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Balanço da 2ª edição do Seminário sobre ensino e pesquisa em projeto de arquitetura, ocorrido recentemente no Rio de Janeiro


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DUARTE, Cristiane Rose de Siqueira; RHEINGANTZ, Paulo Afonso. Projetar 2005: relato do segundo seminário nacional. Arquitextos, São Paulo, ano 06, n. 067.00, Vitruvius, dez. 2005 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.067/394>.

Foi realizado no Rio de Janeiro, de 8 a 11 de novembro de 2005, o Projetar 2005 – II Seminário sobre ensino e pesquisa em projeto de arquitetura. Promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro – PROARQ/FAU-UFRJ, o evento teve como um de seus objetivos a consolidação de um fórum regular de debates, intercâmbio e sistematização de conhecimentos relacionados com o ensino e com a investigação acadêmica na área de Arquitetura e Urbanismo. O Projetar 2005 teve como precursor o Projetar 2003 – I Seminário sobre ensino e pesquisa em projeto de arquitetura, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em 2003. Deste encontro resultou um livro que, juntamente com o do Seminário realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1984 e com os anais dos eventos promovidos pela Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura – ABEA constituem as únicas referências nacionais sobre o tema.

Tais iniciativas têm buscado preencher uma lacuna gerada pelo aumento da produção científica na área de Arquitetura e Urbanismo assim como responder à necessidade de um maior aprofundamento na questão da produção do conhecimento em Arquitetura e Urbanismo, que está em franco desenvolvimento.

De fato, se por um lado se entende por Arquitetura e Urbanismo a atividade humana que transforma intencionalmente o ambiente físico por meio de projetos de intervenção, por outro lado estas intervenções no ambiente físico têm sido cada vez menos fundamentadas em bases críticas e conceituais por parte de seus autores. Muitos profissionais não têm sido motivados, em sua formação, a refletirem criticamente sobre a arquitetura que produzem, suas bases conceituais e teóricas, seus modelos e seus impactos sociais, culturais e/ou ambientais.

A valorização de modelos arquitetônicos cada vez mais padronizados, que são muitas vezes inspirados em modelos publicados nas revistas e veículos especializados, sugere a necessidade de verificar se este problema não seria um reflexo da deficiência das bases pedagógicas do “fazer arquitetônico” em nossas escolas, bem como da falta de debate e de publicações científicas na área. Como ressaltam Segawa, Crema e Grava, as publicações de arquitetura e urbanismo “têm se voltado cada vez menos para a crítica honesta de projetos de arquitetura, urbanismo e paisagismo contemporâneos e cada vez mais o que se publica é promocional ou simples documentação” (2).

Nesse sentido, diversos autores (3) têm sustentado uma reestruturação da pesquisa e do próprio ensino em arquitetura como a mais eficaz ferramenta de qualificação da produção arquitetônica.

No momento em que estão emergindo novos programas de pós-graduação com áreas de concentração em Projeto e Crítica da Arquitetura e consolidando-se uma efetiva produção científica na área, o Projetar 2005 buscou a integração e a articulação de diferentes experiências e conhecimentos gerados por professores e pesquisadores da área, procurando construir as bases para o enfrentamento dos novos desafios que se prenunciam, inclusive os relacionados com a formação de Mestres e Doutores em Arquitetura. Com isso, procurou-se atender à demanda pela capacitação de novos docentes nas Instituições de Ensino Superior brasileiras e contribuir para fomentar a ainda fraca tradição de pesquisa científica específica na área no país. Cabe lembrar que não faz muito tempo, os professores de projeto de arquitetura e urbanismo eram, sobretudo, profissionais liberais, detentores de um saber-fazer, mas não necessariamente de um saber-ensinar o projeto de arquitetura.

A demanda crescente por uma educação continuada e pela qualificação dos arquitetos inseridos em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo e globalizante tem contribuído para aumentar a procura por Cursos de Pós-Graduação, em Arquitetura e Urbanismo, considerados um importante diferencial para sua inserção no mercado e uma alternativa para a melhoria de suas práticas profissionais. A proliferação dos programas e cursos, bem como dos “Mestrados Profissionalizantes” é representativa desta nova tendência.

Por outro lado, a melhoria do ensino de graduação passa, necessariamente, pela melhoria do ensino dos cursos de pós-graduação, lugares por excelência destinados à formação dos novos quadros de docentes e de pesquisadores da área.

