. Vera. Fui recebido com a maior cordialidade pelo Oscar: ele ia ao escritório todos os dias, inclusive aos sábados. Ficava “inventando coisa pra fazer”, ela me disse.

Conversamos por mais de uma hora naquela sala de vidro, voltada para o mar. Falamos de arquitetura e da burrice humana, coisa que o deixava muito impaciente.

Em 1988, voltei mais uma vez. Ao chegar à porta, ele estava de pé, conversando com D. Vera. Me identifiquei como um arquiteto de Minas (carioca não entende bem o que é BH, para eles tudo é Minas). Disse que já havia estado ali outras vezes, ao que ele respondeu: “tá de sacanagem, né? Você acha que eu vou me lembrar de todo mundo?”

Rimos das situações semelhantes que ele sempre passava.

Desta vez, ele me conduziu até a biblioteca, que é o espaço onde sempre concedia entrevistas. Não naquela época: as estantes estavam vergadas sob o peso dos livros e eles se amontoavam em camadas indecifráveis. Nos sentamos lado a lado num velho sofá dos anos 60 e conversamos por um bom tempo.

Acostumado a chamar o sujeito de Niemeyer, é um pouco estranho chamá-lo de Dr. Niemeyer, ao vivo. Entretanto, com 15 minutos de conversa a gente via que o único modo de tratá-lo era por Oscar.

A sua capacidade de interagir, a sua empatia com as pessoas, o seu interesse pelo outro e a sua necessidade de se comunicar, tudo se juntava num encontro sem qualquer traço de mistificação.

Quando senti que já era tempo, me despedi. Ele insistiu para que eu ficasse, pediu um café e ficamos ainda quase uma hora conversando fiado.

Ao sair, a conversa esticou até a porta. Num pedacinho de papel, sobre um balcão, ele começou a desenhar um projeto no qual estava trabalhando. Ao terminar, pedi que me desse aquela jóia. Ele me respondeu com a frase que tanto usou ao longo da vida: “vou fazer diferente”. Buscou uma gravura que fazia parte de uma exposição de desenhos que estava prestes a inaugurar. Fez uma dedicatória e me deu de presente.

sobre o autor

Sérgio Machado é arquiteto e escreve crônicas semanais na Folha do Povo, de Itaúna.

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