1. Introdução
No Brasil, os anos 40 prepararam a base para os chamados “anos dourados” da década de 50, estando a arquitetura moderna brasileira fundamentada em um discurso teórico trabalhado por Lúcio Costa, dirigido para os conceitos que relacionavam tradição com modernidade, e uma prática arquitetônica que possuía uma referência no vocabulário plástico de Niemeyer, através de obras produzidas por este, como por exemplo, o conjunto de Pampulha e várias outras projetadas em cidades do sudeste brasileiro.
O autor americano Goodwin (1) escreveu que a grande contribuição para a arquitetura moderna dada pelo Brasil, havia sido as inovações destinadas a evitar o calor e os reflexos luminosos em superfícies de vidro, por meio de quebra-luzes externos, especiais, afirmando que em 1933, Le Corbusier recomendava o uso de quebra-luzes móveis, externos em projeto não executado em Barcelona, havendo sido no Brasil, onde, por primeira vez, a teoria foi posta em prática. A criatividade de soluções propostas para os para-sóis, conhecidos pela expressão francesa “brise-soleil”, fez com que a arquitetura brasileira fosse reconhecida naqueles anos, como àquela que soube adaptar a linguagem moderna universal à realidade tropical
Goodwin (2) conseguiu sintetizar o quadro brasileiro daquele momento, chamando a atenção para três pontos fundamentais existentes nesta produção:
“Primeiro, traz o caráter do próprio país e dos artistas que a lançaram; em segundo lugar, se ajusta ao clima e a aos materiais de que dispõe. Em particular, a proteção contra o calor e aos reflexos da luz forte foi corajosamente encarada e brilhantemente resolvida. E, em terceiro lugar, tudo isso acarretou à evolução completa do movimento alguns passos no sentido das idéias lançadas tanto na Europa como na América, antes da Guerra de 1914”.
A arquitetura moderna teve nos anos 50, o seu período áureo, consolidando-se no cenário nacional, havendo sido adotada como linguagem projetual por arquitetos em todas as cidades brasileiras. Em 1956, o arquiteto Mindlin escreveu sobre uma chamada "arquitetura do sol" para definir a produção moderna brasileira daquela época, dizendo:
“O roteiro da nova arquitetura já se acha traçado. Como nos outros países, onde o trabalho dos bons arquitetos, evoluindo do estrito funcionalismo de vinte anos atrás, se caracteriza hoje por um regionalismo sadio, assim também entre nós os arquitetos emancipados estão criando uma nova visão. Uma nova linguagem arquitetônica. Não se trata de um estreito nacionalismo, mas sim, de uma adaptação profunda à terra e ao meio ambiente...os arquitetos do Brasil estão criando a arquitetura do sol..." (3)
Mindlin continuou em seu texto, explicando que assim chamou esta produção, devido aos estudos do controle da luz, da insolação, que nasceram das propostas precursoras dos edifícios da ABI, dos irmãos MM Roberto; do MES, de Lúcio Costa e equipe; da Estação de Hidroaviões de Atílio Correa Lima e tantas outras obras consagradas pela crítica internacional, da Escola Brasileira. Acrescenta em seu discurso:
“Foi da corajosa aplicação de um ponto de vista intransigentemente orgânico aos nossos problemas locais, que surgiram esses edifícios cheios de luz e ar reconhecidos em todos os países como exemplos aos arquitetos de hoje”. (4)
Entretanto, anteriormente ao que Mindlin escreveu em1956, nos anos 20, em Recife, o sociólogo pernambucano Gilberto Freyre, um dos mais importantes intelectuais do cenário nacional, já participava ativamente de uma discussão sobre modernidade e regionalismo, relacionando arquitetura e trópicos.
Em fevereiro de 1926, Gilberto Freyre leu o “Manifesto Regionalista” durante o “Primeiro Congresso Brasileiro de Regionalismo”, que somente em 1952, foi publicado pela editora Região (5). Este evento, que teve no lançamento deste “manifesto” o grande ápice, foi visto no meio como um momento de grande importância para a reflexão sobre a necessidade de preservação da identidade cultural de cada região brasileira, composta por seus condicionantes específicos.
Nery (6) posicionou Freyre como um intelectual que procurava conciliar a tradição com a modernidade, dentro de um debate regionalista, colocando sobre esta questão:
“O regionalismo freyriano, além de interdisciplinar foi também atemporal, pois procurou conciliar tradição e modernidade, defendendo o patrimônio vegetal, histórico e artístico da região, bem antes da criação de institutos de preservação brasileiras, como o IPHAN e o IBAMA. Procurando ainda estimular a pesquisa nas artes plásticas e nas letras, valorizando pintores como Vicente do Rego Monteiro, Cícero Dias, Joaquim Cardozo e Luis Jardim, arquitetos como Hélio Feijó e Heitor Maia, paisagistas como Roberto Burle Marx, desenhistas como Manuel Bandeira, poetas como Jorge de Lima e Manuel Bandeira, ficcionistas como José Américo de Almeida e José Lins do Rego.”
