O filósofo sofista Protágoras afirmou na antiguidade grega que “o homem é a medida de todas as coisas”. Com o Império Romano ditando as regras da cultura europeia, coube a Vitruvius, em seu famoso livro Os dez livros da arquitetura, transformar a máxima em regras de composição arquitetônica, onde as relações entre as medidas do corpo humano estavam em consonância com a proporção áurea.
Com a decadência das civilizações grega e romana e a hegemonia da Igreja Católica durante a chamada Idade Média, esse princípio foi substituído pela escala diminuta do homem diante de Deus.
O Renascimento trouxe de volta antigas crenças e Protágoras e Vitruvius voltaram a ser protagonistas. Como o segundo não desenhou suas ideias, abriu espaço para a imaginação de pintores e arquitetos formularem seus “homens vitruvianos”, cabendo a Leonardo da Vinci a versão mais feliz, consagrada pela tradição.
No início do século 20 temos uma nova retomada de princípios normativos buscados à geometria liderada pelo arquiteto suíço-francês Le Corbusier. Seu modulor, reinterpretação da crença no homem como medida dos artefatos humanos, se converte em novo cânone de arquitetos alinhados com as vanguardas modernas.
Nos tempos atuais, onde o debate sobre os gêneros ocupa espaço significativo no debate cultural, o arquiteto dublê de fotógrafo Victor Hugo Mori adotou a máxima “minha mulher é a medida de toda arquitetura”. Alexandrina Mori (1), a Nina, se torna assim uma nova régua, que estabelece a escala huma(Ni)na da arquitetura mundial.
nota
Ver: MORI, Alexandrina. Sentimental Journey em Liverpool. Passeio nostálgico na cidade dos Beatles. Arquiteturismo, São Paulo, ano 05, n. 057.01, Vitruvius, nov. 2011 <www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquiteturismo/05.057/4122>.
sobre os autores
Michel Gorski – co-editor da revista Arquiteturismo – é arquiteto e escritor, trabalha com arquitetura do entretenimento e urbanismo. É autor do livro infantil A menina da placa (ilustrado por Fernando Vilela) e em parceria com Sílvia Zatz eescreveu: Por um triz, O soprador, Irerê da Silva e A mão livre do Vovô.
Abilio Guerra é professor de graduação e pós-graduação da FAU Mackenzie e editor, com Silvana Romano Santos, do portal Vitruvius e da Romano Guerra Editora.