A possibilidade de vislumbrar uma revisão teórico-prática capaz de viabilizar a superação de “pré-conceitos”, bem como de “vícios” de formação e de concepção relacionados com o papel do arquiteto e do profissional de ensino de arquitetura e os desafios da pesquisa e do ensino na área, sugerem a necessidade de analisar os impactos e as transformações provocadas pelos novos paradigmas sócio-técnico-culturais e econômicos nas relações homem-ambiente. Os impactos produzidos pelas novas tecnologias e pelas redes informacionais e de telecomunicações no processo de concepção, produção e uso do ambiente construído ampliam o foco de discussão, incluindo novas e enriquecedoras dimensões teórico-práticas ao Projeto de Arquitetura enquanto campo disciplinar.

A discussão desses temas emergiu dos trabalhos apresentados no Projetar 2005, buscando incorporar as questões mais atuais relacionadas com a construção do conhecimento e com o ensino do projeto de arquitetura e seus rebatimentos, suas práticas, suas interfaces e diálogos. Os grupos de trabalho do Projetar 2005 foram organizados em torno de 3 temas centrais capazes de abranger o estudo dos fatos, paradigmas, instrumentos e ações implicados na consolidação do Projeto de Arquitetura enquanto campo disciplinar de pesquisa e de ensino, a saber:

  • Ensino de Projeto: Especificidades da disciplina e suas interfaces com outras áreas de conhecimento; abordagens e procedimentos de ensino; avaliação da aprendizagem (da concepção ao produto); instrumentos de concepção e de representação (informática, simulações, modelos, outros); a pós-graduação e a formação docente do professor de projeto.
  • Projeto Como Campo de Pesquisa:Quadro atual; perspectivas e possibilidades do Projeto de Arquitetura na pesquisa acadêmica; aproximações teóricas, metodológicas e críticas; novos temas para a investigação em projeto; desafios e possibilidades de cursos de pós-graduação com ênfase em Projeto.
  • Rebatimentos, Práticas e Interfaces: Responsabilidade e compromisso social do profissional de projeto; quadro atual da prática em projeto: sintonias e dissonâncias frente ao panorama internacional, dimensão cultural; interfaces políticas; diálogos com a sociedade e programas de extensão.

As sessões de comunicação oral foram subdivididas em áreas específicas e aglutinadoras de conceitos e idéias afins, de acordo com os 3 temas centrais do Seminário. Destes temas, diversos sub-temas emergiram. O tema 1 contemplou: Abordagens e Procedimentos de Ensino; Instrumentos de Concepção e de Representação; Avaliação de Aprendizagem; Especificidades e Interfaces; Estrutura Curricular; Processos de Concepção; Formação Docente e Perfil Discente. O tema 2: Aproximações Teóricas, Metodológicas e Críticas; Perspectivas e Possibilidades do Projeto na Pesquisa Acadêmica. O tema 3: Quadro Atual/Dimensão Cultural; Prática Profissional.

Cabe aqui frisar que, considerando que a garantia da qualidade dos artigos a serem apresentados depende também de avaliações efetuadas dentro de parâmetros de excelência e qualidade, foram adotados, para a definição do corpo científico do evento, os critérios de excelência definidos pela área de conhecimento CA-SA do CNPq. Com este critério garantiu-se não apenas a imparcialidade de escolha do corpo científico, mas também a qualidade dos avaliadores.

Ao todo, 278 artigos, vindos de 73 diferentes instituições de ensino e/ou pesquisa, foram submetidos ao Comitê Científico do Projetar 2005. Em seguida, cada artigo foi encaminhado a, pelo menos, dois membros do Comitê Científico que emitiram seus pareceres dentro dos seguintes parâmetros: Pertinência ao Tema e Objetivos do Evento; Originalidade; Mérito Técnico; Relevância da Contribuição; Organização e Apresentação do Texto; Referência a Trabalhos Bibliográficos sobre o Assunto (conhecimento do Estado da Arte). Grande parte dos avaliadores ressaltou a qualidade científica da maioria dos trabalhos apresentados. No entanto, o número limitado de vagas nas sessões paralelas exigiu a aceitação apenas dos 122 trabalhos indicados na maior ordem de prioridade.

