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research

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architexts ISSN 1809-6298


abstracts

português
O artigo tenciona abrir perspectivas acerca do interesse na história de Diamantina enquanto discurso biográfico e modernista desenvolvido por Lucio Costa e Juscelino Kubitschek.

english
The paper aims to open perspectives on the interest in the history of the city of Diamantina as a biographical and modernist discourse developed by Lucio Costa and Juscelino Kubitschek.

español
El artículo tiene como objetivo abrir perspectivas sobre el interés en la historia de la ciudad de Diamantina como un discurso biográfico y modernista desarrollado por Lucio Costa y Juscelino Kubitschek.


how to quote

ESPIG REGIANI, Luana; URANO, Rafael . Narrativas modernas sobre Diamantina por Lucio Costa e Juscelino Kubitschek. Arquitextos, São Paulo, ano 24, n. 292.02, Vitruvius, set. 2024 <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/24.292/9016>.

“Quando perguntam por que desenvolvi esse sentimento democrático: eu bebi isso no leite, no café, no ar de Diamantina, nas serenatas da minha terra” (1).

Juscelino Kubitschek, 1955

“Aquilo, pra mim foi uma revelação, a pureza daquela arquitetura, fiquei impressionado, foi meu primeiro contato com arquitetura mineira” (2).
Lucio Costa, 1979

A cidade de Diamantina, antigo Arraial do Tijuco, tem uma história que remonta o período colonial brasileiro. Entre os séculos 17 e 18, seguiu uma lógica de formação diferente das demais cidades de Minas Gerais que desenvolveram o povoamento ao longo dos caminhos de mineração. A exceção do Arraial do Tijuco, além da descoberta do diamante no início da década de 1720, foi a adoção de uma formação urbana concentrada (3). Suas igrejas se relacionam com o conjunto se confundindo com o casario, conferindo uma delicadeza peculiar se comparada as demais cidades setecentistas mineiras (4). Com a crise mineradora intensificada a partir da segunda metade do século 19, Diamantina cristalizou-se como um dos testemunhos da ocupação portuguesa, assim como Ouro Preto, Mariana, São João Del Rei e Tiradentes.

Essas cidades foram ressignificadas pelos modernistas brasileiros no século 20 como locais que expunham virtudes de uma construção brasileira que poderia servir de espelho para a identidade nacional. Sobretudo após 1937, com as iniciativas de reconhecimento e proteção unificadas no Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional — Sphan, essas antigas vilas e arraiais foram salvaguardadas em seus conjuntos.

Diamantina tem uma posição especial nessa história por conta de dois narradores ilustres: o político Juscelino Kubitschek, (1902-1976) e o arquiteto Lucio Costa (1902-1998). Kubitschek tem nela o seu berço de nascimento e Costa viajou para realizar estudos na cidade em 1924. Kubitschek, ex-presidente da República, lembrado por sua política desenvolvimentista e construção de Brasília, e Costa, arquiteto apontado como mentor intelectual da arquitetura moderna no país, continuamente em suas carreiras se ampararam na forma de Diamantina e nas suas construções como modo de remontar a uma origem pristina não apenas de suas virtudes pessoais ou profissionais, mas de uma modernidade brasileira nos modos como eles a idealizavam.

A vivência no antigo Arraial, frequentemente lembrada em seus discursos e escritos, também teve uma parte prática, na qual os dois foram participantes contemporâneos nas transformações da cidade. Suas decisões retiveram o aspecto romântico de casario preservado, emanando, no entanto, virtudes diretamente transponíveis para as novas iniciativas que seriam construídas em Diamantina e no Brasil do século 20. Costa via nos elementos construtivos à mostra e na sobriedade dos ornamentos dos edifícios a herança que a tradição, isolada da metrópole portuguesa, garantia à arquitetura moderna através de postulações práticas. Kubitschek, por outro lado, potencializava essa interpretação, associando a ela o exercício político e a candura daqueles que viveram nessas ruas e praças.

Não existe estudo anterior que compare diretamente as visões de Costa e Kubitschek. Sobre o arquiteto, a viagem de 1924 deflagra um processo de paulatina aceitação dos preceitos da arquitetura moderna, que seriam defendidos por Costa sobretudo a partir dos primeiros anos da década de 1930. Guilherme Wisnik afirma que essa viagem “não se trata ainda de sua ‘conversão’ ao modernismo, mas surgem aí duras constatações em relação à prática neocolonial” (5). Essa leitura de um desencanto se refere à insistência no uso de ornamentações pelos arquitetos revivalistas do Rio de Janeiro, círculo no qual se formou Lucio Costa. Diamantina mostraria que a tradição poderia ser desprendida dessas preceptivas. Otávio Leonídio interpreta ainda que o contato com a arquitetura colonial também foi fundamental para a “boa causa” da defesa do patrimônio arquitetônico: “uma causa, aliás, que, desde a primeira viagem à Diamantina havia sensibilizado Lucio Costa; que, portanto, sempre fora sua” (6).