Nery (7) complementou sobre a importância do Movimento regionalista liderado por Freyre, dizendo:
“Em nenhuma parte do mundo surgiu um movimento regionalista com a profundidade e a abrangência do que apareceu no nordeste do Brasil, na década de 20... do regionalismo nordestino, entretanto, este foi mais que literário e artístico, foi cultural no sentido mais amplo da palavra, procurando exprimir tanto o ethos regional como a cosmovisão elaborada pelo seu povo”.
Dessa forma, observa-se a importância do debate existente previamente em Recife, que antecipou os questionamentos e reflexões sobre a necessidade de não apenas se copiar modelos estrangeiros, mas, propor soluções para produzir o moderno, resgatando-se também o regional, o local. Freyre (8) escreveu:
“Somos Trópicos! Somos populações e indivíduos situados em um espaço tropical: em dois tipos de ecologia tropical: a úmida e a seca. Considerando outras regiões brasileiras chegaremos ao que se poderia denominar, com relação à vasta região amazônica, um trópico anfíbio. Meio terra, meio água."
Compreender tal aspecto é de fundamental importância para entender o que poderia ser a adoção de uma linguagem moderna no nordeste do Brasil. O sociólogo que influenciou toda uma geração de profissionais em todas as áreas continuou explicando em seu texto:
"Não existe região do mundo que, por suas condições físicas sejam todas vantagens para o desenvolvimento de civilizações do tipo moderno. Aos excessos de calor úmido, hostis aos estudos e ao trabalho humano no mesmo ritmo do estudo e do trabalho nos países temperados e frios, podem corresponder um estudo e um trabalho, e também uma recreação um conjunto de deportes, um sistema de alimentação, estilos de roupas correspondentes a estes excessos, suscetíveis de ser denominados, também, pela sistematização de micro climas e de climas artificiais, antes em áreas tanto de trabalho como de recreação e por várias técnicas modernas de higiene, de engenharia sanitária, de engenharia humana, de engenharia social, ecologicamente orientada, ou seja, orientadas no sentido, não de introduzir europeísmos ou "ianquismos" maciços nos trópicos, mas sim de adaptar aos trópicos, técnicas inventadas em outra região, ou inventar para os trópicos, técnicas para o uso especifico de populações tropicais..."
O arquiteto e professor Marcio Villas Boas, no texto, “Significado da arquitetura nos trópicos- um enfoque bioclimático” apresentado durante o “ 1º. Seminário Nacional sobre Arquitetura nos Trópicos” realizado em setembro de 1984, na Fundação Joaquim Nabuco, em Recife, reforçou mais uma vez , o papel de Gilberto Freyre nessa discussão, afirmando que ele foi um dos pioneiros no estudo da “arquitetura ecológica brasileira”. (9)
Observa-se a preocupação de um grupo de intelectuais pernambucanos em se produzir cultura, preservando-se os condicionantes locais, fato que, conforme será visto mais adiante, teve fundamental importância na produção arquitetônica recifense.
Por outro lado, tem-se a contribuição já bastante difundida do arquiteto Lúcio Costa, como um dos precursores em nível nacional da discussão a respeito das adaptações realizadas pelos arquitetos brasileiros na adoção do vocabulário arquitetônico moderno universal.
Sem dúvida, é inegável o aporte do mestre Lúcio Costa, em sua forma de adotar a modernidade, o que pode ser constatado em seu discurso presente em artigos escritos e em obras arquitetônicas produzidas (10).
Bruand (11) colocou sobre a importância de Lúcio Costa:
“Um dos problemas que interessou particularmente a Lúcio Costa foi o de verificar em que medida a arquitetura moderna poderia tirar proveito das lições de arquitetura colonial luso-brasileira. Seduzido pelo caráter perfeitamente funcional e lógico da arquitetura civil daquela época, julgou que certos procedimentos então utilizados, podiam ser adaptados às construções atuais.”
Comas (12) reforçou a contribuição de Lúcio Costa, afirmando que os esforços do arquiteto apresentados em suas propostas arquitetônicas desenvolvidas para a Mansão Fontes, para as “casas sem donos”, para a Vila Monlevade, por exemplo, renovaram “uma tradição construtiva racional e nacional e enriqueciam um repertório moderno de elementos de arquitetura...comprovavam de um lado, que o arquitetura vernácula popular, de autenticidade e simplicidade indiscutíveis, podia ter a mesma autoridade como fonte formal da arquitetura moderna que a construção utilitária, a engenharia, os produtos da indústria e a pintura de vanguarda”.
Pode-se concluir esta discussão sobre o papel de Lúcio Costa na base teórica da produção moderna brasileira, com esta frase de Wisnik (13):
“Lúcio Costa é sabidamente o inventor do elo teórico que permitiu vincular a sobriedade e o despojamento da arquitetura moderna internacional à tradição popular da arquitetura luso-brasileira, desativada e pobre”.
Assim, serão aprofundadas neste momento, algumas reflexões específicas sobre as soluções climáticas nordestinas trabalhadas por arquitetos e professores que atuaram no curso de arquitetura e urbanismo da antiga Faculdade de Arquitetura de Recife.