As relatoras das sessões temáticas (4) ressaltaram os pontos mais relevantes que emergiram nas apresentações e nas discussões que a elas se seguiram, em documento conclusivo cujo principal trecho segue abaixo:

“Nas sessões Abordagens e procedimentos de ensino a idéia central apontada foi a complexidade inerente ao ensino de projeto de arquitetura e da impossibilidade de haver pesquisa sem ensino. Foram questionados os métodos de avaliação utilizados e as etapas correntes de elaboração de projeto, assim como o uso e o consumo de referências da mídia sem fundamentação. As questões mais relevantes giraram em torno do ato de se discutir o ensino como algo positivo e o fim da relação vertical aluno-professor buscando um processo de ensino sob a ótica das teorias da educação; o aspecto dual dos conhecimentos intrínsecos; a questão da comunicação aluno/professor e os mecanismos analíticos de síntese a partir do registro e contribuição de um dicionário de conceitos para o projeto. As tendências apresentadas relacionam-se ao aperfeiçoamento dos métodos e/ou sistemas de ensino, à dependência do aluno/professor e à importância de se ensinar a dinâmica do processo projetual e não os meros conteúdos.

Nas sessões Avaliação da aprendizagem e Formação docente / perfil discente convergiram discussões relacionados ao processo de ensino que apontam para a importância de informações prévias que o professor deveria ter sobre conhecimentos e habilidades dos alunos. Outro ponto levantado refere-se à formação docente do professor de projeto, que necessariamente deve incluir conhecimentos específicos acerca dos processos pedagógicos. No que concerne às dificuldades encontradas no processo de avaliação da aprendizagem atesta-se a validade daquelas experiências nas quais prevaleceram metodologias mais participativas em que os critérios, as categorias e os procedimentos foram coletivamente estabelecidos entre docentes e discentes.

Nas sessões Instrumentos de concepção e representação a idéia central compôs-se em torno dos novos paradigmas, metodologias e sistemas de concepção de projeto através de ferramentas computacionais e de Tecnologias de Informação. As questões mais relevantes referiram-se ao papel das TIs e dos processos analógicos nos ‘novos’ procedimentos práticos e de ensino de arquitetura; a importância didática de associar teoria, análise e exercício; o desenvolvimento do projeto/concepção enquanto processo, e o abandono da abordagem programática e do mito da criatividade. O ensino de projeto ocorre, atualmente, através da baixa transmissão de informações e em uma baixa necessidade reflexiva, por parte dos alunos, que nada mais são do que herança dos métodos de ensino advindos da Beaux Arts. As ‘novas’ TIs aplicadas à Arquitetura podem, e devem, ser ferramentas manipuladas em processos de concepção e não apenas representação. Surgiram questões relacionadas ainda, com a necessidade de incorporar as possibilidades formais do objeto arquitetônico horizontalmente ao longo do curso, junto às disciplinas de projeto. Detectou-se também uma ampla insatisfação a respeito da atual Lei de Diretrizes e Bases, por esta não contemplar as especificidades apresentadas pelos cursos de Arquitetura no Brasil.

Na sessão Especificidades e interfaces, os trabalhos apresentados relacionaram-se à inserção do projeto no currículo dos cursos de arquitetura e sua relação com as demais disciplinas. As questões mais relevantes se referiram às dificuldades, e ao mesmo tempo, importância da interdisciplinaridade e/ou integração destas. As grades curriculares foram consideradas, de maneira geral, extensas e ineficientes e a prática do ensino de arquitetura foi definida como pautada no ‘dom artístico’ do aluno. No contexto dos debates, as tendências apresentadas relacionaram-se ao esforço para o estabelecimento da integração, sobretudo entre as disciplinas de projeto de arquitetura e urbanismo e ao crescimento das disciplinas de teoria nos currículos das universidades. As perspectivas, desta forma, levam à necessidade de aperfeiçoamento das grades curriculares e das práticas de ensino. Com relação à prática, a ênfase pautou-se no aprimoramento das experiências do atelier integrado. Quanto aos docentes, definiu-se como necessário conferir mais objetividade na orientação e avaliação do aluno.

Na sessão Estrutura curricular a idéia central girou em torno da integração entre o conteúdo prático do ateliê de projeto, os demais insumos das diversas disciplinas e uma maior integração entre estes. As questões mais relevantes apontaram a necessidade de um referencial prático, através de um contato maior com o viés tecnológico ou com outras atividades complementares da estrutura curricular. As tendências apresentadas para o ensino e a pesquisa refletiram uma necessidade de aprofundar o estudo da realidade das escolas de arquitetura, da relação advinda entre instituições públicas x privadas, de estruturas curriculares diferenciadas, da ‘regionalização’ dos currículos e, principalmente, da importância da definição do ‘projeto pedagógico institucional’ que se pretende ou que já existe para cada instituição. As perspectivas apontaram para um desdobramento de pesquisas que recuperem a história das escolas, dos currículos, do desenvolvimento das instituições, aliando dados quantitativos aos qualitativos, disponíveis ou a se recuperar sobre cada uma.