Kubitschek, por sua vez, buscou atrelar-se constantemente ao retrato de progresso carregado de um teor personalista nostálgico. Josanne Simões, aprofundando-se na obsessão imagética do político, afirma que “a apropriação e utilização política do imaginário social só pode ser obtida se assegurada sua difusão e adaptação pelos mecanismos próprios da persuasão, pressão e inculcação de valores e crenças, notadamente a propaganda” (7). Esse nexo utilitarista é replicado por outras interpretações, como Denise Marques Bahia, que delineia a necessidade que as alegorias de Kubitschek enuviem passado e futuro desde sua gestão na prefeitura de Belo Horizonte, entre 1940 e 1945. Sua cidade natal foi um eixo fundamental nessa estratégia.

Esse estudo tenciona abrir perspectivas acerca do interesse da história de uma cidade enquanto discurso. Costa e Kubitschek foram figuras com propensão de se tornarem ideólogos de suas próprias vidas, termo usado Bourdieu em A ilusão biográfica (8) O relato autobiográfico se baseia em “extrair uma lógica ao mesmo tempo retrospectiva e prospectiva” que estabeleça relações inteligíveis entre os estados sucessivos na existência que está sendo narrada. As atitudes do arquiteto e do político podem ser vistas como tentativas de selecionar acontecimentos significativos em sua origem e estabelecer entre eles conexões, instituindo-os como parte das causas de uma trajetória.

O artigo parte dessas noções e revela componentes adicionais que se sobressaem da comparação dos dois personagens sobre Diamantina: primeiro, que a construção da imagem não era somente discursiva, exigindo alguma ação prática, seja burocrática, no caso de Costa e o poder de conservação e intervenção pelo Sphan, e de Kubitschek em sua gestão atenciosa com as demandas de seu berço político e com a posterior inserção de edifícios modernos em harmonia com o tecido original. Essa imagem da cidade foi construída de forma coordenada, ainda que sem um diálogo pessoal direto. Costa e Kubitschek refinaram uma narrativa moderna de Diamantina por meio de seus aparelhos institucionais.

Origem e futuro: Costa e Kubitschek em Diamantina

Há cem anos, Lucio Costa foi a Diamantina, saindo do Rio de Janeiro, como estudante comissionado da Escola Nacional de Belas Artes em uma viagem de estudos que recebeu como prêmio do então diretor José Mariano Filho (9). Costa se hospedou na Rua Direita e nas três semanas que permaneceu na cidade entrou em contato com um passado colonial preservado pelo tempo e pelo isolamento.

Conhecer a arquitetura colonial pelo viés do Arraial do Tijuco significa andar por capistranas (10) e verem reveladas casas e igrejas de pau-a-pique convivendo num gabarito próximo, dialogando com o passadiço da Casa da Glória que conecta um edifício setecentista com um imperial, além de detalhes como muxarabis (11). Pode-se pensar no impacto causado no arquiteto, que mesmo acostumado a longas viagens, estava redescobrindo um passado diverso daquele observado no Rio de Janeiro, já transformado pelas reformas urbanas do início do século 20.

Interessou-lhe sobretudo a arquitetura civil e seus elementos básicos na construção das pequenas casas. “São detalhes esses que convenientemente documentados, muito concorrerão para melhor definir a nossa arquitetura”, estariam neles uma arquitetura genuína, capaz de ecoar em projetos futuros, mas sem estilizar “abacaxis e papagaios” (12). Mesmo que a atitude projetual da segunda metade dos anos 20, ainda marcada por projetos neocoloniais (13), não reflita as assimilações provocadas por Diamantina, as evidências transparecem em seus desenhos da cidade (14), que exaltam detalhes construtivos, e em suas falas:

“Naturalmente será preciso conciliar tais vestígios de uma época passada com o ‘raffinement’ da vida moderna. Surge justamente aí a principal tarefa do arquiteto. É preciso que não se faça uma simples adaptação, nem tão pouco uma inovação com detalhes mais ou menos caricatos” (15).

Lucio Costa, Estudo de beirais de Diamantina, 1924
Foto Luana Espig Regiani [Original exposto na Casa de Juscelino em Diamantina, 2017]

Seriam necessários cerca de cinco anos para que as transformações transpassassem para sua prática profissional e seus textos, como se Diamantina fosse um território de onde irradiam referências capazes de participar da origem das vanguardas. Em 1930, desenhou sua última manifestação eclética-acadêmica e a primeira proposição contemporânea, ambas para a casa Ernesto Gomes Fontes (16). Em seguida, assumiu o cargo de Diretor da Escola Nacional de Belas Artes e promoveu a 38ª Exposição Geral de Belas Artes, ou o Salão de 31, como ficou conhecida a mostra. “Razões da nova arquitetura”, seu conhecido texto no qual declara alinhamento com as vanguardas, foi publicado em 1934. Em 1936, Lucio Costa iniciou o projeto do Ministério da Educação e Saúde, e começou, ao mesmo tempo, o seu trabalho no Sphan. Diamantina foi tombada por este órgão em 1938, um ano após a fundação do Sphan.