2. Soluções climáticas dos arquitetos modernos do nordeste brasileiro para o clima tropical: o caso de Recife
2.1. Recife: o cenário local e os antecedentes do processo de modernidade arquitetônica
Inicialmente, se faz necessário contextualizar o objeto de estudo e a relação com a cidade de Recife, capital de Pernambuco, localizada na costa do Oceano Atlântico, em uma planície baixa e úmida, situada em torno dos 8 graus de latitude sul, em uma zona de altos índices pluviométricos anuais com um clima constante e dividido sumariamente em duas estações: a de chuvas e a de estiagem.
De sua situação geo topográfica resulta uma temperatura média de máximas anuais um pouco inferiores a 32 graus e de mínimas, pouco superiores aos 19 graus. A região tem um índice pluviométrico anual de aproximadamente 2000 mm, e as precipitações estão concentradas entre os meses de abril a setembro, sendo os meses mais secos os de dezembro a março.
Para essa realidade climática, um médico pernambucano, Aluizio Bezerra Coutinho (14), apresentou como tema em sua tese de doutorado em Medicina de 1929, defendida no Rio de Janeiro, uma proposta para uma arquitetura nos trópicos, inspirando-se nas teorias de Le Corbusier ao defender o conforto ambiental e a funcionalidade como elementos primordiais para a nova arquitetura.
Coutinho freqüentou um grupo de intelectuais anarquistas cariocas, havendo seu tema sido difundido em um meio muito reduzido, sem ter tido maiores conseqüências na época, mas, anos depois quando o médico regressou para Recife, manteve uma estreita relação profissional com o arquiteto mineiro Luiz Nunes, que estava na época trabalhando para o Governo de Pernambuco.
Nesta época, entre 1934 a 1937, desenvolveu juntamente com Nunes e sua equipe, alguns projetos modernos que apresentavam em suas concepções, soluções de uma arquitetura bioclimática como, por exemplo, os edifícios propostos para o Leprosário da Mirueira, e para a Escola de deficientes mentais, entre outros. A adoção de soluções climáticas para a utilização de um vocabulário moderno na arquitetura recifense foi iniciada de forma precursora, de fato, nos projetos do arquiteto Luiz Nunes e sua equipe, em Recife, durante os anos 30 (15).
Nos anos 50, em Recife, devido a uma série de fatores sócios culturais (16) houve a chegada de arquitetos imigrantes que ao se depararem com a realidade local tropical tiveram que elaborar soluções projetuais e construtivas para adotarem a modernidade em seus trabalhos.
Em 1949, o arquiteto italiano nascido em Nápoles, Mario Russo, chegou à cidade para trabalhar na Universidade do Recife. Em 1951, o arquiteto carioca Acácio Gil Borsoi foi convidado para dar aulas de projetos na Faculdade de Arquitetura. O português Delfim Amorim, em 1952, instalado em Recife foi convidado também, para fazer parte do quadro docente do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade.
Os arquitetos imigrantes Russo e Amorim, incluindo o carioca Borsoi, entenderam o cenário regional, a realidade social, cultural e geográfica dos trópicos, e naturalmente, em seus processos projetuais começaram a propor soluções para os edifícios modernos frente ao uso e ao rigor do clima, iniciando uma fórmula de princípios projetivos fundamentais aos condicionantes regionais, que resultou em uma produção com una boa qualidade e certa homogeneidade.
Mario Russo (17), em todos seus projetos desenvolvidos na cidade, já demonstrava sua atenção aos problemas climáticos, discutindo soluções construtivas com seu grupo de trabalho para os problemas de coberta e fechamentos, que, sem dúvida, eram os aspectos que mais mereciam sua atenção.
Borsoi também, ao começar a atuar na cidade tomou consciência da realidade local, começando a buscar alternativas nos fechamentos de paredes esquadrias, detalhados em madeira, para substituir os grandes painéis de vidro.
Amorim (18), além da atenção dada a estes elementos, acrescentou soluções espaciais em planta, como a criação de pátios internos, e sistemas construtivos para telhados, que Heitor Maia Neto, evoluiu com a proposta da laje dupla.
Observou-se que no trabalho prático dos professores Russo, Borsoi, Amorim e H. M. Neto, os detalhes mereceram sempre uma atenção especial, o que resultou em uma produção arquitetônica que se cimenta, entre outros aspectos, na qualidade do detalhe construtivo, conforme pode ser constatado ao observar, por exemplo, as soluções empregadas por Russo, nos detalhes de esquadrias especificamente desenhados para cada obra; por Borsoi, nas esquadrias em madeira de seus edifícios; por Amorim, nos detalhes de corrimãos, escadas, parapeitos ventilados; e por H. M. Neto nas soluções de lajes duplas para as cobertas.
Foi o trabalho precursor destes profissionais, que, atuando como professores do curso de arquitetura disseminavam as idéias e concepções projetuais da modernidade, aplicando as mesmas na prática em seus projetos na cidade.
