Sou particularmente apaixonada por Ubatuba, situada no litoral norte de São Paulo, região que visito quase todos os anos desde a minha infância.
Foi em um passeio por esta linda cidade, cercada de belas paisagens naturais, que acabei descobrindo um magnífico cenário de ruínas. Ele conta com espessas paredes de pedra e cal, com vãos de janelas arqueadas e cobertas por musgos, e grossas camadas de vegetação, o que dá um ar misterioso e bucólico ao local. Achei este paraíso por acaso, quando estava à procura de uma cachoeira; felizmente, ao errar o caminho, acabei descobrindo um oásis arqueológico da cidade de Ubatuba.
As ruínas do Engenho da Lagoinha correspondem ao que sobrou do antigo engenho da fazenda do Bom Retiro, onde foram produzidas toneladas de açúcar. O complexo foi construído no início do século 19, precisamente no ano de 1828, pelo engenheiro francês Stevenné, um dos primeiros proprietários da Lagoinha. Trata-se de um local onde se respira a história colonial do país e que com um pouco de imaginação se pode viajar a épocas passadas.
Há de se destacar que as ruínas da Lagoinha são um dos cinco bens imóveis tombados de toda a cidade de Ubatuba, sendo o único que se encontra sob forma de ruínas. Elas foram tombadas pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo – Condephaat em 1985, com o objetivo de proteger o patrimônio do município. Hoje as ruínas estão sob a tutela da Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba – FundArt.
Infelizmente a densa camada de vegetação sobre o que restou da construção e ao redor dela, embora dê um ar mágico ao local, prejudica consideravelmente qualquer tentativa de manutenção da obra e até mesmo encobre partes da construção que resistiram ao longo do tempo.
É triste ver um local que possui vestígios da nossa história encontrar-se um pouco abandonado, sem placas explicativas da história do local, e sem segurança nenhuma. Hoje muitas pessoas passam ali para tirar fotos, por reconhecerem a beleza do lugar, mas como não possui mínima estrutura, rapidamente saem de lá. Acredito que estas ruínas com um pouco de cuidado e manutenção seriam mais visitadas, melhor apreciadas, e certamente se tornariam ponto turístico indispensável aos visitantes da região.
sobre a autora
Thamara Gasch Soares Vianna é arquiteta (FAU UFRJ, 2012).