No início das atividades do Sphan, Lucio Costa atuava em várias frentes. O projeto para o museu de São Miguel das Missões é dessa época e um bom indicativo de como o arquiteto pensava possíveis intervenções para sítios protegidos: um edifício ao mesmo tempo arrojado, com um espaço de exposição transparente no meio do assentamento jesuíta, mas que também reafirmava e respeitava as dimensões das antigas missões. Em Diamantina, ele se ateve as questões burocráticas e decisórias do patrimônio em torno da conservação. Costa retorna ao município em 1937 junto com Rodrigo Melo Franco de Andrade, Epaminondas Macedo e o restante da comissão responsável pelo tombamento (17) e desde então participa das resoluções referentes à construção de novos edifícios, aos levantamentos e as preservações individuais no antigo Arraial. Como na nota enviada a Epaminondas Macedo, onde o arquiteto elenca pontos a serem observados pelo engenheiro ao realizar o levantamento da cidade, entre eles as igrejas, o mercado, a casa de Chica da Silva, o Colégio das Freiras, a Casa de Muxarabiê e a Casa Kubitschek (18). Anos depois, o jornal Voz de Diamantina, ao falar sobre as benfeitorias do órgão de preservação do patrimônio na cidade, cita praticamente os mesmos pontos relacionados por Lucio Costa (19).

Nos anos 1940, em uma carta enviada pelo prefeito da cidade a Rodrigo Melo Franco de Andrade, nota-se como o arquiteto era uma referência:

“Afim de serem estudados diferentes problemas de nossa Diamantina, subordinados ao parecer técnico do Patrimônio, peço-lhe, com real interesse, sua vinda e a do Dr. Lucio Costa a esta cidade. Além de muito grata, sua visita teria a grande vantagem de firmar cordial cooperação dos construtores e proprietários diamantinenses, facilitando, ainda, uma compreensão indispensável à expansão harmônica da cidade” (20).

O patrimônio, para Lucio Costa, ia além de uma questão pragmática. Foi no Sphan que trabalhou até sua aposentaria, realizou seus despachos, era seu endereço profissional, e onde está seu arquivo mais completo no Brasil (21), onde encontramos inúmeras pastas com suas cartas. Em 1995, Costa organizou e publicou o livro a seu respeito, “Registro de uma vivência”. Em Registro, a forma como o arquiteto organiza suas memórias não segue uma linha temporal, mas acompanha o percurso que desejava autenticar como a sua vivência. Diamantina tem um papel central logo de início. Os textos envolvendo o Sphan, a tradição e Aleijadinho estão no último terço do volume. Entre as duas partes estão Oscar Niemeyer, Brasília e os projetos do período. O fio de sua trajetória passa por elas, mas mantém suas pontas no patrimônio, sendo que Diamantina, na construção extemporânea do autor, foi o seu despertar.

Para Juscelino Kubitschek, Diamantina foi referência constante na carreira política, seja para aplicar seus projetos, para buscar apoio ou para conectá-lo à escala das pequenas cidades e seus habitantes. Sua associação com o antigo arraial foi determinante para aproximá-lo do interior, do homem do interior. Kubitschek logra para si a identificação com esse homem brasileiro, no reconhecimento das origens simples e interioranas, na crença em um futuro promissor: “se pode considerar a possibilidade aberta por sua história de vida que permitia criar laços de identificação, e mesmo de aspiração, com a grande maioria da população: o exemplo vitorioso de luta pela sobrevivência e ascensão social” (22).

Kubitschek nasceu em um sobrado na Rua Direita em 1902. Ainda criança, se mudou para a rua São Francisco. Pouco depois, o pai faleceu. O filho da professora Julia deixou a cidade natal para estudar e trabalhar em Belo Horizonte. Trabalhava como telegrafista e estudava para ser médico. Já formado, iniciou sua carreira política. Assumiu seu primeiro cargo como secretário da Interventoria de Minas Gerais em 1933. O início de sua atuação pública coincide com a morte do senador Olímpio Mourão, líder político de Diamantina, e Kubitschek aproveita o fato para iniciar a consolidação de uma base na cidade natal.

Na campanha para deputado federal, Juscelino iniciou uma prática que o acompanharia em toda a carreira: percorreu todos os distritos do município, conversando tanto com chefes locais quanto com moradores, algo incomum na tradicional política diamantinense (23). Perdeu na cidade, mas ganhou nos distritos e na zona rural e foi eleito com a maior votação para deputado federal no estado, mostrando que a tática deu certo. Nos anos seguintes, nas eleições municipais de 1936, elegeu onze dos quinze vereadores distritais e o amigo Joubert Guerra como prefeito de Diamantina (24). Foi o início de uma hegemonia que fez dos candidatos apoiados por Kubitschek vitoriosos por mais de três décadas no Arraial (25). O ex-presidente exerceu seu primeiro mandato político até o final de 1937, quando ocorreu o golpe do Estado Novo. Em 1940, Kubitschek foi convidado a assumir o cargo de prefeito de Belo Horizonte. As suas iniciativas arrojadas como governante da capital mineira, incluindo as construções na Pampulha, lhe deram grande visibilidade e ajudaram a firmar sua imagem de “realizador confiável” (26). Quando se elege governador do Estado em 1950, o apoio a Diamantina se intensifica:

“Nenhum de nós, meus caros amigos de Diamantina, terá deixado de sentir a cada instante […]´a presença desta cidade no mais fundo do nosso coração. […] Este não é um retorno, porque na verdade sempre estive aqui e sempre me preocuparam os destinos da minha cidade e dos meus caros conterrâneos. Venho a Diamantina para trazer-lhe de novo o testemunho do meu reconhecimento e da minha afeição” (27).

