Em dois momentos distintos – em domingos, no mínimo tristes – passei por um mesmo ponto do Cemitério Israelita do Butantã e tive a atenção despertada por sons bem vivos, vindos do lado externo.
Na primeira vez eram sons de marteladas em madeiras com conversas contundentes; logo descobri que era um terreno baldio, que estava sendo ocupado às pressas. Para mim, uma situação pouco corriqueira, que me paralisou, e fotografei.
Da segunda vez – sem me recordar da primeira –, ao estacionar o carro nas proximidades veio o alarido de rádios e conversas corriqueiras de um domingão. Assim, me deparei com a vida (urbana?) ao lado da morte.
Escrevi uma vez sobre cemitério (1), falando e olhando para dentro (tanto a cena dos mortos, como para as minhas memórias ainda vivas de parentes). Com estas imagens, que ainda não absorvi totalmente, apenas compartilho com os leitores.
nota
1
GORSKI, Michel. Beissoilem briders, irmãos para sempre. Devarim – Revista da Associação Religiosa Israelita, ano 1, n. 2, Rio de Janeiro, jul. 2006, p. 38-39 <www.barbierigorski.com.br/irmaos_sempre.pdf>.
sobre o autor
Michel Gorski é arquiteto e escritor. Com Abilio Guerra, é editor de Arquiteturismo.