Your browser is out-of-date.

In order to have a more interesting navigation, we suggest upgrading your browser, clicking in one of the following links.
All browsers are free and easy to install.

 
  • in vitruvius
    • in magazines
    • in journal
  • \/
  •  

research

magazines

architexts ISSN 1809-6298


abstracts


how to quote

BARNEY CALDAS, Benjamin. O fim de uma profissão. Arquitextos, São Paulo, ano 04, n. 039.01, Vitruvius, ago. 2003 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.039/657>.

A crise da arquitetura no país depois do embate do pós-modernismo é fundamentalmente em sua prática. É a pior desde que se tornou também aqui uma profissão liberal, no começo do século passado, modificando sua longa e eficaz prática artesanal de tradição colonial. Ela não ocorre apenas devido a paralização da indústria da construção, especialmente em Medellín e Cali, afinal ela é estrutural, como tudo nesta era global.

Rem Koolhass afirmou (2) que a China, onde hoje se constrói a maioria dos edifícios do mundo, tem os honorários mais baixos e os prazos mais curtos que já existiram, levando em conta que se trata de grandes edifícios. Lá os arquitetos não têm escritórios e tudo se faz com pessoas de diversos lugares, com subcontratados medíocres pseudo-especializados, computadores e internet. Koolhaas acredita que esta maneira de fazer as coisas chegará à Europa em 20 anos. Aqui na Colômbia, aonde tudo chegava tarde, já chegou, mas com a notável diferença de que o trabalho dos arquitetos é cada vez menor e em Cali praticamente inexistente e sem perspectivas de que volte a ser como foi.

Por outro lado, pululam as escolas de arquitetura: mais de 35 aprovadas, num total de aproximadamente 60, a maioria delas recente e com professores improvisados entre estudantes recém-formados, nem sempre os melhores, sem experiência docente ou profissional. Nelas se matriculam centenas de jovens iludidos ou que buscam o atalho universitário dos programas de arquitetura, aos quais se ingressa facilmente e que pouco exigem para se tornarem "doutores", o que ajuda em nossa sociedade até para dirigir táxi, que é o que muitos terminam fazendo quando descobrem que não há trabalho para tantos arquitetos. Já são 34.000 os arquitetos formados no país, segundo estimativa da Sociedade Colombiana de Arquitetos. Um para cada mil e tantos habitantes do país!

As melhores escolas não se deram conta do problema. Não diversificam seus programas e com exceção de algumas, entre elas a Nacional, só timidamente começam algumas pós-graduações. As escolas não têm mudado seus métodos de ensino e nem sequer treinam com profundidade seus estudantes no desenho com computador, mesmo sendo esta habilidade a única que lhes permitirá trabalhar em seu campo de atividade quando terminarem o curso. Detalhe: ainda que mais da metade dos arquitetos que exercem a profissão no país se dediquem especificamente à construção, o programa correspondente existe em apenas duas universidades.

Seguramente há coisas por fazer. Obrigar que se cumpra a lei para que todos os edifícios e espaços públicos sejam objetos de concurso e motivar os investidores privados para que façam o mesmo. Exigir estudos de pós-graduação a todos os professores, ou comprovada e larga experiência, para que as escolas sejam aprovadas. Não permitir a prática profissional àqueles arquitetos que não contam com experiência prévia documentada em escritórios existentes e reconhecidos e passem por um exame de ordem. Se pode, também, atualizar o ofício unindo-o ao de outros profissionais em centros de trabalho e de prestação de serviços à profissão, à construção, à indústria e aos municípios. E, sobretudo, é preciso mudar o ensino da arquitetura, como já está acontecendo na Escola Internacional de Arquitetura e Desenho Isthmus, no Panamá.

A grande arquitetura voltará a ser também aqui uma arte de minorias para os mais talentosos, que lutam duramente para serem reconhecidos, como no Japão, Europa e Estados Unidos. Para eles valerá a máxima de H. H. Richardson que a primeira lei da arquitetura é conseguir trabalho. A prática profissional em geral ficará para os grandes escritórios internacionais, que já entraram no país. As construções comuns e pequenas serão de projetistas anônimos e baratos, como na China, onde – segundo Koolhaas – o peculiar de sua arquitetura atual é a absoluta falta de qualidade. Como em Cali, por sinal.

notas

1
Artigo originalmente publicado na coluna ¿Ciudad?, El Pais, Cali, Colombia, 28 de março 2003.

2
KOOLHAAS, Rem. Mutations, Harvard Project on the City.

sobre o autor

Benjamin Barney Caldas é arquiteto e ex-professor de arquitetura da Universidad del Valle e da Universidade San Buenaventura, Cali. Foi selecionado no II Prêmio Mies van der Rohe de Arquitetura Latino-americana.

comments

newspaper


© 2000–2024 Vitruvius
All rights reserved

The sources are always responsible for the accuracy of the information provided