No governo estadual mineiro, pela visão de Kubistchek, o progresso seria baseado no planejamento racional das ações governamentais e das potencialidades geradas pela ciência e pela técnica, consolidadas pelas realizações do binômio energia e transporte. Nesse sentido, a modernização chegava aos habitantes também através de projetos de equipamentos públicos.

Nesse período, Diamantina contava com 56.025 habitantes e representava a distribuição mineira entre o urbano e o rural: do total de seus habitantes, apenas 17,56% habitavam no perímetro urbano, número próximo do estadual, 18,53% e condizente com o nacional, 24,95% (28). Portanto poderia ser vista como um padrão e possuía uma justificativa para ser escolhida como o lugar do ensaio de uma modernidade.

Kubitschek, que havia iniciado a parceria com Oscar Niemeyer na prefeitura de Belo Horizonte com os projetos para a Pampulha, continua contando com o arquiteto no governo de Minas. Diamantina é uma escolha natural para a aplicação do modelo que traduz em edificações e estradas a modernização das pequenas e longínquas cidades. Entre diversas obras, além de asfaltar a estrada que liga Diamantina a Curvelo, e essa a Belo Horizonte, o então governador encomenda cinco projetos para Niemeyer: a Sede Social do Diamantina Tênis Clube, o Hotel de Turismo (29), o aeroporto, a Faculdade de Odontologia (30) e o Grupo Escolar Júlia Kubitschek (31). Os projetos demonstram a ideia de renovação e os programas escolhidos vão de encontro a proposta do governo, aplicada na sua cidade de origem e com o respaldo da arquitetura moderna. Cabe ressaltar que, de acordo com “Quatro anos no governo de Minas Gerais 1951-1955: a síntese das realizações do governador Juscelino Kubitschek de Oliveira”, foram construídos mais de uma centena de prédios escolares em Minas Gerais (32), mas além do Colégio Estadual Central, em Belo Horizonte, apenas o de Diamantina foi projetado por Niemeyer. Além disso, das cidades mineiras tombadas, apenas Diamantina recebeu tantas intervenções modernas financiadas pelo estado.

“Se, para o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, tais projetos serviam para mostrar que estar a favor da preservação da cidade não significava, necessariamente, estar contra as ideias de ‘progresso’ e ‘modernidade’; para Juscelino Kubitschek, eles representariam a tradução mais perfeita de seu plano político para o estado e para o país, aplicado em sua cidade natal. Diamantina tornou-se, assim, um território para experimentações modernistas” (33).

Três dos edifícios projetados por Niemeyer foram construídos dentro do perímetro tombado pelo Sphan: o hotel, a faculdade e o grupo escolar. O clube estava no limiar. A subordinação das intervenções na área convencionada como histórica para anuência do Serviço ocorria desde o início do processo de tombamento em 1938 e inúmeros foram os casos polêmicos (34). Porém, as obras desenhadas por Niemeyer a pedido de Kubitschek não só foram autorizadas, como também o Sphan possuiu um papel fundamental na viabilização e acompanhamento de suas construções. O arquivo do Sphan é a principal fonte de documentos sobre os projetos e através dele constata-se o entremeio institucional que viabilizou as intervenções, são diversos telegramas do governador, fotografias, documentos técnicos e ofícios (35). Como o de 21 de outubro de 1953 no qual Lucio Costa assina estar de acordo com as informações passadas por José Souza Reis com as atualizações dos projetos em Diamantina (36). A estrada do político, do arquiteto e da cidade correm em paralelo.

A imagem da cidade e do homem são associadas a palavras e edifícios, mas também a fotografias. Chichico Alkmim, tradicional fotógrafo diamantinense, atuou no período que coincide com o recorte em estudo: abriu seu estúdio em 1912 e encerrou suas atividades em meados de 1950 (37). Alkmim registrou a Diamantina da juventude de Kubitschek, passando pela viagem de Costa, o início da atuação do Sphan e a construção dos projetos de Niemeyer. Fotografou a cidade suspensa entre o passado colonial e as intervenções modernas e registrou sobretudo seus habitantes. Os rostos e os cenários são enquadrados pela fotografia e ajudam a traduzir os discursos do político e do arquiteto.