2.2. As soluções climáticas da modernidade arquitetônica
Como estudo de caso para possibilitar a análise das soluções climáticas empregadas na arquitetura moderna recifense e tendo como corte cronológico, as obras produzidas nos anos 50, foi selecionado um grupo de residências e edifícios residenciais multifamiliares projetadas pelos arquitetos Mario Russo, Acácio Gil Borsoi, Delfim Amorim e Heitor Maia Neto.
A metodologia de análise trabalhou respaldada em um listado de recursos, buscando identificar os pontos coincidentes nesta produção, ou seja, constantes projetuais que foram empregadas em várias obras, compondo, em seu conjunto, uma base de princípios arquitetônicos que caracterizam esta produção.
Observou-se nestes projetos que houve uma prática no emprego de recursos projetuais, tais como a estruturação e ordenação das plantas através do controle do módulo, trabalhando com tramas ordenadoras; a resolução dos programas, propondo a criação de blocos de zonas funcionais, através da setorização das zonas de uso, dedicando atenção especial à sala de estar - que geralmente apresentava pés-direitos duplos, espaços transparentes e integrados com o exterior; a presença de escadas e rampas empregadas como ornamentos espaciais e a resolução da zona íntima.
Nas soluções estruturais utilizadas nos edifícios multifamiliares observou-se a relação existente entre esquadrias e estrutura nas composições das fachadas, além do predomínio do sistema construtivo do concreto armado. Estas foram solucionadas de maneira sistemática, seguindo uma modulação, mas sem se liberar ainda as esquadrias, que continuaram possuindo suas ligações com a estrutura.
Sem dúvida, as soluções climáticas foram o ponto que mais caracterizou estas obras, na busca por adaptar a linguagem moderna à realidade tropical. Em planta e em volumetria, foram propostas soluções, de cobertas, de esquadrias, de revestimentos, que unidas ao emprego de materiais construtivos disponíveis construíram a base de uma produção tipicamente regional, conforme será visto.
Em seguida, serão expostos os recursos da modernidade utilizados nestes projetos e suas relações com as soluções climáticas.
2.2.1. Em planta: A implantação e uso de blocos. Pátios e varandas
Todos os arquitetos que tiveram suas obras analisadas mantiveram a implantação da edificação no terreno obedecendo a uma correta orientação solar, com a finalidade de obter uma melhor ventilação natural para os cômodos das áreas íntima e social, evitando a entrada direta dos raios solares a partir do meio dia em ambientes desta zona, diminuindo, desta forma, a insolação nestes ambientes. Pode-se aqui afirmar que, sem dúvida, este era um dos critérios fundamentais do projeto.
As soluções em planta, aonde aparecem os pátios internos (jardins de inverno) que funcionam como saídas de ar, somadas ao emprego de varanda corridas que criam sombras, protegendo os quartos das incidências diretas dos raios solares, foram outras das propostas desenvolvidas por estes profissionais na busca por uma melhoria climática.
Amorim em seus projetos residenciais foi um dos quatro profissionais que mais procurou soluções neste sentido, citando como exemplos as propostas para as casas Antonio Carvalho (1954), Alfredo Carvalho (1954) e Miguel Vita (1958).
O arquiteto Heitor Maia Neto também trabalhou bastante com o uso de pátios internos e varandas corridas em seus projetos residenciais, tais como as soluções presentes nas casas Torquato Castro (1954-58) e José Cordeiro Castro (1959).
2.2.2. Em volumetria: a elevação da casa do solo e os arremates em concreto das esquadrias
As pesquisas climáticas dos arquitetos interferiram diretamente na volumetria das obras, podendo destacar aqui alguns pontos resultantes desta busca que se converteram em constantes projetuais.
Quanto à elevação da casa do solo, observou-se que além de melhorar o conforto climático da edificação, havia também uma valorização do objeto arquitetônico, como pode ser observado na solução da casa José Cordeiro Castro, projetada por Heitor Maia Neto. Grande parte dos projetos, principalmente residenciais unifamiliares, e inclusive alguns multifamiliares, como os do edifício Acaiaca (1958) e Acapulco (1961) de Amorim, foram propostos elevados do solo, aproximadamente um metro.
Há profissionais que justificaram também, tal solução usada nas casas unifamiliares, pelo problema que a cidade possuía em relação às inundações constantes, as conhecidas “cheias” que ocorriam na época de chuvas, fazendo com que muitas casas fossem elevadas, a fim de evitar a entrada de águas no período chuvoso.
Estas elevações, geralmente, eram feitas usando paredes de pedras, extraídas da região, em várias tonalidades, que funcionavam também como base estrutural. Pode-se comprovar tal aspecto em todas as casas analisadas de Russo, Amorim e Heitor Maia. O resultado volumétrico é bastante positivo, uma vez que o objeto arquitetônico ganha mais leveza ao estar "solto" visualmente do solo.
Quanto ao uso de arremates em concreto armado, contornando as esquadrias externas, observou-se que tal solução foi utilizada tanto em casas, quanto em edifícios. Borsoi no edifício União, projetado em 1953, criou caixilhos protetores em concreto armado, fazendo com que tais elementos tivessem um papel fundamental na composição das fachadas.
