No último dia 17 de agosto a arquitetura moderna brasileira perdeu um de seus grandes nomes. Faleceu o colega Arquiteto Roberto José Goulart Tibau, nascido em Niterói no dia 09 de agosto de 1924 e formado pela Faculdade Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1949.
Nesse mesmo ano de 1949, Tibau se transfere para São Paulo e se associa ao Instituto de Arquitetos do Brasil, sendo o sócio n° 198.
A partir daí, inicia uma carreira muito expressiva dentro do quadro da arquitetura brasileira e paulista. Com influência da “Escola Carioca”, base de sua formação, traz para São Paulo, junto com outros profissionais, a expressão dessa linguagem da arquitetura moderna brasileira, que marcou época na produção paulista, principalmente nos trabalhos do Convênio Escolar, onde Tibau iniciou seus trabalhos, a convite de Hélio Duarte.
Esse inicio de atividades marcou sua trajetória profissional para o resto da vida, com uma intensa produção ligada aos edifícios educacionais, que marcaram a história da então jovem arquitetura moderna brasileira, numa importante produção, inicialmente do Convênio Escolar e posteriormente no FECE – Fundo Estadual de Construções Escolares.
Dessa experiência surgiu também uma série de edifícios educacionais profissionalizantes para o Senai – Serviço Nacional da Indústria, que também revolucionaram a produção da arquitetura, com edificações expressivas e linguagem moderna, além do projeto do Colégio Santa Cruz em São Paulo, demonstrando uma grande versatilidade e qualidade profissional, produzindo trabalhos tanto para o Poder Público, com recursos sempre reduzidos, como para a Indústria, e até mesmo para a classe mais abastada, como o próprio Colégio Santa Cruz.
Em paralelo a essa atividade profissional, Tibau teve uma permanente atuação educacional, como professor de projetos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP durante muitos anos, por onde passaram várias gerações de arquitetos, inclusive eu, podendo, portanto, confirmar sua atenção e paciência no trato com os alunos, além da transmissão de sua grande experiência, que muitos só vieram a descobrir posteriormente, já que por sua personalidade, era muito contido em suas manifestações e divulgação de seu trabalho. Após sua aposentadoria compulsória pela USP, manteve-se atuante como professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade São Judas.
Desse seu trabalho que deixa importantes marcas da primeira geração de arquitetos modernistas devemos salientar uma grande característica que foi sua produção quase sempre em equipe, valorizando muito o trabalho em conjunto com outros profissionais como Helio Duarte, Eduardo Corona, Oswaldo Correa Duarte, Lucio Grinover, entre outros.
Como representante dessa primeira geração de arquitetos modernistas, participou do Ciclo de Depoimentos do IAB/SP, dando um depoimento bastante bem humorado de sua atuação, mostrando as dificuldades e avanços profissionais, mas, mais do que isso, mostrando o amor pela profissão e pela arquitetura.
Recentemente o reencontrei na cerimônia de divulgação do resultado do Concurso para Modernização do Parque do Ibirapuera no Palácio dos Bandeirantes, onde, juntamente com seu filho participou, ansioso pelo resultado, e demonstrando mais uma vez seu amor pela profissão, atuando quase até o fim de sua vida.
sobre o autor
Gilberto Belleza é arquiteto, mestre e doutorando pela FAU-USP, professor de TFG da FAU Mackenzie, sócio diretor do escritório G. Belleza, M. Pereira & M. C. Batalha Arquitetos Associados, e presidente do IAB-SP e vice-presidente nacional do IAB.