Na fotografia acima, vê-se uma cena na praça Antônio Eulálio. Em primeiro plano, estão os meninos que se diferenciam entre os que tem os pés vestidos ou descalços, um importante traço de classe do período. Juscelino Kubitschek contava pertencer ao segundo grupo, se encaixando nos personagens que compõe a maioria da imagem: “não podia comprar livros, não podia comprar sapatos! Andava descalço, tudo isso” (38). A foto é de 1924 e poderia ser uma passagem vista por Lucio Costa no primeiro contato com a cidade. Nela podemos perceber os elementos arquitetônicos que chamaram sua atenção: os arcabouços de madeira, a vedação em taipa de mão, os cachorros e beirais, as sombras que sugerem o colorido dos sobrados.

Para entender melhor o que era caro a Costa, pode-se valer também das imagens registradas por outro fotógrafo: Erich Hess. Hess foi o primeiro colaborador fotógrafo do Sphan e sua viagem inaugural a serviço da Secretaria foi para Diamantina em 1938:

“Mandava-me então, o Diretor […] documentar fotograficamente as relíquias históricas e artísticas de Minas; e gosto de recordar que, das instruções que recebi para a tarefa, constavam desenhos do punho do Mestre Lucio Costa, onde se especificavam detalhes de monumentos ou obras de arte que deviam ser fotografados minuciosa e especialmente” (39).

Erich Hess foi incumbido de registrar pontos como o Colégio Nossa Senhora das Dores, o mercado, os balaústres, as imagens, mobiliário e pintura dos forros nas igrejas, os beirais, os conjuntos de casas e em especial a casa do senhor Smith e a casa da rua Direita, da família Kubitschek (40). Acredita-se que a casa da rua Direita em questão é a que pertenceu ao avô de Kubitschek e onde nasceu o ex-presidente.

Em um outro documento, de 1941, novamente Costa envia indicações de vistoria e inclui a “Casa Kubitschek” no seu pedido, dessa vez a Epaminondas Macedo (41). Não fica claro se seria a da rua Direita ou a da rua São Francisco. No entanto, confirma o indicativo de que Costa já estava atento para o fato de que um político importante era filho daquela cidade, o que justificaria o registro de suas origens. Ademais, na história de Kubitschek, a casa que se consolidou como um ícone de sua trajetória é a da rua São Francisco, onde morou com a mãe e a irmã até sair da cidade e que fazia questão de visitar nas suas idas a Diamantina. Constatando o reconhecimento como símbolo da carreira do então presidente, a casa da rua São Francisco foi vistoriada oficialmente pelo Sphan em 1957 (42).

Observamos assim que, na construção modernista de Diamantina, as alusões tendem a acontecer através de elementos como a casa, os detalhes da arquitetura colonial e seus moradores e passageiros, convergindo para o protagonismo intrínseco da cidade como um todo. A viagem a Diamantina é considerada por Erich Hess sua descoberta como fotógrafo e mais uma vez o antigo Arraial do Tijuco assume o papel de alumbramento que lhe atribuíam Costa e Kubitschek. Ele ressalta as fotografias do mercado e a primeira vez que vê as procissões “enormes, subindo lá pelo alto das igrejas, passavam pela cidade” (43). É pertinente notar a diferença nos registros de Alkmim, personalidade local que tende a capturar cenas pausadas, como a do desfile na rua Direita e Hess, estrangeiro e viajante, para quem tudo era novo e que observa a procissão a distância. No entanto, assim como Juscelino Kubitschek e Lucio Costa, a oposição das visões do nativo e do forasteiro acabam sendo atraídas para uma imagem similar, emoldurada pela morfologia da cidade.

Rua Direita, Diamantina, entre 1910‐1932
Fotógrafo Chichico Alkmim [Acervo Instituto Moreira Salles]

Cenas de uma procissão passando pelos arredores da rua da Grupiara, Diamantina
Fotógrafo Erich Hess, 1938 [Acervo Iphan]

É para esse lugar que Niemeyer estava desenhando, traduzindo em edifícios as crenças e expectativas de Kubitschek e Costa. Para auxiliá-lo, mais um fotógrafo: Assis Horta. Complementando as questões levantadas por Erich Hess e participando do cenário local que já contava com Chichico Alkmim, Horta foi, desde 1937, o profissional diamantinense contratado pelo Sphan para registrar as demandas do patrimônio na localidade (44). É seu o panorama onde podemos observar Diamantina pouco antes das intervenções modernas, com os terrenos que receberiam os projetos ainda vagos.

Panorama de Diamantina, 1948
Elaboração da autora sobre original de Assis Horta [Exposição no Museu do Diamante em Diamantina, 2017]

Na vista aérea percebemos o núcleo colonial denso, mas um olhar mais atento nos mostra que existiam espaços para novas intervenções. Encontrar essas brechas, determinar e viabilizar o que seria construído — ou preservado, foi o papel que coube a Juscelino Kubitschek e Lucio Costa. Já na narrativa que escreveram em suas biografias, Diamantina preencheu com maestria os espaços de origem — seja natal ou profissional, e de proposta para o futuro: intervenções coordenadas com o estado, o patrimônio e as vanguardas.