Tal solução em arrematar janelas, evoluiu, ganhando mais dimensões transformando-se em caixas de brises de concreto empregadas em vários edifícios da cidade, como nos edifícios do Hospital das Urgências de Borsoi, o edifício JK, entre tantos outros. Além de proteger as janelas da entrada de águas pluviais, criava uma espécie de brise, que evitava a entrada do sol nos ambientes.
2.2.3. Uso de revestimentos cerâmicos para as fachadas
O azulejo foi bastante empregado como revestimento de paredes e fachadas brasileiras (19), desde a época da colonização portuguesa, até a arquitetura moderna, graças a seu emprego no edifício do MES que influenciou a vários arquitetos nacionais.
Os arquitetos que atuavam em Recife adotaram o azulejo como revestimento de grandes fachadas (20), resolvendo desta maneira um dos mais graves problemas na conservação dos edifícios locais: a questão da umidade. Sem dúvida, foi o arquiteto português Delfim Amorim que mais incentivou tal uso, tendo criado desenhos específicos para cada projeto.
Nos anos 50 não havia ainda produtos industrializados apropriados para revestir as fachadas dos edifícios. Amorim, ao observar este problema, buscou na tradição portuguesa o emprego de azulejos para grandes superfícies.
O uso do azulejo no Brasil já vinha sendo aplicado pelos arquitetos modernos cariocas, apenas de uma forma distinta: empregavam como painéis decorativos em determinadas paredes, que desejavam destacar, sendo planejados como grandes panos com desenhos criados exclusivamente para aquelas obras por arquitetos ou artistas plásticos como Portinari, Burle Marx, Anísio Medeiros, entre tantos outros.
Amorim o aplicou como um simples revestimento, utilizando-o para proteger toda, ou partes das fachadas que necessitavam da proteção climática, processo que saia oneroso, mas que evitava gastos futuros na manutenção da obra.
O azulejo foi utilizado como revestimento de grandes superfícies por Amorim por primeira vez no projeto do edifício Acaiaca construído na praia de Boa Viagem, edifício que recebia diretamente todos os efeitos conseqüentes de sua proximidade com o mar. Neste projeto revestiu totalmente as fachadas e com a mesma peça criou duas barras horizontais, uma na base e outra no topo do edifício, obtendo uma moldura para os enquadres das janelas.
O que se observa é que a experiência adquirida nos revestimentos dos grandes panos de fachada propiciou ao arquiteto que cada vez mais, simplificasse os motivos criados para estes azulejos, buscando trabalhar mais com elementos geométricos puros, o que pode ser constatado nos projetos dos edifícios Santa Rita (1964) e Barão do Rio Branco (1968) construídos em Recife.
2.2.4. Os fechamentos de paredes
Este ponto foi um dos que mais atenção recebeu dos arquitetos estudados, que detalharam soluções construtivas, e analisaram os melhores tipos e materiais locais disponíveis que possibilitassem a substituição dos grandes painéis de vidro usados pela arquitetura moderna internacional, pois era impossível conceber um fechamento deste tipo para a realidade local, uma vez, que o emprego de esquadrias de vidro não permitia a circulação constante do ar nos ambientes do edifício, além do problema do controle do alto índice de luminosidade natural existente.
Como esclarecimento, vale destacar que os fechamentos característicos desta produção foram divididos em dois grupos: os fechamentos móveis (janelas e portas), e os fixos (brises em concreto armado, buzinotes, cobogós cerâmicos, vitrificados ou de concreto, parapeitos ventilados).
2.2.4.1. Os fechamentos móveis
Na categoria dos fechamentos móveis criados pelos arquitetos aqui estudados, despertaram interesse os detalhes encontrados nos projetos desenvolvidos por Mario Russo para os edifícios da Cidade Universitária, principalmente para o edifício do Instituto de Antibióticos no qual o arquiteto detalhou um sistema fabricado no Rio de Janeiro, em alumínio e vidro colocando na parte superior das janelas, persianas móveis que permitiam a circulação do ar, além de outras soluções de gradis, que foram bastante utilizadas na arquitetura local.
Ao contrário de Russo, que buscou a fabricação das esquadrias fora da cidade de Recife, tentando industrializar o sistema, Borsoi optou por trabalhar com artesãos locais e com a madeira para resolver as soluções de esquadrias de suas obras.
Aficionado ao trabalho de carpintaria, devido ao oficio de seu pai, Borsoi criou uma variedade de soluções, que sem dúvida, influenciou aos demais arquitetos, que seguiram suas idéias, pois é unânime a opinião de que o arquiteto era o que melhor detalhava na madeira.
Foi também usual nos trabalhos desta década o emprego de esquadrias vazadas e com treliças em madeira, inspiradas nos muxarabis árabes, isolando varandas, ou inclusive empregadas como divisórias e portas corrediças entre distintos ambientes, conforme costumava usar Heitor Maia Neto em seus projetos residenciais, como por exemplo, na casa José Cordeiro Castro.
