A origem da Cidade de Currais Novos ocorreu em meados de século 18, quando Cipriano Lopes Galvão veio de Igarassu PE com sua esposa Adriana de Holanda e Vasconcelos no ano de 1754 para a região do Totoró, onde fundou uma fazenda de Gado. Com o tempo, outros fazendeiros chegaram à região. O sucesso na comercialização de animais foi crescendo paulatinamente e a fazenda do Sr. Cipriano, ficando cada vez mais frequentada, tendo em vista a boa infraestrutura para a troca e comercialização do gado, bem como para a hospedagem dos parceiros comerciais. A partir destes pioneiros, outras moradias começaram a ser construídas e vários outros fazendeiros passaram a requerer terras nas circunvizinhanças para aproveitar a proximidade com a emergente feira de gado. Todos os tropeiros e viajantes marcavam suas reuniões nos Currais Novos, nome pelo qual o crescente povoado passou a ser designado após 1813 e continua até hoje (1).
De acordo com o Inventário Turístico (2), Currais Novos é caracterizado por possuir um grande potencial turístico, muitas belezas naturais, bem como tem a tradição de promover diversos eventos culturais, dentre os quais podemos destacar a vaquejada de Currais Novos e Forro novos. No entanto, o referido inventário não detalhou a importância do museu Fundação Cultural José Bezerra, o qual preserva histórias e objetos de relevante valor histórico e cultural para as gerações futuras para entendermos a rica história do povo curraisnovense, os autores, juntamente com outros alunos de turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, visitamos o museu a fim de conhecer melhor a sua história e, posteriormente, divulga-la.
De acordo com a historiadora Márcia, a proposta da criação de um museu em Currais Novos foi idealizada inicialmente pelo escritor e então vereador curraisnovense José Bezerra Gomes, em 1948, quando este apresentou um Projeto de Lei que procurava incentivar a cultura num momento em que o município vivia um boom econômico, tendo em vista o desempenho do setor minerador. De fato, após a Segunda Guerra Mundial, a mineração em Currais Novos viveu o seu apogeu, com a produção de Scheelita. Este mineral era exportando, principalmente, para os países envolvidos no conflito bélico. A mina Brejuí, iniciou as suas atividades em 1943 e foi a responsável por um período de elevada prosperidade socioeconômica para a região do Seridó, em particular, para Currais Novos.
No entanto, somente no final dos anos de 1980, um grupo de mulheres preocupadas com a questão cultural, reuniram algumas peças e demandaram da prefeitura a criação do museu. Sendo assim, em dezembro de 1992, o então prefeito municipal Dr. Mozar Dias de Almeida. criou o Museu Monsenhor Paulo Herôncio (atualmente Fundação Cultural José Bezerra Gomes), a partir da aquisição de peças pertencentes ao falecido vigário. O endereço escolhido para a sua instalação foi o da antiga casa paroquial, onde morara Mons. Paulo Herôncio, alugada pelo poder público municipal, na avenida Coronel José Bezerra, 131.
Atualmente, o museu guarda a memória de seis personagens importantes da história da cidade: Monsenhor Paulo Herôncio; José Bezerra Gomes; Agenor Maria, um importante político da cidade de Florânia, o qual chegou a ser senador; a de Monsenhor Ausonio, que realizava importantes trabalhos sociais na cidade; a do doutor Mariano Coelho, o qual revolucionou a medicina local, focando seus trabalhos no público feminino; bem como a vida de Tomaz Salustino e a sua importância como fundador da Mina Brejuí. É necessário destacar que a Mina Brejuí revolucionou a economia de Currais Novos, pois gerou muito emprego, renda e riqueza para a região. O município foi beneficiado com a construção de hotel de luxo, cinema, bancos, escolas e outros equipamentos urbanos. Após alguns anos desativada, no presente momento, a mina atrai muitos turistas.
Devido a sua riqueza histórica, o museu, recebe muitas escolas estaduais e municipais, além de pessoas interessadas em conhecer da biografia da cidade, seus personagens, cultura, economia e desenvolvimento. Ou seja, é fomentado o turismo pedagógico, bem como na Mina Brejuí.
Para Márcia, o museu poderia ser considerado um memorial, pois guarda a memória de pessoas que foram importantes para o desenvolvimento socioeconômico do município. Por exemplo, Tomaz Salustino, o qual possui um memorial perto da Mina Brejuí. A visita ao memorial permite-nos conhecer a história do seu fundador e da exploração da scheelita. Além disso, a visita as galerias onde se extraía o mineral, podemos relembrar o período da mineração, conhecendo os processos extrativos da scheelita e os pioneiros do garimpo. Enfim, ainda é possível realizarmos um passeio de trenzinho puxado por trator às dunas de rejeitos minerais.
Ainda de acordo com a historiadora, como o museu não tem uma boa divulgação na cidade, poucos são os turistas estrangeiros que a visitam. Com este artigo ela espera que ele seja melhor divulgado. Os responsáveis pelo museu estão trabalhando no sentido de produzir uma hiperconectividade entre o museu e a sociedade como um todo.
notas
1
História de Currais Novos. Disponível em: https://www.visiteobrasil.com.br/nordeste/rio-grande-do-norte/polo-erido/historia/currais-novos.
2
Inventário Turístico 2016 – Currais Novos/RN / Coordenador: Rodrigo Cardoso da Silva. Currais Novos, EDUFRN, 2016.
sobre os autores
Simone da Silva Costa é graduada em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, mestrado em Economia do Trabalho pela Universidade Federal da Paraíba. Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professora substituta da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Jean Tavares Martins é graduando em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Luziete Juliana da Silva é graduanda em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.