Vista aérea de Diamantina com destaque para a Escola Júlia Kubitschek, 2019
Foto Michel Becheleni [Acervo Rupestre Imagens]

Vista aérea de Diamantina com destaque para o Hotel Tijuco, 2019
Foto Michel Becheleni [Acervo Rupestre Imagens]

Considerações finais

No último dia de sua viagem em 1924, Lucio Costa escreve no verso do recibo do hotel: “Como é triste partir. Partir est mourir um peu… Adeus Diamantina” (45). O arquiteto fala sobre o passeio final, quando caminha pela cidade e vê o entardecer da torre da igreja do Carmo. São anotações genuínas, distantes da consciência do que representaria aquela estadia. Já Juscelino Kubitschek afirmava que “como todo edifício tem um alicerce, minha vida também teve seu alicerce […] numa cidade pequena, longínqua, no norte de Minas: Diamantina” (46).

A cidade é o registro narrativo de um específico tratamento entre discurso falado, ação executiva e imagem, entremeando-se as ideologias de tradição e progresso dentro de um pequeno município do interior no auge do desenvolvimentismo. Se a partir dos anos 1920 Diamantina é associada a uma idealização da memória nacional, através da questão patrimonial e da referência para os fundamentos coloniais do modernismo, com as intervenções dos anos 1950 há uma expansão da cidade como protagonista na discussão do passado e do futuro conectados por atitudes políticas. Uma proposta de vanguarda aplicável nos pequenos municípios, grande maioria nacional com as quais os brasileiros se identificam, sendo parte importante de um ideário de novas cidades que o modernismo criou para o país, para além de Brasília.

Juscelino Kubitschek e Lucio Costa constroem uma narrativa com base numa cidade, que culmina em outra. Em “Ingredientes da concepção urbanística de Brasília”, o arquiteto cita alguns pontos: os eixos e as perspectivas de Paris, os grandes gramados ingleses, os terraplenos e arrimos chineses, as autoestradas e os viadutos americanos e — Diamantina (47). Ora, se no mesmo texto afirma que a capital é uma concepção “original, nativa e brasileira” e o único elemento nacional na lista é Diamantina, pode-se inferir que ele “não apenas reforça a ideia da originalidade nativa, mas também a do gênio nacional, capaz de — com base em simples experiências perceptivas e de determinadas condições materiais, sociais e temporais locais — dar as respostas mais criativas e surpreendentes” (48). Se Minas Gerais foi uma escolha dos modernistas, o antigo Arraial do Tijuco foi uma escolha feita por Costa e Kubitschek dentro de Minas. Não por acaso, a nova capital foi realizada por um diamantinense e projetada por um funcionário do órgão de proteção do patrimônio histórico, capaz de compreender Diamantina como uma alegoria moderna e política.

notas

NE — Este artigo foi originalmente apresentado como REGIANI, Luana Espig; FRAJNDLICH, Rafael Urano. A ideologia de Diamantina por Lucio Costa e Juscelino Kubitschek. V Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo — V Enanparq, v. 1, Salvador, out. 2018, p.1-10.

1
KUBITSCHEK, Juscelino. Juscelino Kubitschek I (depoimento, 1974). Rio de Janeiro, CPDOC, 1979, p. 4.

2
COSTA, Lucio. Entrevista: Lucio Costa. Revista Pampulha, n. 01 1979, Belo Horizonte, Caminho Novo Empresa Jornalística e Panela/Instituto dos Arquitetos do Brasil, Seção Minas Gerais, p. 16.

3
INCLUIR NOTA

4
D’ASSUMPÇÃO, Lívia Romanelli. Diamantina: uma formação urbana original. Revista Barroco, n. 17, São Paulo, 1993, p. 230.

5
WISNIK, Guilherme. Plástica e anonimato: modernidade e tradição em Lucio Costa e Mário de Andrade. Novos estudos Cebrap [online], n. 79, 2007, p.169-193.

6
LEONIDIO, Otavio. Carradas de razões. Lucio Costa e a arquitetura moderna brasileira (19241951). Tese de doutorado. Rio de Janeiro, DAU PUC Rio, 2005, p. 195.

7
SIMÕES, Josanne Guerra. Sirênico Canto: Juscelino Kubitschek e a construção de uma imagem. Belo Horizonte, Autêntica, 2000, p. 12.

8
BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta de Moraes. Usos e abusos da história oral. 8ª edição. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2006, p. 184.

9
Lucio Costa foi até Diamantina comissionado pela Sociedade Brasileira de Belas Artes. A viagem estava dentro do programa que pretendia organizar um estudo dos motivos arquitetônicos do Brasil colonial. Com a mesma iniciativa, Nestor de Figueiredo foi a Ouro Preto, Nereu Sampaio a São João Del Rei e Congonhas do Campo e Ângelo Bruhns a Mariana NATAL. Cf. MENEGUELLO, Caion. Da casa de barro ao palácio de concreto: a invenção do patrimônio arquitetônico no Brasil (19141951). Tese de doutorado. Campinas, IFCH Unicamp, 2013.