Na sessão Processos de concepção a idéia central girou em torno da discussão acerca do projeto como ‘expressão de idéias’ sob formas primárias intuitivas e digitais; a exploração dos processos de concepção, do ato de criação como gênese do projeto e o papel dos novos modelos de concepção digital em arquitetura. As questões mais relevantes abordaram os modelos computacionais produzidos como softwares de desenho para o ensino de projeto de arquitetura. As discussões refletiram sobre o processo de projetar como um corpus complexo desde a sua gênese até a materialidade do desenho, em diferentes categorias – analógicas e digitais – suscitando relações de ‘criatura & criador’, mais do que de ‘objeto & sujeito’. As perspectivas apontam para uma mudança de atitude e uma relação constante e dialética entre as comunicações produzidas da mente para a mão, através de formas de ensino e condução do processo projetual (tanto analógico ou digital), de maneira mais consistente, dinâmica e não simplesmente calcada nos padrões clássicos de professor ‘que ensina’ e aluno ‘que ouve’.

Em uma das sessões do sub-tema Aproximações teóricas, metodológicas e críticas os trabalhos coincidiram nas aproximações teóricas da condição contemporânea – pós-movimento moderno, pós-sociedade industrial. As questões mais relevantes que emergiram atestam o final de qualquer discurso baseado na lógica racionalista-causal, e exploram os aspectos culturais, filosóficos e arquitetônicos da contemporaneidade. As tendências para o ensino e a pesquisa mostram principalmente a necessidade de se repensar e re-estabelecer novas abordagens e aproximações críticas ao ensino de projeto. As perspectivas e os possíveis rebatimentos apontados pelos trabalhos se voltam para a problematização de todos os meios convencionais do ensino de projeto, baseados em programas/função e dados técnicos, e a abertura a novas experiências que incluam conceitos do campo da filosofia contemporânea e da cultura na prática do atelier.

Nas sessões Perspectivas e possibilidades do projeto na pesquisa acadêmica, os temas abordados foram: ‘habitação de interesse social’, ‘sistemas construtivos’, ‘acessibilidade’, ‘arquitetura hospitalar’ e ‘avaliação pós-ocupação e seus rebatimentos no ensino de projeto’. As questões discutidas nas temáticas HIS e sistemas construtivos enfatizaram aspectos referentes ao adensamento urbano e o enfoque sustentável relativo à eco-construção. Discutiu-se ainda a respeito do ensino e pesquisa e seus reflexos sobre a prática profissional, com ênfase à relação ‘unidade de habitação social & cidade’. As tendências indicaram os reflexos positivos das pesquisas nas práticas de ensino, da possibilidade de disciplinas envolvendo projeto, construções inovadoras e habitação flexível, além do ensino de tecnologias e sistemas construtivos diferenciados e regionalizados. Com relação à temática de Arquitetura Hospitalar o foco recaiu sobre a necessidade de definir o conceito de humanização, hoje diversificado em termos de enfoques e abordagens, às intervenções ‘cosméticas’ que não atendem às questões da humanização e conforto do paciente. As tendências apontam para a necessidade de avaliação e participação do usuário do processo do projeto, o foco no paciente, além do resgate do papel do arquiteto como maestro no processo projetual. Quanto a Avaliação Pós-Ocupação discutiu-se a importância das relações usuário-ambiente e a reflexão a respeito de uma abordagem cultural, enfatizando sua relevância como metodologia de conhecimento e análise do ambiente construído e a possibilidade de inserção da temática como uma procedimento didático nos ateliês de projetos acadêmicos e como metodologia obrigatória contribuindo com a concepção projetual. Quanto ao tema acessibilidade, uma das principais questões levantadas diz respeito à consolidação do ensino de Desenho Universal nas universidades brasileiras, enfatizando a capacitação docente e a importância de concretização de uma visão mais apropriada do D.U. como área de atuação, não apenas voltado para a eliminação de barreiras e adaptação de espaços para deficientes, mas como uma abordagem realmente ampla e inclusiva em ações de projeto.