Na época, a inexistência de condicionadores de ar, fazia com que os arquitetos elaborassem janelas e portas as mais vazadas possíveis, que permitissem a troca e a circulação de ar nos ambientes, criando soluções únicas, conforme pode ser constatado na casa projetada por Amorim, no bairro da Torre, por exemplo. A porta compõe com os cobogós um só painel vazado que isola visualmente a área íntima, possibilitando a circulação do ar e filtrando a luz.
Quase sempre as portas e janelas apresentavam bandeiras em persianas de madeira, tanto nas partes superiores como laterais, conforme pode ser constatado em projetos de Amorim.
2.2.4.2. Os fechamentos fixos: quebra-sóis, cobogós, buzinotes, parapeitos ventilados
Quanto aos fechamentos fixos, foi bastante representativa a quantidade de soluções empregadas por Russo, Borsoi, Amorim e Heitor Maia para os edifícios dos anos 50. Em seguida serão vistos os mais empregados por eles durante o período analisado.
Os arquitetos que atuavam em Recife nos anos 50 continuaram a tendência carioca do emprego do "brise soleil" em concreto armado, aplicando-o na fachada poente/ oeste dos edifícios, no sentido vertical, protegendo o acesso direto dos raios solares, utilizando também a solução da combinação entre brises verticais com horizontais, como a utilizada no edifício do MES.
O uso de "brises" aumentava o custo das obras, e a solução foi retomar o uso dos cobogós já trabalhados nos anos 30 por Nunes e sua equipe nos edifícios projetados pela DAC e DAU em Recife. Substituindo os cobogós em cimento, optaram pelo uso de cobogós cerâmicos naturais, empregados também, por Lúcio Costa nos edifícios do Parque Guinle no Rio de Janeiro.
O emprego dos cobogós cerâmicos naturais se converteram em uma constante em projetos de edifícios em altura, sendo usado como fechamentos de grandes fachadas por Borsoi nos edifícios União (1953) e Caetés (1955): por Amorim, no edifício Pirapama (1958); por Waldeci Pinto no edifício Valfrido Antunes (1958); por Joaquim Rodrigues no edifício Holiday (1957), entre outros.
Além da utilização dos cobogós cerâmicos naturais e em concreto usaram também cobogós vitrificados em distintas cores, fabricados na região sudeste do Brasil, que devido a seu transporte, chegavam com um custo mais elevado, havendo sido utilizados em soluções muito pontuais, como em algumas residências (por exemplo, na Casa Rozemblitz e Isnard Castro e Silva) e no Instituto de Antibióticos.
O sistema construtivo dos cobogós foi evoluindo nas décadas posteriores, sendo elaborados uns desenhos exclusivos para determinadas obras, como por exemplo, para o edifício Santo Antonio, 1963, projetado por Borsoi, no qual se criaram elementos em concreto encaixados, responsáveis pela composição de toda a fachada do edifício.
Outro exemplo do detalhe exclusivo de cobogós foi o desenhado para o edifício do Seminário Regional do Nordeste, 1962, em Camaragibe, transformado, atualmente, em Faculdade de Odontologia, onde Amorim, juntamente com os arquitetos Marcos Domingues e Carlos Correia Lima, criou um desenho especial para os fechamentos do edifício.
A utilização de buzinotes também foi outra constante desta produção recifense. São assim chamadas, peças circulares que são abertas nas paredes, podendo receber elementos em louça, geralmente com 15 cm, e que às vezes possuíam arremates cerâmicos vitrificados como terminação e foram largamente empregados nos edifícios da época, sendo posteriormente adotados, não somente por profissionais, mas também, por construtores anônimos que faziam suas próprias casas, tanto na cidade como nos povoados, usando-os como elementos para a circulação constante do ar em tetos ou paredes.
Russo utilizou bastante o buzinote em seus projetos residenciais sendo também adotados por Borsoi na casa Lisanel (1953); por Amorim, na casa Miguel Vita (1958) e por Melliá nas fachadas do Edifício CEFICH no campus da cidade universitária.
Posteriormente, os buzinotes foram usados em muros externos, divisórios de pátios, criando barreiras visuais, mas permitindo a passagem do ar.
Outra solução projetual climática adotada foi o peitoril ventilado.
Os peitoris ventilados, além de criarem sombras nas fachadas, permitiam a renovação do ar nos ambientes, mesmo durante fortes chuvas. Amorim, no edifício Acaiaca (1958) empregou a solução do peitoril ventilado, que o artista plástico e estudante de arquitetura, Augusto Reinaldo, falecido precocemente, havia criado.
Esta solução substituiu os painéis de madeira em persianas e que consistia em ventilar constantemente os ambientes através do uso de duas vigas de concreto armado, postas paralelamente, e distantes entre si, de forma que permitia a circulação do ar, evitando assim a entrada de águas pluviais.
A proposta foi pouco utilizada por outros arquitetos devido ao seu alto custo de execução, mas, funcionava muito bem climaticamente, podendo ser visto aqui como uma importante contribuição climática à arquitetura.
Holanda (21) escreveu sobre esta solução:
“As chuvas de verão do Nordeste provocam a sensação de maior calor pelo aumento da umidade do ar. Nessas ocasiões, é indispensável que os ambientes permaneçam ventilados, sendo utilíssimo, nas edificações em altura, o peitoril ventilado, criado por Augusto Reinaldo”.