10
Características de Diamantina, capistranas são trilha de lajes empedradas colocadas para passeio no meio das ruas.

11
COSTA, Lucio. Lucio Costa: registro de uma vivencia. 2ª edição. São Paulo, Empresa das Artes, 1997, p. 27.

12
COSTA, Lucio. Considerações sobre o nosso gosto e estilo. A Noite, Rio de Janeiro, 18 jun. 1924, p. 1.

13
Destaque para os projetos neocoloniais não construídos do pavilhão brasileiro na Exposição da Filadélfia de 1925 e da embaixada da Argentina de 1928.

14
São conhecidas doze ilustrações: registros a lápis de fechaduras, balaústres, portas, janelas, púlpitos e beirais, além das aquarelas que mostram, em cores, representações da perspectiva interna da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, da externa do passadiço do antigo Colégio Nossa Senhora das Dores e de uma via, provavelmente o Beco da Tecla. Cf. REGIANI, Luana Espig. Diamantina e o percurso da arquitetura moderna: Lucio Costa, Juscelino Kubitschek — e Oscar Niemeyer. Dissertação de mestrado. Campinas, FEA Unicamp, 2019, p. 32.

15
COSTA, Lucio. Considerações sobre o nosso gosto e estilo (op. cit.), p. 1.

16
COSTA, Lucio. Casa E. G. Fontes. In Lucio Costa: registro de uma vivência. 2ª edição. São Paulo, Empresa das Artes, 1997, p. 55.

17
Na carta enviada a Mario de Andrade em 19 de fevereiro de 1938, Rodrigo comenta a viagem. Cf. ANDRADE, Maria de (org.). Mario de Andrade Rodrigo M. F. de Andrade: correspondência anotada. São Paulo, Todavia, 2023, p. 245-247. Nos anos 1970, uma nota no jornal Voz de Diamantina faz menção a viagem. Cf. Propriedade da Associação do Pão de Santo Antônio. Voz de Diamantina, ano 69, n. 3, 14 out. 1973, p. 4.

18
COSTA, Lucio. Indicações do dr. Lucio Costa para a inspeção a ser realizada em Diamantina pelo dr. Epaminondas Macedo, sem data, Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Rio de Janeiro, Arquivo Central do Iphan/Seção Rio de Janeiro — Série Inventário, MG Pasta 3, Cx. 25.

19
“Além da casa do Pe. Rolim, a Dphan realizou em Diamantina a reconstrução do Mercado Municipal e do Colégio N. S./ das Dôres, das igrejas do Amparo, Mercês, Bomfim; a igreja de Sant’Ana do Inhai, no distrito do mesmo nome; a da casa Colonial n. 47, à rua Francisco Sá, que se destina ao futuro Museu de Diamantina”. Diamantina: Semanário independente, registrado no Departamento de Imprensa e Propaganda. Voz de Diamantina, ano 9, n. 25, 19 mai. 1946, p. 4.

20
FIGUEIREDO, Luiz Kubitschek. Carta do prefeito de Diamantina para Rodrigo de Melo Franco, 24 mar. 1941, prefeito Luiz Kubitschek de Figueiredo. Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Arquivo Central do Iphan/Seção Rio de Janeiro — Série Obras. Pasta 478, Cx. 105.

21
Em 2021, o arquivo pessoal de Lucio Costa foi doado pela sua família para a Casa da Arquitectura — Centro Português de Arquitectura, localizada em Matosinhos, Portugal. Assim, o arquivo institucional do arquiteto disponível no Arquivo Central do Iphan — Rio de Janeiro é o mais completo a seu respeito em terras brasileiras.

22
SIMÕES, Josanne Guerra. Op. cit., p. 51.

23
MARTINS, Marcos Lobato. “Quem é rei nunca perde a majestade”? JK na política de Diamantina no período 934-1970. Mneme — Revista de Humanidades, v. 18, n. 41, 16 ago. 2018, p. 130-162.

24
Cf. KUBITSCHEK, Juscelino. Meu caminho para Brasília. Volume 1. Rio de Janeiro, Bloch Editores, 1974.

25
Cf. MARTINS, Marcos Lobato. Op. cit.

26
Idem, ibidem.

27
A Estrela Polar, ano LI, n. 19, Diamantina, 17 mai. 1953, p. 1.

28
Dados com referência no Censo Demográfico de 1º VII 1950, realizado pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística — Conselho Nacional de Estatística <https://bit.ly/3VTnIRj>.

29
Em 1972, o Hotel de Turismo mudou o nome para Hotel Tijuco.

30
A primeira versão do projeto da Faculdade de Odontologia foi feita pelo arquiteto Raimundo Nonato Veloso, porém Kubitschek pediu para que Oscar Niemeyer interferisse no projeto. Cf. REGIANI, Luana Espig. Op. cit., p. 127-132.

31
O hotel, a sede social e a escola foram realizados, já o aeroporto não foi construído e existem ressalvas em relação a autoria do projeto da Faculdade de Odontologia, como comentado na nota anterior. Cf. REGIANI, Luana Espig. Op. cit.; CALDAS, Bruno Tropia. Velho Tejuco moderno: A presença da arquitetura de Oscar Niemeyer em Diamantina — MG. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro, FAU UFRJ, 2014 e MACEDO, Danilo. A matéria da invenção: criação e construção das obras de Oscar Niemeyer em Minas Gerais. 1938-1954. Dissertação de mestrado. Belo Horizonte, PPGAU EA UFMG, 2002.