Na sessão Quadro atual/dimensão cultural as idéias centrais abordaram a exposição da Arquitetura na condição de ‘mídia’ e sua integração com a Museologia e o confronto entre ensino de história e da teoria da Arquitetura. As questões mais relevantes problematizaram a interdisciplinaridade das exposições museológicas da Arquitetura e os tópicos ‘clássicos’ necessários ao ensino de História, como a cronologia e a classificação tipológica. As tendências para o ensino e a pesquisa apontaram a retomada das discussões sobre a ‘pele’ dos edifícios, além da importância da cidade como ‘suporte expográfico’.

Na sessão Prática profissional foram apresentadas, essencialmente, pesquisas sobre o processo do projeto em programas arquitetônicos complexos e a conciliação das exigências acadêmicas com as demandas que o arquiteto se defronta ao término da sua graduação. Destacou-se a necessidade de incluir na formação acadêmica uma ênfase maior em conteúdos que antecipem as questões mais pertinentes às demandas do cotidiano profissional; conteúdos, esses, que devem incluir necessariamente aspectos relacionados às esferas sociais, tecnológicas e econômicas.”

Além das sessões paralelas, o Projetar 2005 promoveu mesas redondas compostas por renomados pesquisadores da área de Arquitetura e Urbanismo. Segue abaixo a relação das palestras apresentadas em mesas redondas pelos referidos pesquisadores:

  • Claudia Loureiro: Por uma conservação do espaço da arquitetura (Loureiro & Amorim);
  • Sonia Marques: O que o parecer nos diz- o projeto do arquiteto na palavra do juiz: uma reflexão sobre avaliação à luz dos concursos no Québec, Canadá;
  • Silvio Soares Macedo: Ensino de projeto de paisagismo e, porque não?, de urbanismo e projeto de arquitetura;
  • Gleice Azambuja Elali: Para projetar (nossos) elefantes: considerações sobre a conquista de autonomia projetual pelo estudante de arquitetura e urbanismo;
  • Marcelo Tramontano : Habitar a cidade: algumas lições de uma experiência de ensino (Tramontano, Benevente & Marques);
  • Guilherme Carlos Lassance: O projeto como argumento: consequências para o ensino e para a pesquisa em arquitetura;
  • Edson Mahfuz: O ensino de arquitetura na sociedade mercantilista: mantendo a disciplina viva à espera de tempos melhores;
  • Maísa Veloso: Pesquisar para projetar: uma reflexão acerca da pesquisa na área de projeto de arquitetura no Brasil;
  • Marta Dischinger: Onde está tudo aquilo que não desenhamos?;
  • Leonardo Bittencourt: Clima e repertório arquitetônico;
  • Nirce Saffer Medvedovski: Utopoias da forma espacial x processo social: um estudo de caso do par laçador em Pelotas – RS (Medvedovski, Brito, Tillman & Coswing);
  • Eneida Maria Souza Mendonça: A manutenção da visibilidade marítima na construção em orlas;
  • Fernanda Magalhães: Análises gráficas da composição arquitetônica: o caso da residência-ateliê de Eduardo Sued (Magalhães, Saleiro Fo. & Castellotti);
  • Abílio Guerra: Ensino de arquitetura: realidade e prospecção;
  • Milton Fefferman: O mercado para profissionais, o ensino e a pesquisa em projeto de arquitetura;
  • Elvan Silva: Crítica e avaliação no ensino do projeto arquitetônico: subsídios para uma discussão necessária.

Os trabalhos destes pesquisadores constam dos anais do Projetar 2005, em versão digital, que serão encaminhados para as diversas faculdades de arquitetura do país. Cabe frisar que outros trabalhos não menos relevantes não puderam ser apresentados oralmente no Projetar 2005 porém, constam dos anais do seminário, a saber:

  • Habitabilidade e bem estar – de autoria de Carlos Antônio Leite BRANDÃO;
  • Projeto Academia: memória do ensino de arquitetura na FAU-UFRJ – de autoria de Vera Regina TANGARI e Maria Ângela DIAS;
  • Grupo Ambiente-Educação: um locus interdisciplinar possível no projeto dos ambientes para a educação infantil – de autoria de Giselle Arteiro AZEVEDO N.; Paulo A. RHEINGANTZ; Leopoldo E. G. BASTOS; Vera M. R. VASCONCELLOS; Ligia L. AQUINO; Fabiana S. SOUZA;
  • Projeto e metáfora: explorando ferramentas de análise do espaço culturalmente construído – de autoria de Cristiane Rose DUARTE; Alice BRASILEIRO; Ethel P. SANTANA; Kátia de PAULA; Mariana VIEIRA e Paula UGLIONE;
  • Ambiência cotidiana como formadora dos lugares para o lazer e o turismo – de autoria de Angela Maria Moreira Martins.

