Objetos de estima, coisas que a gente guarda e que quando olha nos passam um mundo de lembranças e imagens pelos nossos olhos. Nada tem valor a não ser o emocional, a estima, a volta ao passado distante ou recente, não importa.
Eu estava relendo algumas partes do ótimo livro El alma de los objetos – uma mirada antropológica del diseño, da querida amiga e colega de muitos projetos Luján Cambariere (1), cujo título já nos toca profundamente. Objetos que, pressupomos, são inanimados, mas quando os olhamos fixamente parecem criar vida... E criam!
O primeiro capítulo intitulado “Diseño y valores humanos” nos apresenta um primeiro subtítulo bastante apropriado “El amor por los objetos” e é isso o que nos leva a sacar que a velha fórmula funcionalista “form follows function” está há muito desgastada. Ee não houver valores emocionais percebidos, o design perde o sentido, não basta ser apenas utilitário.
Se desenha com e para as pessoas respeitando sempre seus repertórios, assim trazemos os sentimentos de estima para que os objetos ganhem alma e se comuniquem silenciosamente.
Guardo um monte de coisas que me emocionam e que não necessariamente ganhariam prêmios de design, mas que eu me sinto premiado ao tê-las e saber que estão por perto. Objetos que comprei, ganhei de familiares e amigos, e que se transformaram em amores à primeira vista.
Daí que, quase sussurrando, eles tocam as nossas almas e nos contam infinitas histórias. Passo horas e horas só olhando. E aqui tem uma parte apenas!
nota
1
CAMBARIERE, Luján. El alma de los objetos: una mirada antropológica del diseño. Barcelona, Paidós, 2017.
sobre o autor
Fernando Mascaro é arquiteto e observador desespecializado.