2.2.5. Cobertas
As distintas soluções empregadas para os telhados por estes arquitetos, também é outro ponto muito importante na busca por soluções adequadas ao clima nordestino brasileiro. As fortes chuvas torrenciais, os bruscos câmbios de temperatura, alcançando os 40 graus, com médias de 25 graus, dificultavam o uso das lajes planas empregadas nos projetos europeus, que serviam muitas vezes de modelo.
Russo sentiu esta dificuldade ao projetar a Casa Milton Medeiros em 1951, propondo já uma pequena inclinação na laje, buscando maneiras de impermeabilizar corretamente, com a finalidade de evitar futuras infiltrações. Além do problema da água, havia a questão da transmissão de calor nestas lajes, exigindo a criação de "colchões de ar", para diminuir a passagem do mesmo diretamente para os ambientes.
Além disso, tinha o problema da falta de beirais na adoção de um modelo internacional de arquitetura moderna: os volumes puros, cubistas, não funcionavam nos edifícios locais, que mais tarde, ficavam com infiltrações, através de janelas, ou inclusive, nas paredes que recebiam diretamente as chuvas com ventos marítimos, prejudicando os revestimentos de fachadas que logo apresentavam um mau aspecto, necessitando constantes reparos.
A solução foi investigada por estes profissionais de forma constante, chegando a criar propostas que se adaptaram melhor à realidade local, havendo Amorim, aprofundado o uso da laje inclinada, aplicando sobre esta a telha cerâmica tipo canal, prolongando-a de forma que funcionara como beiral, criador de sombras e protetor de águas pluviais. Tal solução se tornou um modelo, aplicado por muitos profissionais da região do nordeste brasileiro.
Heitor Maia Neto, também criou outro sistema construtivo para os telhados, propondo a utilização de uma laje dupla, utilizada na Casa José Cordeiro Castro, que criava um colchão de ar, mantendo um melhor conforto ambiental nos cômodos das edificações. Sem dúvida, tal solução teria um alto custo, não podendo ser aplicada em qualquer obra.
Após várias experiências arquitetônicas e construtivas, Borsoi resolveu retomar os antigos telhados das casas rurais de Pernambuco, adotando finalmente em seus projetos residenciais, as cobertas com telhas cerâmicas tipo canal, e os grandes beirais protetores, conforme fez nas casas Francisco Claudino, 1956; e Dulce Matos, 1958.
O que ficou de todo este processo de busca de soluções durante estes anos 50 foi a utilização, por parte dos demais arquitetos continuadores da modernidade em Pernambuco e no Nordeste, de uma forma geral de adoção de telhados com lajes inclinadas recebendo diretamente as telhas cerâmicas, ou o uso dos telhados cerâmicos estruturados em madeiras, possuindo falsos tetos, criando entre o telhado e estes, uma espécie de colchão de ar, que amenizava mais ainda, as fortes temperaturas locais.
3. Considerações finais
O conjunto das soluções climáticas se caracteriza assim, pelo experimentalismo e criatividade. Resultado indireto do processo de implantação e consolidação da modernidade recifense foi um pequeno livro escrito pelo arquiteto Armando de Holanda, publicado em 1976, titulado "Roteiro para construir no Nordeste. Arquitetura como lugar ameno nos trópicos ensolarados”. (22)
Holanda, através de algumas observações realizadas durante oito anos de atuação profissional no Nordeste, escreveu algumas sugestões para uma maneira mais correta de se projetar na região, estabelecendo princípios e não técnicas, definindo procedimentos, sem entrar em uma abordagem técnica, difundindo as idéias e a manutenção do espírito inventivo e especulativo da arquitetura produzida em Recife.
Este pequeno manual foi amplamente difundido e pode ser visto como uma síntese da produção recifense em relação ao paradigma climático, propondo em seu texto, princípios que aqui reproduzo por sua importância para esta reflexão:
"1) Criar uma sombra: comecemos por uma ampla sombra, por um abrigo protetor de sol e das chuvas tropicais; 2) Recuar as paredes: lancemos as paredes protegidas por estas sombras, recuadas, protegidas do sol e do calor, das chuvas e da umidade, criando agradáveis áreas externas de viver; 3) Vazar os muros: combinemos as paredes compactas com os panos vazados, para que filtrem a luz e deixem a brisa penetrar; 4) Proteger as janelas; 5) Abrir as portas; 6) Continuar os espaços; 7) Construir com pouco; 8) Conviver com a natureza; 9) Construir frondoso.”
Concluo este trabalho com uma frase do arquiteto Armando Holanda (23), recomendando o que seria adequado para produzir uma boa arquitetura nos trópicos:
“Livremos- nos desta dependência cultural em relação aos países mais desenvolvidos, que já demorou em demasia a afirmação de uma arquitetura decididamente envolvida aos trópicos brasileiros. Desenvolvemos uma tecnologia da construção tropical, que nos dê os meios necessários para atender a enorme demanda de edificações de nossas populações, não somente em termos de quantidade, mas também em qualidade.