Finalmente, o Projetar 2005 trouxe renomados pesquisadores internacionais e nacionais que mostraram diversas facetas da construção do conhecimento em arquitetura e urbanismo em diferentes regiões do mundo. Foram eles:

  • Philippe Boudon, da EAPLV, Paris, França – apresentando a conferência: De l’espace architectural à l’espace de conception;
  • Vicente Del Rio, da Cal Poly (USA) e UFRJ – apresentando a conferência: Considerações sobre a universidade e seu papel social – a participação de alunos em projetos urbanos reais: o caso da Cal Poly San Luis Obispo;
  • Georges Teyssot, da Université Laval, Canadá – apresentando a conferência: Architecture au corps: entre la prothèse et le parasite;
  • Salvador Schelotto, da Universidad de la Republica, Montevidéo, Uruguay – apresentando a conferência: Los Seminarios Montevideo; una mirada al proyecto de arquitectura y el urbanismo desde el sur;
  • Paulo Bruna da FAU/USP – apresentando a conferência: Avaliação do Programa de Pós-graduação em projeto de arquitetura da Universidade Católica do Chile.

Na plenária da sessão de enceramento do Projetar 2005 foram discutidos os avanços obtidos com as discussões travadas ao longo do evento, assim como apontadas as tendências para o avanço na área. Foram também sublimados os esforços para a consolidação do diálogo entre pesquisadores em arquitetura e urbanismo, com especial atenção à concretização de uma reivindicação que havia nascido no Projetar 2003: a criação da associação de pesquisa e pós-graduação em arquitetura e urbanismo, a Anparq. Deliberou-se que o próximo Projetar já será um evento vinculado oficialmente a tal associação.

Na ocasião foi também decidida a instituição que acolherá o próximo evento (Projetar 2007) que será a UFRGS. A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie, interessada em sediar o próximo evento, abriu mão de sua candidatira em favor da UFRGS, assinalando, no entanto, sua disponibilidade para o seminário seguinte, o Projetar 2009.

Considerando a importância da reflexão crítica sobre o “ensinar”, o “analisar” e o “fazer” Arquitetura, esperamos que a realização do Projetar 2005 tenha atendido à demanda para o exercício intelectual nesse campo de saber específico, contemplando as aspirações dos pesquisadores em Arquitetura e Urbanismo. Esperamos, também, que o evento tenha contribuido efetivamente para a construção de um fórum de discussões sobre o Projeto de Arquitetura como campo de pesquisa, para sua consolidação nos programas de pós-graduação, além da renovação do ensino de graduação.

Temos certeza de que a consolidação do Projetar como um evento acadêmico regular o transformará no lócus de uma ampla e democrática reflexão crítica sobre a construção do conhecimento e do ensino do Projeto de Arquitetura e seus rebatimentos, práticas, interfaces e diálogos com a sociedade e com outros campos disciplinares e/ou áreas do conhecimento.

notas

1
O presente artigo é um balanço do Projetar 2005 – II Seminário sobre ensino e pesquisa em projeto de arquitetura, realizado no Rio de Janeiro, de 8 a 11 de novembro de 2005, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro – PROARQ/FAU-UFRJ. Os autores fizeram parte da Comissão de Organização do evento.

2
SEGAWA, Hugo; CREMA, Adriana; GAVA, Maristela. Architecture, urbanism, landscape architecture and design periodicals: divergent perspectives. Ci. Inf., sep./dec. 2003, vol. 32, n. 3, p. 120-127. ISSN 0100-1965. p. 122.

3
Veja-se, por exemplo: DUTTON, T. A. Voices in architectural education. Bergin e Garvey. New York, 1991; ou ainda BOUDON, P.; DESHAYES, P.; POUSIN, F.; SCHATZ, F.. Enseigner la conception architecturale. Editions de la Vilette, 1994.

4
As relatoras das sessões temáticas do Projetar 2005 que fazem parte também da comissão de organização do evento foram: Giselle Arteiro, Laís Bronstein, Denise Alcântara, Ethel Pinheiro e Paula Uglione.

sobre os autores

Cristiane Rose S. Duarte – Arquiteta, Doutora, Professora Titular da FAU/UFRJ onde leciona na graduação e no Programa de Pós-graduação em Arquitetura (Proarq).

Paulo Afonso Rheingantz – Arquiteto, Doutor, Professor Adjunto da FAU/UFRJ onde leciona na graduação e no Programa de Pós-graduação em Arquitetura (Proarq).

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