32
Cf. Quatro anos no governo de Minas Gerais 1951-1955: síntese das realizações do governador Juscelino Kubitschek de Oliveira. Rio de Janeiro, José Olympio,1959 e JK, seus ministros e colaboradores — Guia de Fundos, Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil — CPDOC <https://bit.ly/4iH60dH>.

33
GONÇALVES, Cristiane Souza. Experimentações em Diamantina. Um estudo sobre a atuação do SPHAN no conjunto urbano tombado 1838-1967. Tese de doutorado. São Paulo, PPGAU FAU USP, 2010, p. 158.

34
Para mencionar alguns exemplos: as questões envolvendo a demolição do mercado, a construção do novo edifício dos Correios e da Rodoviária. Cf. REGIANI, Luana Espig. Op. cit. e GONÇALVES, Cristiane Souza. Op. cit.

35
REGIANI, Luana Espig. Op. cit., p. 107-161.

36
REIS, José de Souza. Informação n. 245 ao diretor, Rodrigo Melo Franco de Andrade, em 19 out. 1953. ACI/RJ-SO, Pasta 482, Cx. 106.

37
Cf. FERRAZ, Eucanaã (org.). Chichico Alkmim: fotógrafo. São Paulo, Instituto Moreiras Salles, 2017.

38
OLIVEIRA, Juscelino Kubitschek de. Juscelino Kubitschek II (depoimento, 1976). Rio de Janeiro, CPDOC, 1979.

39
HESS, Erich Joachim. Isto é o Brasil!. São Paulo, Melhoramentos, 1959, p. 40.

40
Arquivo Central do Iphan. Rio de Janeiro. Caixa Memória Oral. MO-12_EJH. Eric Joachim Hess.

41
COSTA, Lucio. Indicações do dr. Lucio Costa para a inspeção a ser realizada em Diamantina pelo dr. Epaminondas Macedo, sem data, Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. In Arquivo Central do Iphan/Seção Rio de Janeiro — Série Inventário. MG Pasta 3, Cx. 25.

42
Arquivo Central do Iphan/Seção Rio de Janeiro — Série Obras, Pasta 579, Cx. 198.

43
HESS, Erich Joachim. Entrevista com Erich Joachim Hess (depoimento, 1983). In GRIECO, Bettina Zellner (org.). Entrevista com Erich Joachim Hess. Rio de Janeiro, Iphan DAF Copedoc, 2013 (Memórias do Patrimônio, 3).

44
Contratado pelo próprio Rodrigo Melo Franco de Andrade quando este, na visita antes do tombamento. Prestou serviços ao Sphan como freelancer até 1945, quando foi contratado oficialmente como funcionário do Patrimônio. Suas atribuições incluíam levantamentos fotográficos, medições, pesquisas nas documentações das ordens religiosas e até o desenvolvimento de croquis para os processos de tombamento. Cf. SILVA, Cleber Soares da. O olhar de Assis Horta: tradição e dignidade em retratos de operários. Dissertação de mestrado. Juiz de Fora, PPGACL UFJF, 2017 <https://bit.ly/41NjNcp>.

45
COSTA, Lucio. Verso do recibo do Hotel Roberto. Diamantina, 1924. Consultado no antigo acervo Casa de Lucio Costa, hoje pertence ao acervo da Casa da Arquitectura.

46
OLIVEIRA, Juscelino Kubitschek de. Juscelino Kubitschek II (depoimento, 1976). Rio de Janeiro, CPDOC, 1979.

47
Cf. “Ingredientes” da concepção urbanística de Brasília. In COSTA, Lucio. Lucio Costa: registro de uma vivência. 2ª edição. São Paulo, Empresa das Artes, 1997, p. 282.

48
SCHLEE, Andrey Rosenthal. Lucio Costa: o senhor da memória, In LEITÃO, Francisco. (org.). Brasília 1960 2010: passado, presente e futuro. Brasília, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, 2009, p. 11-16.

sobre os autores

Luana Espig Regiani é doutoranda em História pelo IFCH Unicamp e pesquisadora visitante em Harvard, com apoio da Fapesp. Mestra em Arquitetura, Tecnologia e Cidade pela Unicamp (2019) com a dissertação Diamantina e o percurso da arquitetura moderna — Lucio Costa, Juscelino Kubitschek e Oscar Niemeyer, e possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela mesma instituição (2016).

Rafael Urano Frajndlich é professor associado de teoria, história e projeto de Arquitetura e Urbanismo na Unicamp. Desenvolve pesquisas sobre arquitetura moderna brasileira, com ênfase no século 20. Desde 2020, dedica-se a aprofundar estudos de redes transnacionais de arquitetura e política produzidas no Brasil, sobretudo nas redes de Oscar Niemeyer e Juscelino Kubitschek.

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