Trabalhemos no sentido de uma arquitetura livre espontânea, que seja uma clara expressão de nossa cultura e revele uma sensível apropriação de nosso espaço, trabalhemos no sentido de uma arquitetura sombreada, aberta, continua vigorosa, acolhedora e envolvente, que ao colocar-nos em harmonia com o ambiente tropical, nos incite a viver nele integralmente."
notas
1
GOODWIN, P. Construção brasileira arquitetura moderna e antiga. Nova Iorque: MoMA, 1941.
2
GOODWIN, P. Op. Cit, p. 103.
3
MINDLIN, Henrique. Arquitetura Moderna Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Colibris. 1956, p.172.
4
MINDLIN, Henrique. Op. Cit., p.176.
5
FREYRE, Gilberto. Manifesto Regionalista. Recife: Editora Massangana. 1996. 7ª Edição.
6
NERY, Edson. In: A obra em tempos vários. Quintas, Fátima. Recife: Fundaj. 1999, p.153.
7
Idem. Ibidem.
8
FREYRE, Gilberto. Oh de casa! Recife: Artenova. 1979, p. 114
9
BOAS, Márcio Villa. “Significado da arquitetura nos trópicos- um enfoque bioclimático”. In: Anais do 1º. Seminário Nacional sobre Arquitetura nos Trópicos. Fundação Joaquim Nabuco. 1985. p.40
10
COSTA, Lúcio. Registro de uma vivencia. São Paulo: Empresa das Artes, 1995.
11
BRUAND, Yves. Arquitetura contemporânea no Brasil. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1979, p.15.
12
COMAS, Carlos Eduardo Dias. “A arquitetura de Lúcio Costa: uma questão de interpretação”. In: NOBRE, Ana Luiza (org.). Um modo de ser moderno. Lúcio costa e a crítica contemporânea. São Paulo: Cosac & Naify, 2004, p.24.
13
WISNIK, Guilherme. “A arquitetura lendo a cultura”. In: NOBRE, Ana Luiza (org.). Op. Cit., p.32.
14
GOMES, Geraldo. “Marcos da Arquitetura Moderna em Pernambuco”. In: Revista Projeto: edição especial. p: 19-27. 1988. Neste artigo, o arquiteto, professor, e pesquisador escreveu sobre a importância do médico pernambucano, Aluizio Bezerra Coutinho na implantação da arquitetura moderna recifense.
15
AFONSO, Alcilia. Revolução na Arquitetura: Recife, década de Trinta. Teresina: EDUFPI. 2001. Nesta obra a arquiteta e professora analisa o trabalho de Luiz Nunes no processo de implantação da arquitetura moderna na cidade durante a década de trinta, no Governo de Carlos de Lima Cavalcanti.
16
AFONSO, Alcilia. La arquitectura moderna em Recife en los años 50. Saarbrucken: Editorial acadêmica española. LAP LAMPERT, 2012. A obra trata sobre o processo de consolidação da arquitetura moderna em Recife, analisando a produção dos arquitetos e professores Mario Russo, Acacio Gil Borsoi, Delfim Amorim e Heitor Maia Neto.
17
CABRAL, Renata. “Documento Mario Russo”. São Paulo. In: Revista AU. 2000. A arquiteta foi uma das primeiras a pesquisar sobre a obra de Russo em Recife, obtendo um rico material, que foi cedido ao arquivo da FUNDAJ/ Fundação Joaquim Nabuco.
18
Oiticica, D. et alli. Delfim Amorim arquiteto. Recife: IAB PE, 1991.
19
O uso do azulejo na arquitetura moderna foi retomado por artistas plásticos como Burle Marx, Portinari, Anísio Medeiros, Athos Bulcão, entre outros, que criaram painéis que buscavam a integração entre arte e arquitetura nas obras projetadas. Edifícios como o MES (RJ), o Monumento aos heróis da 2ª. Guerra (RJ), vários edifícios de Brasília localizados no Plano Piloto possuem exemplos enriquecedores.
20
Os azulejos desenhados pelo Amorim despertavam interesse pelas formas composicionais trabalhadas, que tendiam para um abstracionismo, com formas geométricas, e predomínio da cor azul e branco.
21
HOLANDA, Armando de. Roteiro para construir no nordeste. Arquitetura como lugar ameno nos trópicos ensolarados. Recife: UFPE/ MDU, 1976, p.31.
22
Idem. Ibidem.
23
HOLANDA, Armando de. Op. Cit., p. 43.
sobre a autora
Alcilia Afonso de Albuquerque e Melo é arquiteta graduada pela UFPE/ Universidade Federal de Pernambuco (1983), com doutorado em projetos arquitetônicos pela ETSAB/ Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona (2006), mestre em história da arquitetura pela UFPE (2000), e professora associada do curso de arquitetura e urbanismo da UFPI/ Universidade Federal do Piauí. Possui também a titulação de investigadora européia e é membro colaborador do Grupo FORM (ETSAB) de pesquisas sobre modernidade arquitetônica.